Patadas y Gambetas

Por que Sampaoli voltou a insistir em Higuaín?

Tales Torraga

E Gonzalo Higuaín está de volta à seleção argentina. Depois de ser afastado da equipe nacional na primeira convocação do técnico Jorge Sampaoli, o atacante da Juventus foi chamado para os próximos dois amistosos da Argentina – contra a Itália (próximo dia 23, em Manchester) e contra a Espanha (27, em Madri).

Higuaín, Sampaoli e a dívida a ser quitada – Pagina Uno/Reprodução

Higuaín foi sacado por Sampaoli por conta da sua falta de interesse em defender a seleção naquele momento – estamos falando de nove meses atrás, quando o técnico acabara de assumir. O atacante é um dos mais criticados pelos argentinos, e a razão é muito fácil de entender. Muitos põem nas suas costas todo o peso das três derrotas da seleção nas finais contra Alemanha e Chile (duas). Higuaín perdeu gols tidos como fáceis nas três decisões. A forma física do atacante é também motivo de muita chacota em Buenos Aires. Costuma-se dizer maldosamente que ele ''tem uma pizza tatuada na barriga'', em razão do seu biotipo rechonchudo.

Sampaoli considerou que o melhor a fazer naquele momento, nove meses atrás, era deixar Higuaín tranquilo para seguir sua carreira na Juventus. Caso ele voltasse a sentir vontade de defender a seleção, seria tido em consideração, como agora.

Ambos se encontraram em janeiro, e Higuaín deu o seu ok – tanto na conversa quanto em campo. Nas semanas seguintes à conversa entre os dois, Pipita marcou espantosos oito gols em cinco jogos. Na Champions, alcançou o doblete mais rápido da história ao vazar o Tottenham duas vezes em apenas oito minutos. Poderia marcar mais um, pois perdeu um pênalti.

O discurso de Sampaoli em sua conversa com o atacante foi muito simples: a Copa do Mundo da Rússia deve ser a última não só de Lionel Messi, mas também de Di María, Agüero, Romero, Mascherano e do próprio Higuaín. Uma das formas de motivar os seus medalhões é colocar o próximo Mundial como uma revanche pessoal para todos eles. Nada que deixe Sampaoli imune às críticas. Buenos Aires amanheceu nesta sexta (2) com o ex-jogador Daniel Bertoni nas rádios dizendo que ''os convocados são sempre os mesmos e que a seleção é um clube de amigos''.

Amigos do bom futebol, é o que rebatem. Higuaín, ao menos nos números, é um dos maiores goleadores argentinos de todos os tempos. Somando clubes e seleção, já acumula 310 gols na carreira e acaba de entrar no ''top 10'' dos artilheiros do país, superando Hernán Crespo. Suas próximas metas são Ángel Labruna, ídolo do River nas décadas de 40 e 50, com 338, e Diego Armando Maradona, com 346.