Cheirei cocaína no peito do meu pai morto, conta ex-atacante da seleção
Tales Torraga
Um dos livros mais vendidos em Buenos Aires neste começo de 2018 fala de futebol: é ''Este Soy Yo'', a autobiografia de Claudio ''Turco'' García, explosivo atacante do Racing e da seleção argentina nos anos 90. A obra é repleta de drama e traz uma narrativa crua e detalhada sobre sua luta para deixar de cheirar cocaína.
Campeão com a Argentina na Copa América de 1991 e 1993 – até hoje o último título da azul e branca -, García ficou frustrado ao não ir para o Mundial de 1994 e mergulhou fundo no hábito iniciado aos 15 anos. Só largou a droga de vez em 2008.
O livro tem partes estarrecedoras, como esta:
''Quando meu pai morreu, fiquei tão mal que comprei 30 gramas de cocaína e cheirei na frente de todo mundo no velório. Cheirei no peito do meu pai e lhe disse: 'Gordo f…. da p…, vou cheirar até 4 da manhã, mas não é por culpa sua''.
''Estava triste e cheirava por isso. Quando fecharam o caixão, eu estava muito louco, e fiquei ainda mais violento. Tentei bater nas pessoas que tinham que levá-lo, e eu e meus irmãos saímos na mão por isso em pleno velório. Foi um papelão.''
Lançado pela Planeta, a maior editora da Argentina, ''Este Soy Yo'' tem 216 páginas e pode ser comprado aqui. Custa cerca de R$ 50.
É leitura recomenda também na percepção de que é possível derrotar o vício mesmo nos casos mais descontrolados.
''As pessoas que agora sabem da minha experiência podem saber também que quando alguém quer, pode. A vida não é só de coisas fáceis, porém tampouco é de coisas difíceis quando alguém se propõe.''
O click de García ocorreu em 2006, quando foi chamado para ser técnico de um time pequeno do interior da Argentina, o Juventud de Venado Tuerto. O descontrole e a nova profissão eram obviamente incompatíveis, e ele aos poucos foi se recuperando até desempenhar a função que exerce hoje, a de olheiro do Racing.
García está com 54 anos e vive nas TVs e rádios contando suas histórias.
Explosivo, ele vivia trocando socos e chutes com os zagueiros. Mas corria demais e tinha um excelente cabeceio. Ficou famoso pela comemoração de um gol seu – de cabeça – em um Racing x Independiente de 1993: simplesmente abaixou o calção e mostrou o traseiro para a torcida do Independiente por longos segundos.