O que está por trás da volta de Higuaín à seleção?
Tales Torraga
Gonzalo Higuaín e Jorge Sampaoli enfim se acertaram, e Pipita vai voltar a ser convocado para a seleção argentina. Sua presença na Copa do Mundo da Rússia é certa. Ele só não vai disputar o Mundial se sofrer alguma contusão. Depois de seis meses, sua relação com os jogadores e com Sampaoli foi refeita e é, hoje, positiva.
Lembramos: Higuaín foi convocado por Sampaoli para os primeiros amistosos do seu ciclo, contra Brasil e Cingapura, em junho. Ele jogou muito mal contra o Brasil e foi afastado do compromisso seguinte. Recém-chegado, o técnico detectou que o atacante estava saturado da seleção – por isso houve tantos testes com jogadores que não vinham sendo convocados, como Benedetto e Icardi, para ficarmos só em dois nomes. O combinado entre Sampaoli e Higuaín era o famoso ''dar um tempo''. O elétrico técnico é um admirador do futebol de Higuaín, mas reconhece como ninguém que deixá-lo à vontade seria o melhor. Há uma massiva hostilização argentina contra Pipita, castigado verbalmente de maneira cruel até hoje pelos seus eternos gols perdidos na final contra a Alemanha e nas duas derrotas para o Chile.
O contato telefônico entre Sampaoli e Higuaín é constante. Os dois são usuários pesados de tecnologia e trocam longas mensagens de áudio por WhatsApp. E na semana passada, de maneira definitiva, Higuaín deu o seu ok a Sampaoli para ser convocado para os amistosos de março, diante de Itália e Arábia Saudita. A preparação final da seleção do Pelado Sampa será em maio e junho, com partidas já acertadas contra Bolívia (na Bombonera) e Israel (em Barcelona).
A atualidade de Higuaín na Juventus é muito boa – em se tratando de clubes, ele, de fato, é um goleador do qual só os muito exigentes têm algo a criticar. Nesta temporada, em 18 jogos, Higuaín marcou 11 gols. Na última, foram 32 em 55 jogos. Sua média geral defendendo Real Madrid, Napoli e Juve é de 0,60 gol por partida – é um número positivo em qualquer período da história.
As estatísticas de Higuaín pela seleção tampouco são ruins: são 32 gols em 69 jogos (0,46 de média), quinto maior artilheiro, empatado com Maradona.
Além da motivação particular de Pipita, o que condiciona sua volta à seleção é o carinho que os demais jogadores têm por ele. Messi, Mascherano, Di María e Agüero tomam o Mundial da Rússia como a última chance de ganhar uma Copa com a seleção. E este sentimento de revanche, algo tão forte na cultura argentina, mobiliza todos eles nas novas boas-vindas a Higuaín – talvez o jogador que mais vai se alimentar deste espírito. Mais que vencer os rivais, eles já destinaram o alvo. Querem vencer os críticos argentinos que infernizaram suas vidas nos últimos anos.