O Lanús é o pior adversário para o Grêmio
Tales Torraga
O blog escreveu em 6 de fevereiro que ''o Lanús era o argentino mais perigoso desta Libertadores''. Quase nove meses depois, eis que a pequena equipe do sul de Buenos Aires deixou a cara de campeão do River no chão, na semifinal argentina mais surpreendente já vista por aqui, mais até que o Boca-River de 2004.
O River vai reclamar para sempre – e com razão – dos pênaltis não-marcados tanto em Lanús quanto na ida, mas deixemos Núñez chorar em silêncio e tranquilo. Ya tá.
A hora é de traçar o que este Lanús pode oferecer de perigo ao Grêmio na decisão da Libertadores, e a resposta é muito simples: trata-se de um adversário pior para o tricolor gaúcho até que o próprio River Plate.
A principal razão tem a ver com o palco da finalíssima. Ante o River, a decisão Brasil x Argentina seria em Porto Alegre. Mas o Lanús vai decidir a Copa em casa contra os gremistas, numa Fortaleza bélica que bagunçou a cabeça do badalado e experiente River de maneira que ninguém esperava.
(Esta virada do Lanús é um sinal de que o Grêmio corre risco ante o Barcelona?
No lo creemos…)
Um time argentino não perde a Libertadores jogando a decisão em casa desde 1979, quando o Olimpia tirou a taça do Boca. Antes disso, só em 1963, com o Santos de Pelé em cima do mesmo Boca, que um argentino deixou a Libertadores escapar em seu país. O cálculo contrário é aterrador: os argentinos ganharam nove das 11 finais que fizeram com a decisão ocorrendo em seus domínios.
E não dá, claro, para limitar o Lanús apenas à sua casa.
O time tem um goleiro excelente. Zagueiros um pouco instáveis, é verdade, mas que souberam segurar as pontas quando preciso. A virada descomunal do 0x2 para o 4×2 é um sinal claro de que o time tem poder de fogo e, mais do qualquer outra coisa, uma raça admirável mesmo para o altíssimo padrão de huevos argentinos.
Pepe Sand e Laucha Acosta, a dupla de atacantes, pode ser considerada hoje a melhor da Argentina. Foram capazes de superar um River que atuou com um matador só, Scocco, que teve o azar de falhar pelo menos três chances claras para decretar o terceiro gol que consolidaria a vaga.
Méritos também a Jorge Almirón, técnico do Lanús, que conduziu os 180 minutos da semifinal de maneira mais eficiente que Marcelo Gallardo – e que esta polêmica derrota não apague tudo o que ele fez de bom nesses três anos à frente do River.
O River realmente morreu no segundo tempo – essa é a grande verdade.
Somando os 180 minutos da semifinal, a equipe foi amplamente superada pelo Lanús durante uns 20, se tanto – o suficiente para a emocionante definição.
Fica a lição ao Grêmio.
(E três torcedores do River foram linchados e correm risco de morrer. O jogo de Lanús teve clima de guerra e total cheiro de desgraça. A Argentina não aprende.)