Galã, técnico do Racing faz mais sucesso fora que dentro de campo
Tales Torraga
Diego Cocca, 45, é desconhecido no Brasil – bem ao contrário da Argentina. O técnico do Racing que hoje visita o Corinthians em Itaquera é o grande galã do futebol no país. Suas seguidoras têm até definição própria: são as ''coquetes''.
Diego Cocca, técnico do Racing – Diário Popular/Reprodução
Cocca é tão conhecido pela boa aparência e por se vestir sempre de maneira impecável que seu apelido tanto para jogadores como demais técnicos é ''facha'' – o ''boa pinta'' em português.
A insuperável recepção do público feminino o faz um prato cheio para campanhas publicitárias. Meticuloso, Diego escolhe bem o que representar. Nada de fumo, álcool ou polêmicas. São geralmente empresas de tecnologia ou de produtos de beleza que o procuram para fazer propagandas desde Avellaneda, cidade-bairro de Buenos Aires onde fica o Racing, até companhias maiores da capital argentina.
O próprio Racing, óbvio, aproveita a ''facha'' de Cocca para lucrar.
Em seu primeiro momento no clube, em 2014 e 2015, o treinador foi a estrela da campanha ''Racing positivo''. Além de protagonizar a peça publicitária, a frase foi originária de uma entrevista sua – e passou a ser repetida pontualmente nas conferências posteriores, por supuesto.
A fama de bom pai e bom marido também ajuda. Diego é casado desde os 24 com Bettina. Abraçado a ela, deu parte da volta olímpica quando foi campeão argentino com o Racing em 2014.
Outras características suas são ser sentimental – já chorou em plena entrevista – e culto. É presença constante na TV para falar de livros e conversar com autores.
Cocca tampouco se envolve em escândalos – e lida com absoluta tranquilidade com a verdadeira vigilância que os paparazzi argentinos exercem sobre sua filha, a lindíssima Abril, de 19 anos, que namora um jogador juvenil do River Plate – clube onde Cocca se formou como jogador e do qual é torcedor assumido. Diego é pai também de Manuel (14), que joga na base…do River, não do Racing.
Diego costuma repetir sempre que tem o brasileiro Delém, ex-atacante do Vasco, como um de seus grandes mentores. Era Delém o responsável pelas categorias de base do River quando Diego, então zagueiro, foi lançado por Passarella em 1990. Como quase todos os jogadores de seu tempo, Cocca teve atritos com Passarella, que o dispensou por ter conversado com o goleiro Comizzo, então afastado.
É injusto tratar Cocca como mau treinador – o mais correto é considerá-lo um bom técnico e um insuperável ''senhor-propaganda''.
Muito criticado pela torcida do Racing em seu primeiro ciclo no clube, Diego conduziu a equipe em 2014 a um título que o clube não conquistava fazia 13 anos. Cocca virou até parte de uma famosa bandeira da torcida do Racing – a mais fanática de Buenos Aires, para o blog – ao lado de outros três treinadores gigantes da história do clube, José Pizzuti, Coco Basile e Mostaza Merlo.
***
Do Racing nesta noite em Itaquera deve-se esperar a perna forte de sempre e uma retranca difícil de furar.
Três jogadores da equipe são razoavelmente conhecidos no Brasil. O bom zagueiro Lucas Orban era do Tigre e foi quem brigou com Lucas na decisão contra o São Paulo pela Sul-Americana de 2012. O volante uruguaio Arévalo Ríos parece irmão de Diego Lugano. Não pela aparência, claro, mas sim pelo temperamento e por ser um digno ''cacique uruguaio'' louco para mandar a equipe al frente.
No ataque, Lisandro ''Licha'' López, de magra passagem pelo Inter de Porto Alegre em 2015, tem técnica para estragar a defesa do Corinthians. A pena é que seu corpo não corresponde. Aos 34 anos e vindo de seguidas lesões, ele cogita abertamente sua aposentadoria.