Juntos, Messi, Icardi e Dybala escancaram a pobreza da Argentina
Tales Torraga
E chegou o dia que imensa parte da Argentina esperava. Às 20h, contra o Uruguai, Lionel Messi, Paulo Dybala e Mauro Icardi vão enfim formar o ataque mais forte do mundo – desculpas, Brasil, isso nem tem o que discutir.
Messi e Icardi – Olé/Reprodução
De Messi nem é preciso falar. O sucessor de Maradona no trono do futebol mundial é também o maior jogador da história do Barcelona. E ele agora terá ao lado as maiores estrelas no complicadíssimo Campeonato Italiano.
Estrela na Espanha, estrelas na Itália.
O protagonismo deste trio galáctico é indiscutível aqui em Montevidéu.
É indiscutível também que os três juntos escancaram a pobreza do nosso futebol, pois nem Messi, nem Dybala e nem Icardi disputaram o Campeonato Argentino.
São argentinos meio truchos, meio falsos, pois fizeram carreira apenas fora do país. Sabemos, claro, que Dybala é cria do Instituto de Córdoba, de onde saiu com 19 anos sem jamais ter jogado uma única partida sequer na Primeira Divisão.
Que este trio trucho tenha como único exemplo de vivência argentina un par de partidos na Segundona é realmente uma pá de cal em uma nação que vive e sofre o futebol como nenhuma outra. A Argentina é um tango sem fim.
O tempo de Passarella no River e de Maradona no Boca já está enterrado, tudo bem, não há saudosismo e nem problema em reconhecer que as coisas mudam, o tempo passa e o capital europeu mastiga há décadas o pé de obra sul-americano.
Que Messi, Dybala e Icardi exibam um rotundo zero quilômetro no futebol do país da seleção que defendem é a prova cabal que nosso asado encheu de larvas.
O canibalismo primeiro mundista nem precisa ser discutido. A Argentina só precisa olhar para si e mirar sua pobreza – muito mais que capital, e sim moral e estrutural.
Messi deixou a Argentina rumo à Catalunha aos 13 anos. Icardi fez o mesmo aos 15. Dybala, otra vez, trocou Córdoba pela Itália aos 19.
Di María tampouco serve de contraponto. Também deixou a Argentina aos 19 rumo a Portugal – e saindo desde Rosário, e não da orgulhosa Buenos Aires. Cria do Central, deu adeus ao time depois de apenas 39 jogos e 6 gols marcados.
Mascherano, Higuaín e Agüero podem bancar a queixa que seja: deixaram seu suor e seu sangue nas canchas de acá com as camisas de River e Independiente.
Para completar a nova loucura argentina, Jorge Sampaoli tampouco treinou algum time do país. Sua prancheta teve que viajar por Peru, Equador, Chile e Espanha.
Esta Argentina é 0% argentina (tudo bem, 0% é exagero, mas somos exagerados, os uruguaios também, ¿Qué quieres que te diga?)
É claro que é sempre muito mais fácil falar que a fila de quase 25 anos sem título – lá se vão 24 e contando… – é responsabilidade do pecho frío Messi e do gordo boludo Higuaín que errou gols nas três finais perdidas.