Análise: Melhor do mundo? Ataque da Argentina é pior até que o da Venezuela
Tales Torraga
Incrível. A Argentina estreou aqui em Montevidéu seu terceiro técnico nesta Eliminatória. Começou com Martino, passou por Bauza, agora é de Sampaoli.
Incrível. A Argentina atacou nesta Eliminatória com Messi, Di María, Dybala, Icardi, Higuaín, Agüero, Pastore, Alario, Correa. No último quarto de jogo deste 0x0 no Centenário, o time chegou a ter cinco homens de frente juntos: justamente Messi, Messi, Dybala, Icardi e Acosta.
E como explicar que este ataque argentino, que os argentinos cansam de repetir que é o ''melhor ataque do mundo, recheado de estrelas das maiores ligas'', tenha só 15 gols em 15 jogos desta Eliminatória, pior até que a Venezuela – com 17?!
Um pouco da resposta veio do próprio gramado do Centenário. Não foi a bola que não chegou a Dybala e a Icardi. Foi o sangue que não chegou às veias de nenhum deles. Complicou? Cruzaram o braço, ao contrário de Suárez e Cavani, que realmente rasparam a cara e a canela em cada dividida.
Messi tentou um pouco mais, verdade.
Incrível que Lio, de caminhante serial, seja agora a referência de atitude para uma Argentina que troca técnicos e jogadores, mas que segue precisando trocar a cabeça, pelo amor de Evita.
É impossível que a seleção tenha tantos jogadores e não tenha um time.
O Uruguai é exatamente o contrário. Não tem jogadores, mas tem um time. O jogador que tem, Suárez, jogando com uma perna só, fez mais sozinho que todos os atacantes argentinos. Que Cristiano Ronaldo tenha chegado nesta quinta a 14 gols marcados nesta Eliminatória – contra 15 de toda a Argentina junta – é um grito no ouvido de que este grupo de jogadores precisa realmente saber onde está.
Saber onde vão estar na próxima terça cada um já sabe: no estádio do River, em um Argentina x Venezuela que já pinta, por difícil que seja admitir, difícil. A bagagem de gols marcados é favorável aos lanternas venezuelanos, difícil que é de acreditar.
Sabe aquele caso de mentira repetida até virar verdade? É o caso deste ''melhor ataque do mundo''. De La Boca até Belgrano, por toda a Corrientes ou pelos argentinos que viajaram ao Centenário: parecia um mantra. Somos los más grandes.
E mal chutaram ao gol em mais de 90 minutos.
Do céu ao inferno, do topo do Obelisco à planta baja. Nada mais argentino.
O empate desta quinta estava na cara que era a opção mais óbvia. Falávamos isso desde terça. O clássico teve um ápice de patadas no começo do segundo tempo, mas passou de mate a tereré assim que o Chile teve a derrota decretada e a Colômbia ficou no empate.
De empate a empate, se arrastando como uma cobra, a Argentina de Messi vai lutando para chegar à Rússia – que não está logo ali. Ojo.