Socos, bola murcha e área gigante. Entenda o escândalo da vez na Argentina
Tales Torraga
Habituada a escândalos em seu futebol como talvez nenhum outro país do mundo, a Argentina está horrorizada com as falcatruas que farão Riestra e Comunicaciones jogar cinco minutos em campo neutro e com portões fechados nesta quinta (3).
As duas equipes integram o equivalente à Série C no Brasil e decidem quem sobe para a Série B. Ambas se enfrentaram no último domingo no Estádio Guillermo Laz, casa do Riestra, no bairro de Villa Soldati, em Buenos Aires. Os jogadores do Comunicaciones quase caíram para trás ao chegar a la cancha. As áreas estavam com marcações absurdamente maiores. As cenas de vídeo são patéticas.
Não à toa, o primeiro gol foi de pênalti – o time aumentou as áreas justamente para cavar as cobranças. É de chorar de rir – ou de angústia. Basta ver a reprodução.
O segundo tempo vinha com 2×0 para o Riestra, que garantiria a vaga no acesso caso mantivesse o placar. O Comunicaciones vencera a primeira partida por 1×0 e precisava de um gol para levar a decisão para os pênaltis. Foi quando os gandulas do Riestra passaram a jogar apenas bolas murchas em campo – os jogadores do Comunicaciones mostravam ao árbitro Paulo Vigliano, que mandava o jogo seguir.
Com o tempo regulamentar esgotado – e o anúncio dos cinco minutos de acréscimo para o término da partida -, veio o triste fim que está dando o que falar.
A partida rolava normalmente quando um jogador do Riestra invadiu o campo encapuzado e deu um soco na cara do camisa 10 do Comunaciones, Federico Barrionuevo. Inicialmente pensaram que era um torcedor – mas depois as imagens mostraram que o agressor foi Leandro Freyre, atleta da equipe.
A torcida invadiu o campo na sequência, continuando a agredir os jogadores e suspendendo o jogo que agora terá esses cinco minutos extras disputados com portões fechados no estádio do Defensores de Belgrano, também em Buenos Aires.
O Riestra já está punido com a perda de 20 pontos e com o fechamento de seu estádio por dez partidas. Resta saber em qual divisão esta pena será cumprida. O clube também precisará pagar uma multa equivalente ao preço de 300 ingressos, por dez jogos. Leandro Freyre, o agressor, deve ser suspenso do futebol até 2019.
O regulamento da AFA previa que o Riestra perdesse os pontos e o acesso – mas como na Argentina as decisões têm forte cunho político, decidiram por esta opção de se jogar cinco minutos mais nesta quinta-feira.
O favorecimento ao Riestra tem a ver com os interesses do presidente do clube, Víctor Stinfale, um poderoso e nefasto advogado que já declarou que ''defenderia Hitler se ele pagasse um milhão de dólares''.
Stinfale tanto fez que arrumou um padrinho de luxo para a equipe: ninguém menos que Diego Armando Maradona, que também é seu cliente.