Que o Brasil cuide da defesa e das canelas contra a Argentina de Sampaoli
Tales Torraga
Amistoso? Claro que não. Contra o Brasil nunca é amistoso para a Argentina.
Muito menos agora, no pico de preparação e estresse da batalha contra o Uruguai, em 31 de agosto, no Centenário, pelas Eliminatórias.
Que ninguém espere outra coisa a não ser 11 perros argentinos alucinados atrás da bola e dos brasileiros em Melbourne. É, disparado, um dos jogos não-oficiais mais apimentados vividos aqui por esses lados portenhos.
O começo da nova história escrita por Jorge Sampaoli e ilustrada por Lionel Messi deve ser marcada por adrenalina – como o rock que tanto faz a careca de Sampa.
Todos os homens de azul e branco têm muito o que levar a sério nesta sexta.
Desde o camisa 1, Chiquito Romero, que sabe: pelo estilo de jogo de Sampaoli, o goleiro preferido é Nahuel Guzman, pela capacidade com a bola nos pés.
A defesa, então, já está acertada para atuar com a típica rispidez argentina.
Não vai haver deslealdade. É que Gabriel Mercado, Jonathan Maidana e Nicolás Otamendi vão obviamente abusar do roce físico e da intensidade – serão as armas para parar Suárez e Cavani no combate de Montevidéu (e das caneleiras de titânio).
A este trio de zaga vai se juntar também José Luis ''Pela'' Gómez, do Lanús, que se caracteriza tanto pelo fôlego dos 23 anos como em dar tudo em todas as divididas.
Os volantes são cruciais para Sampaoli.
Era assim no Chile com Marcelo Díaz, que lhe oferecia segurança e circulação. Para Pelado Sampa, esta é uma área de campo mais quente que o mate. Vem daí a escolha por dois experientes como Lucas Biglia e Ever Banega. Banega será o 5 clássico, exatamente como jogava no Boca de 2007 com Miguel Ángel Russo.
E ninguém precisa ser muito letrado em futebol para imaginar que o 5 clássico argentino joga de muitas formas – mas nenhuma delas como um santo.
Já falamos de patadas, agora vamos de gambetas, com os quatro fantásticos que Sampaoli escala juntos pela primeira vez: Di María-Messi-Dybala-Higuaín.
Este ataque AAA pode machucar e muito um Brasil que, vale lembrar, vai atuar sem Daniel Alves, sem Marcelo e sem Casemiro. Sampaoli tem uma verdadeira devoção tanto por Di María quanto Messi. E para ele a dupla Dybala-Higuaín é intocável – tão intocável que ele a princípio respeitaria o descanso de ambos depois da final de Cardiff, mas a surra do Real em cima da Juve mudou os planos.
Os planos argentinos são esses.
Os do Brasil, a princípio, são dois: cuidar da defesa. E das canelas.
Esta Argentina vai ser agressiva como um rock n'roll – el nuestro rocanrol, o melhor rock do mundo, e quem discordar é só dar play aqui embaixo.