Por que Simeone não quer saber da Argentina?
Tales Torraga
Diego Simeone foi consultado nesta semana pela AFA pela terceira vez para assumir a seleção argentina. A primeira foi para substituir Alejandro Sabella, depois do Mundial de 2014. O escolhido foi Tata Martino. Tata assumiu, caiu e Simeone foi sondado outra vez – e de novo disse não. Veio e saiu Patón Bauza, e Simeone novamente não quer saber de assumir a Argentina cada vez mais em crise.
Chamado na Argentina de ''El Cholo'', o mestiço, Simeone sempre foi diplomático em suas declarações. Disse que precisava de mais experiência antes de assumir a seleção – que ela, afinal, seria o grande trabalho da sua vida. Estabeleceu inclusive um prazo para adquirir esta bagagem e se jogar na missão: ele está disposto a ser o treinador da Argentina no próximo ciclo, o que levaria à Copa de 2022, no Catar.
Mas ontem, ao canal de TV TyC Sports, seu cunhado deslizou a verdadeira razão que afasta Simeone da seleção. E a bomba detonada já explodiu com força:
''A seleção argentina hoje é um clube de amigos'', disse Carlos Dibos, que foi preparador físico da seleção de 2006 a 2008 e hoje é casado com Natalia Simeone, irmã de Diego. ''Foi por isso que precisamos sair de lá. Mascherano entrega uma relação com seu clube de amigos, e o treinador que a siga.''
O cunhado de Simeone deu causa, nome e sobrenome àquilo que toda a Argentina sempre suspeitou e jamais teve alguém que falasse de forma tão cristalina: El Cholo não quer saber da seleção para não precisar lidar com um intrincado jogo de poder que deixa claro todos os prejuízos com a própria situação da Argentina nessas Eliminatórias. E mais: também nas campanhas anteriores que terminaram sempre em derrota. Faz 24 anos que a Argentina não é campeã de nada entre os adultos.
''Não me parece ruim que um jogador tenha um diálogo com o técnico para falar quem prefere, mas esse jogador precisa ter personalidade e colocar o time no ombro. Esse era o Maradona.''
Dibos atirou também contra Messi: ''Hoje, Neymar é melhor. Messi não sente a camisa argentina. Maradona sim sentia. Não quer dizer que Messi não é bom, sim, ele é muito bom, está entre os três melhores do mundo, mas não é o melhor''.
O cunhado de Simeone e ex-preparador físico foi mais um a criticar o processo que está levando Jorge Sampaoli ao cargo de Patón Bauza: ''Não concordo com sua forma de agir, em oferecer-se diretamente. Isso acontece sozinho, por capacidade''.
Mascherano se pronunciou sobre as declarações de Dibos. Escreveu que tem a consciência tranquila e que jamais agiu como diz o preparador físico. ''Lamento que o futebol argentino conte com gente deste nível de qualidade humana'', devolveu.