Mudo, Messi quer que seu talento fale mais alto para exorcizar o Chile
Tales Torraga
Chegou a grande noite, a que Buenos Aires implorava para chegar desde o fim do ano passado. O Monumental de Núñez já garantiu lotação máxima para empurrar a seleção argentina para cima do Chile, seu grande carrasco nos últimos anos. A patada inicial deste jogo com clima de final de Copa vai ser às 20h30 (de Brasília).
A Argentina amanheceu determinada a deixar para trás suas páginas mais rasuradas: as das finais das últimas duas Copas Américas perdidas para o Chile. Na segunda delas, ao errar seu pênalti, Messi anunciou que deixaria a seleção. Não era mesmo para levar a sério. La Pulga hoje é a grande esperança da equipe de Bauza que precisa ganhar sí o sí para sair da perturbadora quinta colocação que a deixa na Repescagem para o Mundial da Rússia-2018 (Uma Copa sem Messi!? Pensem!).
Lio está em greve de silêncio com a imprensa argentina por conta do ''caso Lavezzi'', quando um radialista informou em novembro que o atacante estaria fumando maconha na concentração, o que irritou todo o grupo de jogadores. El Diez argentino tem muitos atritos com o Chile. Além de perder seu pênalti, Messi lidou com o absurdo de ter sua família agredida na primeira decisão perdida em Santiago. A rivalidade Argentina x Chile é, já há anos, a mais violenta do continente e envolve até uma mordida de cão e a Guerra das Malvinas.
(Ontem, o jornal ''La Nación'' trouxe um papo com o técnico Claudio Borghi espantado por crianças argentinas dizer que ''vão matar os chilenos''.)
A tensão vai ser gigante também fora de campo. Foram vendidas 2.800 entradas para os torcedores do Chile, mas a polícia de Buenos Aires estima em 8.000 as pessoas do país que estarão, ou tentarão estar, no Monumental de Núñez.
O silêncio de Lio e seus colegas é compensado pelas longas entrevistas de Patón Bauza, que ontem faltou por cerca de 30 minutos e teve de responder se o craque do Barcelona não atua muito abaixo da média quando está sob seu comando, o que o técnico despistou com serenidade e educação.
Messi finalmente volta ao campo do River, onde não atua desde antes da Copa de 2014, em amistoso contra Trinidad e Tobago. O Monumental é tido por muitos como uma ''geladeira'' que nem o astro do Barcelona é capaz de esquentar.
Ele, claro, não estará sozinho nesta noite, na partida que Juan Antonio Pizzi, técnico do Chile, diz ser o grande clássico do continente na atualidade. Com Dybala machucado, Bauza vai escalar os ''quatro fantásticos'' Messi-Agüero-Higuaín-Di María, que jogaram juntos 13 vezes e ganharam dez. Na última vez em que foram a campo, a desastrosa derrota por 3×0 para o Brasil em Belo Horizonte.
Os titulares que vão sair do vestiário Ángel Labruna para o verde césped: Chiquito Romero; Mercado, Otamendi, Rojo e Más; Mara Biglia e El Jefecito Mascherano; La Pulga Messi, El Kun Agüero e Fideo Di María; Pipita Higuaín.
Todo o picante está servido em uma milanesa que pode descer bem, mas que já causou muita indigestão. É uma partida decisiva, uma ''final de Copa'', como muitos repetem em Buenos Aires. Nem todos, verdade, porque essas noites gigantes são a deixa para derramar no copo uma característica argentina como o vinho: uma mania de grandeza cada vez maior e cada vez mais fora da realidade.
É só ler o jornal ''Olé''. Hoje tem aula! Ay ay ay…