Opinião: Dybala já é melhor que Agüero e Higuaín
Tales Torraga
E depois de Messi, quem é o melhor jogador argentino?
Em uma cidade tão desesperada por discussões como Buenos Aires, é esta a pergunta do momento – suscitada, também, pela entrevista de Mario Kempes publicada ontem pelo jornal ''La Nación''. Para El Matador, campeão e grande figura do título no Mundial de 1978, Paulo Dybala, pibe de 23 anos, astro da Juventus, já está acima de Kun Agüero (28) e de Pipita Higuaín (29).
Falta só convencer Patón Bauza, que insiste com ambos na seleção argentina e comete a heresia de votar em Agüero como segundo melhor do mundo – até mesmo para dar uma força para um dos seus queridinhos, mas com nível atual realmente muito pobre e muito abaixo do que El Kun um dia já mostrou.
Por algo acá ele é chamado de Amargüero até pelos niños.
Kempes é de Córdoba – assim como Dybala, e quem conhece a Argentina um pouco que seja sabe como o bairrismo é onipresente. É o sol da bandeira, a carne do prato, o mate da calabaza, o suor de janeiro desta sufocante Bueno Zaires.
Voltando a Dybala, que marcou um golaço de longe ontem pela Juve na Copa da Itália, é ele sim o queridinho da Argentina no momento, a versão 1.7 de Aimar e Saviola, que eram amados até por los de Boca. Pablito é visto de longe ou de perto como o sócio ideal de Messi em detrimento dos muito desgastados Agüero e Higuaín, filhotes das finais perdidas, e quase ninguém aceita como ambos seguem na seleção, daí os surtos de pensar que só continuam porque são amigos de Messi, é Messi quem convoca a equipe e escala seus amigos, dane-se Bauza, Bauza é um empregado de Messi, um secretário de Lio; é incrível que pensem assim, se não pensam, ao menos falam, e como os portenhos falam, chega a dar dor de ouvido e de cabeça, bem faz o Bielsa que se enfia no meio do mato e não ouve ninguém.
Locos son los otros, não Marcelo.
O fetiche por Dybala é tamanho que esperam dele um prêmio de melhor do mundo – algo parecido com o que o Brasil um dia imaginou de Robinho ou de Neymar.
Pablito Dybala, La Bala, claro, está longe desta realidade messiânica.
Tem uma canhota dos sonhos, torcedor do Boca, fã de Riquelme – e tido na Argentina com alguém com capacidade de gol maior que a de Román.
É o futuro e um pouco do presente – presente suficiente que pede espaço na seleção, e é bom que Agüero e Higuaín se apurem e apertem o passo se não quiserem viver de um passado derrotado e não ter a revanche que tanto esperam, sonham e clamam no Mundial da Rússia, mês em que os psicólogos de toda a Argentina vão trabalhar 24 horas, ficar milionários e morar em Punta.
(Alguém quer apostar que logo vai passar o mesmo com Ascacibar x Mascherano?)