Patadas y Gambetas

River na Libertadores, com sufoco e loucura

Tales Torraga

Uma final tão emocionante quanto confusa. O River Plate derrotou o Rosario Central por 4×3 na madrugada desta sexta e ergueu a Copa Argentina no jogo único disputado em Córdoba. E mais: garantiu vaga na Libertadores de 2017.


A vitória alucinante teve três gols de Alario e um do uruguaio Alonso. O River saiu na frente, levou a virada, esteve perdendo por 3×2 e recuperou até chegar ao gol final, aos 30min do segundo tempo.

Por mais comovente que tenha sido a vitória do Millo, não se enxerga grandes coisas do River para 2017 ao se analisar a final de Córdoba e o pálido papel da equipe no Argentino (está só em 11º, nove pontos atrás do líder Boca).

O goleiro Batalla, de só 20 anos, seguiu, nesta final, cometendo os erros bizarros que havia cometido também contra o Boca no superclássico do último domingo.

Mantê-lo na Libertadores desde já parece um suicídio. O River tenta a volta de Juan Pablo Carrizo ou a contratação de Sergio Romero, arqueiros cujas envergaduras são mais compatíveis com as pesadas luvas do clube.

A defesa – Oliveira, Quarta, Maidana e Moreira – marcou muito mal e quase entregou o título nos minutos finais. O ''reforço'' para o setor, o equatoriano Mina, sequer foi à campo. Sete gols sofridos em dois jogos decisivos (4 do Boca, 3 do Central). São números fortes que explicam quase tudo.

Os volantes demonstraram igual inconstância. Ponzio e Nacho Fernández são dois exemplos de jogadores que metem a perna e sabem fazer a bola circular, mas escancaram falências físicas e técnicas que não seriam perdoadas em jogo mais sóbrio que esta final tão maluca.

O meia Gonzalo El Pity Martínez não é elogiado nem pela torcida do River. E D'Alessandro mostrou a face mais criticada do seu futebol – fominha e irritadiço, e ainda quase saiu na mão com o corpo técnico do Central no vestiário. Ninguém considera sua sequência em Núñez para o ano que vem.

Os aplausos vão para Alario – a caminho do PSG, falam em Buenos Aires. Dois dos seus três gols saíram de pênalti, mas pouco importa. El Pipa demonstrou que é um atacante confiável nos grandes momentos – Libertadores, Recopa (gols na decisão), Mundial (gol na semifinal) e agora com um triplete realmente impressionante.

Marcelo Gallardo diz que quer continuar, o River corrobora, mas a sensação de fim de ciclo persiste. Até pelo fraco elenco que o técnico terá à disposição para 2017.

A final da Copa mostrou um 3×4 perfeito da melhor e pior cara da Argentina.

A melhor, o clima de decisão que talvez não se encontre em nenhum outro país. Duas torcidas inflamadas ocupando cada uma metade dos 57.000 lugares.

A pior, o péssimo estado do gramado – uma várzea padrão potrero. A atuação do árbitro Patricio Lostau também merece ressalva: ele não só permitiu o jogo violento no primeiro tempo como falhou feio ao não marcar pênalti de Ponzio em Teo.

River e Central estavam enlouquecidos, pareciam times dos anos 60 e 70. Pasó de todo – incluindo muita violência de ambas as partes. Um jogo de bairro.

Não parecia final de campeonato, e sim final da vida de cada um dos jogadores.Sufoco, loucura e River na Libertadores. A camisa é pesada, mas a bola está pequena. Difícil escolher o argentino mais forte para a Libertadores. Lanús, San Lorenzo, Estudiantes, River, Godoy Cruz e Atlético Tucumán são seis times nivelados pelo meio, mas com algo que faz a diferença em qualquer Copa:

Los huevos bien argentinos, eso sí, eh?!