Argentina vai ensinar tênis nas escolas públicas
Tales Torraga
Campeã da Copa Davis no último domingo, a Argentina vai fazer do tênis uma atividade esportiva de grade curricular nas escolas públicas a partir de 2017.
O blog apurou que será este o tema da reunião já agendada para as próximas semanas entre Diego Gutiérrez, vice-presidente da Associação Argentina de Tênis, e Esteban Bullrich, o muy receptivo ministro da Educação e Esportes do país.
O encontro foi determinado na última quarta-feira por Mauricio Macri, presidente da Argentina e grande entusiasta do tênis. Macri costuma postar fotos suas praticando o esporte e afirmou, na Casa Rosada, que se debulhou em lágrimas com as vitórias de Juan Martín del Potro e Federico Delbonis pela Davis no último domingo.
O plano argentino já tem uma referência: o que fez a Grã-Bretanha depois de ganhar a Davis do ano passado, quando, segundo o país, 16 mil crianças começaram a jogar tênis pela ocasião. Foi a primeira Davis dos britânicos em 79 anos.
A síntese da ideia argentina é a seguinte: ''No tênis, houve um antes e depois de Guillermo Vilas. Agora, precisa haver um antes e depois da Copa Davis'', é o que se escuta dos dirigentes depois da épica conquista do fim de semana em Zagreb.
A meta argentina é consolidar o tênis como segundo esporte, atrás só do futebol.
Não há números oficiais, mas matéria publicada nesta semana pelo ''Clarín'', principal jornal da Argentina, estima o número de praticantes hoje no país em 2 milhões. É esta a base dos cartolas para desenvolver crianças, mulheres e tenistas amadores para primeiro atingir 2,5 milhões e, depois, chegar aos 3 milhões.
O que anima a Associação de Tênis da Argentina é a óbvia comoção em torno do título da Davis. As audiências somadas da TV Pública e do canal especializado TyC Sports indicam que quase 1,9 milhão de pessoas, em 540.000 lares, sofreram, vibraram e explodiram com os jogos da Davis por todo o território nacional no domingo.
Tal popularidade já oferece um evidente lucro.
A Associação Argentina de Tênis começou a trabalhar na renovação e na busca de patrocinadores que engordem seus cofres. O mote agora é ''vender o tênis, e não a Davis, cuja competição será um mero veículo para promover o esporte''.
A Argentina perdeu a chance de massificar o tênis depois das épocas de Vilas, de Gabriela Sabatini e da ''Legião'', melhor geração de tenistas da história do país – com Coria, Gaudio, Nalbandian, Cañas, Chela, Zabaleta, Acasuso e tantos outros.
''Vai ser imperdoável se o tênis argentino deixar escapar o quarto trem de sua história'', argumentou, com toda a razão, o ''Clarín'' também nesta semana.