Patadas y Gambetas

Ramiro Funes Mori: aos 25 anos, o ‘maior zagueiro da história da Argentina’

Tales Torraga

O ataque é de fato brilhante. Mas histórica mesmo é a atual defesa da seleção argentina. Exemplo? O desempenho do zagueiro Ramiro Funes Mori, de 25 anos, enorme ídolo do River Plate e há uma temporada jogando no Everton, da Inglaterra.


FM – como é tratado na Argentina, também adepta das siglas como LM10 ou CR7 – completou semana passada contra o Uruguai su partido 13 pelo seleccionado.

Estão sentados? Então respirem.

Nesses 13 jogos foram 10 vitórias, 3 empates, 31 gols a favor e só 4 gols contra (média de 0,3 por partida). Ramiro está quase sempre na companhia do igualmente monstruoso Nicolás Otamendi, 28, ex-Atlético-MG e hoje no Manchester City.

Jamais um zagueiro teve os números de Funes Mori em seu arranque pela Argentina. A euforia do momento e a adoração da torcida do River fazem de Ramiro a 'versão 2016' de ao menos dois referentes do país, Daniel Passarella, El Kaiser dos anos 70 e 80, e o mais contemporâneo Roberto Ayala (1994-2007).

(Ok, exagero, impossível comparar Funes Mori a um capitão campeão mundial como Passarella, mas como ler o jeito argentino de ser sem levar o exagero em conta?)

Além do mais, há sim características de Passarella em Funes Mori.

A principal delas é o jogo duro. Ramiro é o que a Argentina chama de caudillo – jogador que, para ganhar, ou oferece sua cabeça ou arranca a cabeça do rival.

As patadas de Funes Mori tão são comentadas em Buenos Aires que a TV fez até um especial com as 'melhores'. Mostradas sem chocar ou ferir costumes, eh?

Sua ascensão teve um quê de sorte. Funes Mori no River há três anos era o 'Júnior Baiano' da Argentina. Técnico, raçudo, bastante capaz. Mas desastrado ao sair com a bola dominada e sempre propenso a expulsões pelo pavio curto.

Ramiro em Núñez era reserva de uma consolidada dupla formada por Maidana e Balanta. Mas o colombiano Balanta – outro então comparado a Passarella pelos gols de cabeça – despencou. Funes Mori ocupou seu espaço. E decolou en serio.

Como decolou em 2014 para fazer o gol que decretou a primeira vitória do River na Bombonera em dez anos, jogo que entrou imediatamente para história: 'Ramirazo'.


Em sua autobiografia, Marcelo Gallardo, técnico do River, descreveu que o jogador que mais o surpreendeu pela evolução foi Funes Mori. Uniu a impressionante potência física – 1,86 metro e 82 quilos – à confiança e ao temperamento ganhador.

Patón Bauza, emérito ex-zagueiro, pensa o mesmo.

Sua seleção é Funes Mori e mais dez.

Três curiosidades marcantes na carreira de FM: 1) seu começo foi em um reality show de futebol nos Estados Unidos; 2) tem um irmão gêmeo, Rogelio, atacante do Monterrey, ambos jogaram juntos no River; 3) a origem do seu nome.

O Funes é homenagem a Bufalo Funes, autor do gol da primeira Libertadores do River, em 1986. Ramiro fez o gol que selou a terceira, contra o Tigres, ano passado.

Funes Mori é titular confirmadíssimo para a partida das 20h desta terça (6) contra a Venezuela em Mérida. Sua adoração já é tamanha que circulam na Argentina montagens suas com a Copa do Mundo. Mera brincadeira?

Ramiro já levou a sério. Como costuma fazer com tudo. Melhor não duvidar.