Maradona e Messi choraram por Klinsmann, carrasco que hoje revê a Argentina
Tales Torraga
Se Carlos Drummond de Andrade fosse argentino, nesta terça (21) diria que ''no meio do caminho do fim da fila tinha um carrasco, tinha um carrasco no meio do caminho para sair da fila''. E este carrasco é Jürgen Klinsmann, técnico dos EUA.
Mais que especial semifinal de Copa América contra os emergentes donos da casa, o EUA x Argentina das 22h em Houston com 70 mil ingressos vendidos é a chance de um acerto de contas histórico contra o homem que fez Maradona e Messi chorar.
Hoje com 51 anos, Klinsmann era atacante e principal jogador da Alemanha campeã do mundo em cima da Argentina na Copa de 1990 na Itália. Sofrera falta feia de Monzón que deixara a rival com dez em campo e iniciou o lance do polêmico pênalti assinalado pelo mexicano Edgardo Codesal em Völler. Gol de Brehme. 1×0.
Tão chegada em teorias da conspiração quanto o Brasil, a Argentina até hoje vê aquela decisão como grotesca manipulação por eliminar a anfitriã Itália na semifinal.
Anfitriã na semifinal, exatamente o cenário desta noite.
Em seu livro de memórias da Copa de 1986 recém-lançado, Maradona detalhou a conversa que teve na véspera da final com Julio Grondona, então presidente da AFA, a Associação de Futebol Argentino, dizendo que a decisão estaria comprada.
Isso justificava seu choro desesperado na premiação depois da partida.
Klinsmann voltou à rota argentina 16 anos depois, no Mundial da Alemanha em 2006, na condição de técnico da seleção da casa – de novo a situação de hoje.
Eram as quartas-de-final. E a Alemanha venceu nos pênaltis depois do machucado e a saída no tempo normal do goleiro Pato Abbondanzieri, especialista em penais. Entrou Leo Franco, incapaz de defender uma cobrança alemã sequer.
Aquele jogo terminou com briga apartada por Klinsmann. Re caliente, a Argentina viu provocação na comemoração alemã e Cufré, Coloccini e Maxi Rodríguez foram para cima e trocaram golpes de puño com os adversários. Vergüenza.
Messi não saiu do banco de reservas naquela tarde em Berlim. Seu choro no vestiário é lembrança marcante em quem o viu depois da partida. Tinha só 19 anos.
De novo de camisa azul, de novo em jogo eliminatório, de novo enfrentando Klinsmann, verdugo alemão, como técnico anfitrião.
Nova, também a duração da fila: 23 anos sem títulos.
Terça-feira histórica que já está sendo vivida a pleno em toda a Argentina futbolera.