Ex-Flamengo, Fillol tenta socorrer os ‘quebrados’ campeões da Copa de 1978
Tales Torraga
Campeã do mundo para alegria da ditadura, a Argentina de 1978 pede socorro. Quem abre o jogo é Ubaldo 'Pato' Fillol, ex-goleiro do Flamengo e daquela seleção.
''30, 40% desses rapazes passam necessidades e não têm cobertura médica'', diz El Pato, 65, que cogita carreira política para ajudar os amigos – alguns, na real miséria.
Eis entrevista de Fillol à Radio Belgrano esclarecendo o drama daqueles atletas e explicando que a situação se repete também com campeões de 1986 – entre eles, Ricardo Bochini, maior ídolo do Independiente, em notória briga com o bolso.
Seguiram ganhando dinheiro depois de parar de jogar: Fillol, Alonso, Passarella, Kempes, Ardiles e La Volpe. Em maior ou menor grau, os outros 16 hoje receberiam correndo qualquer subsídio do governo, dos clubes ou das associações.
Ao menos Buenos Aires não nutre carinho pela seleção de 1978. Basta ver esta inacreditável foto de uma ''homenagem'' armada por Daniel Passarella no vazio Monumental de Núñez em 2013. Lembrar a Copa é, olvidate, reviver o terrorismo.
Falam até de maldição em cima daqueles que chutaram uma bola ensanguentada e saíram campeões sobre cadáveres na insana Copa dos argentinos desaparecidos.
Os atletas refutam qualquer associação com o regime. “Nós arrebentamos o c. em campo contra times muito fortes. Não merecemos isso'', desabafa o então atacante Bertoni. ''Eu era jogador. Não um militar ou montonero [guerrilha urbana].''
Se tempo cura feridas, as do Mundial 1978 seguem escancaradas, mostra este filme.