Retranqueiro e destemperado. Argentina critica Simeone em nova Liga perdida
Tales Torraga
A Argentina esteve longe de entrar em vigília e torcer junta por Diego Simeone na Liga dos Campeões. Pelo contrário. A derrota do Atlético de Madri adoçou a noite de boa parte do país. Sim. Simeone sofre rejeição – principalmente em Buenos Aires.
Os muitos portenhos que seguem futebol não esquecem sua passagem pelo River Plate. Campeão do Clausura 2008, foi lanterna pela única vez na história do clube, no Apertura 2009. A caótica campanha teve influência direta na queda à Série B.
Estimativa do blog: 40% dos portenhos torceram pela derrota de Simeone.
Houve pesada audiência e investimento da TV. O FOX Sports mandou a Milão os comentaristas Gabriel Batistuta e Diego Latorre, ex-colegas de Simeone na seleção.
Outra característica de Cholo (mestiço) Simeone que alimenta a eterna dicotomia argentina é sua característica defensiva, vista e revista na prorrogação de Milão com o Real Madrid morto em campo. ''Simeone não sabe o que é atacar. É o anti-futebol em pessoa'', é fácil de ouvir em qualquer roda de debates na capital argentina.
Suas atitudes pouco lícitas como agredir assistentes ou mandar gandula soltar bolas em campo também são detonadas sem dó: ''Nem Maradona, drogado, fazia igual''.
Irrita também a pose ostentadora de Simeone, algo que o argentino, em eterna crise econômica, digere mal. ''A capa da Capas é porque venço'', disse Cholo há meses.
O rebate que Cholo sofre, principalmente entre os idosos, que viveram a cruel ditadura sofrida no país, é: ''Se o fim justifica os meios, Simeone seria o melhor. Para os que pensam que o fim é importante, porém os meios são ainda mais, Simeone é medíocre'', é a reflexão dos que geralmente elogiam Loco Bielsa e José Pékerman.
''Os times de Simeone conseguem bons resultados, verdade. Mas jogam mal, às vezes fora da regra. É questão de filosofia. Cada um vive como quer ou como pode.''
Comparam também Simeone a Carlos Bilardo. Há até termo para esta equivalência.
'Cholismo' e 'Bilardismo'.
Muitos argentinos condenam as táticas 'ganar o ganar' de Bilardo – como drogar rivais e jogadores da própria seleção – para erguer a Copa em 86 e ser vice em 90.