A los tumbos e a lo Boca. Bombonera vive noite histórica e heroica de Orión
Tales Torraga
'A los tumbos', em espanhol, é 'trancos e barrancos' em português.
A 'lo Boca' é ganhar na marra. Fazendo a torcida sofrer, quase morrer. Morrem de verdade. Não raro. Especialmente no arco da calle Brandsen, onde fica a La Doce.
O Boca tinha tudo. Todo. Para cair fora.
Saiu perdendo 1×0. 20 minutos de jogo, gol contra do capitão Cata Díaz.
Cata, 36 anos, vazando Orión, 35, colocando pressão nos jovens do Boca.
Perdeu dois jogadores lesionados, Meli e Chávez.
Perdeu Pavón, autor do gol do 1×1, expulso por tirar a camiseta.
10×11 por 20 minutos.
Esteve atrás nos pênaltis duas vezes.
E ainda assim se classificou à semifinal.
Graças a Orión, goleiro em seu jogo 200 pelo clube.
200 jogos e três – três! – penais defendidos.
Boca na semifinal pela 15ª vez, só atrás de River Plate (16) e Peñarol (20).
É um Boca fraco. Tecnicamente e fisicamente.
Perdeu por lesões todo seu meio de campo: Gago, Cubas, Lodeiro e agora Meli.
Mas tem um caldeirão absurdo, um estádio de 76 anos que realmente não pulsa e não treme – joga. Joga gás pimenta. Joga placa de publicidade nos reservas rivais.
Jogou hoje. Jogou Orión para as bolas dos penais no arco do Riachuelo contra um Nacional quase imbatível nas cobranças.
4×3.
Esteve 2×3, a gol de cair fora – e entrar com Orión.
Incrível noche porteña y copera. Para apagar Loco Osvaldo no cinzeiro da história.
E para frustrar adversários com a eliminação que passou raspando.
Se o Boca chegar ao sétimo título e empatar com o Independiente como maior campeão, será também – talvez principalmente – por esta fria e histórica noite.
Frio, noite, Boca. Tevez, Schelotto, vitória nos penais.
Cuestión de actitud. Darín e Campanella não fariam melhor, muchachos.