Gaúcho no Boca Juniors: barro, soco, vaias e final perdida para o Newell’s
Tales Torraga
Há um mês morria Gaúcho. Atacante de Palmeiras e Flamengo, jogou também pelo Boca Juniors, sufoco que, poucos no Brasil sabem, durou dez dias do julho de 1991.
Gaúcho trocou a Barra da Tijuca pelo barro da Bombonera. O Flamengo pelo Boca. E as praias do Rio pelo cruel inverno portenho para jogar uma final de Argentino.
O Boca havia perdido Batistuta e Latorre para a Seleção que ganharia, no Chile, a Copa América de 1991. E uma das vagas foi ocupada por Gaúcho, então 27 anos.
Ansioso para voltar a ser campeão – a última conquista havia sido em 1981 com Maradona -, o Boca foi atrás de Gaúcho muito pelo que havia demonstrado no Flamengo nas quartas-de-final da Libertadores 1991 contra o próprio Xeneize.
Mas o atacante brasileiro não esteve à altura das guerras – sem exagero – que foram aquelas finais contra o Newell's Old Boys do técnico Marcelo Bielsa.
No 1º jogo, em Rosário, Gaúcho durou os 90 minutos, mesmo caçado pela dupla de zaga Berizzo e Pochettino. Patadas y trompadas. Pontapés e socos. E 1×0 Newell's.
Na volta, na Bombonera cheia de barro e papeis picados, o Boca devolveu o placar, mas Gaúcho já não estava no gramado. Saiu aos 33 minutos do segundo tempo sob todas as vaias possíveis. Da chegada à saída no Boca, vale reforçar, só dez dias.
''Deixou o campo sem barro nas meias. Imperdoável'', resumiu o Imborrable Boca.
O Boca perdeu aquele título nos pênaltis em decisão celebrada até hoje em Rosário.
O time voltaria a ganhar o Argentino em 1992 – com Gaúcho, de novo no Flamengo, conquistando o Brasileiro com o vovô Júnior e companhia.
1992 foi o ano também em que o Newell's, graças à vaga obtida na Bombonera, decidiu a Libertadores contra o São Paulo. De novo levou a decisão para os pênaltis. Mas Zetti levou a melhor sobre Scoponi e Telê superou Bielsa no Morumbi.
O sempre ótimo Futebol Portenho contextualiza mais o cenário que Gaúcho herdou em 1991. Sua passagem por La Ribera tem mais detalhes no Historia de Boca.