Goleiro do River queria ter ‘mãos de alface’ como o pai. Virou monge
Tales Torraga
Goleiro e capitão do River Plate, Marcelo Barovero completa hoje 32 anos. E com ótimos serviços no ''maior arco do mundo'', definição do histórico goleiro Carrizzo.
A exigência do posto jamais abalou sua zen custódia. ''Barovero fala tão baixo e tão pouco que a gente precisa encostar para ouvir. Calmo demais. Um monge'', repete o técnico, amigo e xará Marcelo Gallardo.
O detalhe diz muito de um capitão. Ainda mais goleiro, sempre isolado em campo.
Barovero costuma dizer que nem lembra como passou a jogar no gol. Nascido em Porteña, de 5.500 habitantes, queria seguir a carreira do pai – ser verdureiro. ''É uma profissão bonita. Cuidar do alimento e oferecer às pessoas é especial.''
Seu pai, José, e sua mãe, Esther, seguem trabalhando na quitanda da família em Porteña. Acordam às 4h30 para buscar legumes e verduras para a vizinhança.
Mal puderam ver o filho no último Mundial de Clubes. Enquanto Marcelo parava Messi e Neymar, seus pais carregavam frutas com toda tranquilidade.
A discrição de Barovero transcende em muito o silêncio. Gestos como o do título da última Libertadores – quando poderia erguer sozinho a Copa e chamou Cavenaghi, se despedindo do clube – mostram quem ele é.
O goleiro foi protagonista do lance recente mais comentado no país. Ao parar o penal de Gigliotti no primeiro ataque do River x Boca que valia vaga na final da Sul-Americana de 2014, entrou para a história.
Pela sua calma, pela loucura da torcida e pela fúria do narrador de uma rádio. Imperdível.
O lance e a narração viraram bandeira e tatuagem na panturrilha de um torcedor.
Será que o fanático encara, sem meião, um picado (a pelada no Brasil) contra um torcedor do Boca?