Patadas y Gambetas para todos
Tales Torraga
– ¿Cómo estás?
– Entre patadas y gambetas, eh…
Tal conversa é comum na Argentina: “Como está? Entre pontapés e dribles”. É o ''deixo a vida me levar, sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu'' deles.
A gíria elucida em si. O futebol é a expressão máxima da cultura argentina. Tanto que os jogos são mostrados pela TV Pública na transmissão Fútbol para Todos.
Patadas y Gambetas para todos, assim explicamos e recibimos o blog.
Cultura, futebol e paixão geram catarses como esta, a recepção do Monumental de Núñez ao River Plate campeão da Libertadores de 1996.
Hoje quase todo o mundo – Brasil inclusive – tem um argentino para chamar de seu. Técnico, jogador ou torcedor. Basta pesquisar de onde vem parte dos cânticos.
É no mínimo conveniente tentar entender tudo isso. Até porque a tão incensada Libertadores tem tantos títulos argentinos (24) quanto a soma (25) de Brasil (17) e Uruguai (8). E a Argentina busca neste ano um tri próprio que não vem desde 1986.
San Lorenzo e River Plate ganharam as duas últimas, em 2014 e 2015. Há 30 anos foram Independiente (1984), Argentinos Juniors (1985) e River (1986).
A cultura vive momento diferente. Já foi mais rica, impressão geral, mas a Argentina continua uma referência do saber. Livros, filmes, músicas. Jorge Luis Borges, Eduardo Sacheri, Diego Peretti, Ricardo Darín, Gustavo Cerati, Ricardo Mollo.
Hacer un puente, a ideia. Ser a ponte e trazer coisas boas da Argentina e dos argentinos ao Brasil. Reflexão, referências, personagens atuais e clássicos. Sem brigas, sem estereótipos, sem preconceito. Só buena onda.
Assuntos incômodos terão espaço, claro. Ninguém vive de confete. Mas a alma do blog é outra – muito mais a que está fora que dentro de campo.
Já há gente boa demais tratando o futebol argentino no Brasil. Jogam com a 10. Nosotros, con la cinco. Mascherano, Simeone e Almeyda.
Cito alguns: PVC, Rafael Reis, Rodolfo Rodrigues; Mauro Cezar Pereira e Sorín na ESPN; Ronaldo Helal, Newton César, o pessoal da Trivela, do Puntero Izquierdo, do Futebol Portenho (Tiago, sos eterno…) e, claro, Guga Chacra e Ariel Palacios.
Minha experiência na Argentina é e sempre foi muito fora do convencional. Aprendi o país no suor e nas ruas. Sempre na popular. Quase nunca na tribuna.
É esta a mirada aqui. Lo que cuenta es lo que se siente en la calle / en la gente / Y no en los inventos de estos incoherentes, como ensinou o grupo de rock Callejeros.
Eles cantam, eu agradeço. Ao trio oriental Carol Yada, Eduardo Ohata e Régis Andaku, essencial para o blog existir. Ao Igor Seco, Giancarlo Lepiani e Adalberto Leister Filho, usinas de ideias e risadas. Grosos.
Ao Denizar Torraga e Henrique Bolanho, precisos e preciosos.
Alegria enorme em carregar as cinco estrelas no peito vestindo a azul e branca. Volver a empezar. Começar de novo. Sí, mamá, se puede.
Gracias totales!
No clipe, a volta de Maradona à Bombonera depois de uma vida. Comovente.