River alega traição do Boca, e ‘racha’ tem consequências imprevisíveis
Tales Torraga
O acordo de cavalheiros assinado pelos presidentes de River Plate e Boca Juniors para adiar a final da Libertadores neste sábado (24) não durou nem 12 horas. O blog apurou que a diretoria do River está se sentindo profundamente traída pelos cartolas do Boca, que na tarde deste domingo esclareceram que não querem jogar uma nova final, e sim pedir o título nos tribunais, além de defender uma punição ao River pela violência nos arredores do Monumental de Núñez.
Daniel Angelici, presidente do Boca, instantes depois do ataque adotou o discurso de que as ''finais se ganhavam e se perdiam em campo''. Na madrugada, ele escutou dos jogadores, da comissão técnica, da diretoria e dos sócios do Boca que a final não deveria ser disputada, em uma equivalência ao que acontecera na noite do gás pimenta em 2015, quando o River foi atacado pela torcida do Boca na saída do vestiário da Bombonera. Daí o seu recuo. ''Não sou o dono do Boca. Sou o presidente e devo defender os interesses daqueles que me cercam no clube'', disse.
O River considera que a mudança da postura dos xeneizes é injusta, pois não houve nenhuma pressão exercida para se jogar nem no sábado e nem neste domingo. ''Nós dormimos'', resume, desde o lado vermelho e branco, a leitura da solidariedade prestada ao Boca nas últimas horas. Alegam que oferecer a mão ao Boca só poderia ter tais consequências, questionando se o melhor a se fazer era realmente o que foi feito. Caso o River se apresentasse para jogar normalmente, o Boca corria o risco de ser declarado perdedor por não estar em campo.
A relação entre as duas equipes está profundamente quebrada, e a próxima reunião, marcada para a sede da Conmebol em Assunção, nesta terça, deve ampliar ainda mais a distância entre as instituições, fazendo com que um sentido comum seja cada vez mais difícil de ser atingido.
Entre os dirigentes de ambos os clubes, já circula a possibilidade de que a final seja em 8 de dezembro – antes disso, seria impossível pelo G-20 que será realizado em Buenos Aires até o dia 1º. Outra possibilidade ventilada pelos clubes é que a decisão ocorra em Montevidéu ou Santiago, com portões fechados.
O jornal ''La Nación'' deste domingo relatou que Angelici e Rodolfo D'Onofrio, presidente do River, trocaram gritos e xingamentos durante a tarde de caos no Monumental, mas que ambos se acalmaram e chegaram, em bons termos, à decisão conjunta anunciada na noite de sábado. E como será a relação entre ambos daqui por diante? Até os mais próximos não sabem o que responder.
Por fin: pelo lado do Boca, alega-se que o River nesta Libertadores sofreu no tapetão com o Racing (pelo caso Zuculini), com o Grêmio (pelo caso Gallardo) e agora vai ser pressionado pelos xeneizes pela emboscada ao ônibus dos jogadores.
Como favorecimento ao clube de Núñez, o Boca alega até a ausência do uso do VAR na voadora do zagueiro Pinola ante o atacante Benítez, do Independiente, nas quartas de final, em plena área de defesa. Se o árbitro de vídeo fosse acionado, os xeneizes consideram que o defensor do River seria expulso e que seria anotado um pênalti em favor do Independiente.
Ou seja: o River foi contestado nas oitavas (pelo Racing), nas quartas (pelo Independiente), na semi (pelo Grêmio) e agora na decisão contra o Boca.
O título é o de menos. A Libertadores 2018 está manchada para sempre.