Tevez assume papel inesperado na decisão
Tales Torraga
É bem provável que Carlitos Tevez esteja vivendo os últimos dias da sua carreira. O atacante de 34 anos já cansou de declarar que vai parar de jogar caso o Boca Juniors conquiste a Libertadores da América. E pelo fraco futebol demonstrado neste 2018, é difícil imaginar que ele siga em campo também em 2019, seja qual for o resultado do River x Boca do próximo dia 24, no Monumental de Núñez.
Tevez começou a partida do último domingo no banco de reservas, e entrou no lugar do extenuado Villa a 19 minutos do fim. Como bem definiu o jornal ''Clarín'' em sua edição desta segunda-feira, foi o ''suficiente para ele concentrar as atenções em uma decisão em que estava destinado a ser um simples espectador''.
Como nos velhos tempos, Carlitos encarou as patadas dos adversários, um recurso que parecia óbvio diante de um River com nada menos que seis jogadores pendurados. Em uma de suas primeiras ações, Tevez tomou un trancazo do colombiano Borré, que levou o amarelo que o tirou da finalíssima. Instantes depois, Carlitos aguentou em pé um carrinho feroz – e por trás – do zagueiro Maidana. Deixou Benedetto na cara do gol, para defesa milagrosa de Armani.
Seria Tevez – e o seu espírito guerreiro – a solução para o Boca erguer a taça?
Já há quem defenda, como o antigo ídolo xeneize Blas Giunta, que Carlitos deveria ser titular no próximo dia 24, especialmente depois da lesão de Pavón. E a razão para isso foi vista na própria saída da Bombonera no último domingo. Berrando palavrões, e com a veia do pescoço saltada, Tevez tentou convencer seus companheiros a sair de cabeça erguida da Bombonera – um aspecto de liderança em um Boca que conta com bom jogo e com um ataque realmente poderoso, mas que não vê, em seus jogadores, uma atitude aguerrida como a do passado.
(Para se ter ideia da falta de noção do atual capitão da equipe, o volante Pablo Pérez, ele jogou no último domingo com o tornozelo infiltrado porque chutou uma trave, por irritação, ao perder um gol diante do Rosario Central há três semanas.)
A sensação que hoje predomina na Argentina é a de que Tevez merece terminar sua carreira se matando em campo – um digno réquiem, convenhamos. É verdade que o seu rendimento é incompatível ao que já foi. Mas a sua experiência em tantos clássicos, como Corinthians x Palmeiras, Manchester United x Manchester City e Juventus x Milan, pode ser exatamente o que o Boca precisa para aguentar um dos jogos mais importantes e pesados da sua história.