Boca, River e AFA tentam mudar datas das finais
Tales Torraga
A Libertadores mais confusa dos últimos anos não poderia mesmo terminar de outra maneira senão em um novo caos. O River Plate não se vê fora da decisão. Em entrevista à CNN na noite de ontem (1º), Rodolfo D'Onofrio, presidente do clube, afirmou que o pedido do Grêmio pela vitória na partida de Porto Alegre não vai dar em nada: ''Não há nenhum artigo de regulamento que estabeleça que o River possa perder os pontos'', afirmou.
O que está gerando uma irritação gigante nos argentinos é a data escolhida para as finais. A Conmebol determinou que as partidas sejam nos dias 10 e 24 de novembro, dois sábados, às 16h, para atender seus interesses televisivos. Mas River, Boca, AFA (Associação de Futebol Argentino), os órgãos de segurança de Buenos Aires e até a Associação Israelita não se entendem com relação às datas e os horários das partidas.
Primeiro, River e Boca. Os dois clubes fincam pé na mudança atendendo a pedidos de vários lados. O primeiro deles é com o grêmio dos jogadores, que determinou que as partidas na Argentina aos sábados só podem começar depois das 17h. Tal determinação entra em vigor a partir do próximo dia 15.
Outro inconveniente que a decisão da Libertadores apresenta ao ser realizada nos sábados é a sequência do Campeonato Argentino, pois duas rodadas (as de número 12 e 13) precisariam ser completamente modificadas. ''Precisamos levar isso em consideração e respeitar os outros 24 clubes'', concordou D'Onofrio à CNN.
Há pressão também dos judeus para que as partidas sejam repassadas para a noite, para não coincidirem com o Shabat – as 24 horas, a partir do anoitecer de sexta-feira, dedicadas ao descanso e à meditação. Tanto D'Onofrio quanto Daniel Angelici, presidente do Boca, deram declarações apoiando a mudança, já solicitada através da Daia (Delegação de Associações Israelitas Argentinas).
A dificuldade de se fazer as partidas no período noturno, em qualquer dia, é a questão da segurança. ''O espetáculo que ocorre durante a tarde te dá certas garantias'', alertou Martin Ocampo, ministro de Justiça e Segurança de Buenos Aires, deixando claro que a polícia não gostaria de ver milhares de pessoas nas ruas adentrando a madrugada, em análise publicada hoje pelo jornal ''La Nación''.
Ou seja: a badalada decisão da Libertadores até aqui não tem o adversário do Boca formalmente definido e não tem dia e nem hora para acontecer. E é de se esperar que o caos e as disputas de bastidores estejam apenas começando – ainda faltam definir os árbitros para aquela que os argentinos estão chamando de ''as finais mais impactantes e polêmicas da história do futebol mundial''.