Boca x River, a final que o mundo nunca viu
Tales Torraga
Como dizem os argentinos: ''Ya está. No busque más''. A decisão de Libertadores entre Boca e River é inédita na história do futebol mundial. Jamais uma competição internacional teve uma final com a envergadura do superclássico argentino.
Que a decisão da Libertadores seja disputada entre as maiores equipes de um mesmo país é mesmo algo que jamais ocorreu. Os antecedentes aqui são as finais de 2005, entre São Paulo e Atlético-PR, e São Paulo x Internacional, em 2006, partidas que estão longe de representar uma rivalidade como a de Boca x River.
E tal grandeza jamais se viu também na Europa.
Quatro decisões de Champions League chegaram perto: a de 2003, entre Milan e Juventus, com vitória do Milan de Ancelotti; a de 2013, o título do Bayern em cima do Borussia Dortmund; e a dobradinha do Real Madrid em cima do conterrâneo Atlético em 2014 e 2016. Convenhamos: nenhuma das partidas chega sequer perto da rivalidade e das faíscas que marcam a história de um Boca x River.
Uma comparação mais cabível a este superclássico na final da Libertadores seria uma decisão de Copa do Mundo entre Brasil e Argentina, ou uma final de Champions League entre Barcelona e Real Madrid, duas combinações que jamais foram colocadas em prática.
O blog vem registrando que a histeria em torno do confronto é gigante desde o final de setembro. E o que vem por aí é algo realmente sem precedentes.
River e Boca, juntos, respondem por 70% dos 44 milhões da população de uma Argentina que está sufocada com esta apreensão. Parece que a ''vida comum'' vai ser arrancada da rotina. As TVs, os jornais, as rádios, os portais e as redes sociais não têm outro assunto.
Ora é a opinião de um psicólogo, ora é um político, ora é um professor. Ora é o documentário mostrando como Boca e River explicam o país, ora são as crianças palpitando o superclássico no colégio. Ora são os detalhes infinitos de dois jogos que prometem marcas profundas em vencedores e vencidos.
O diário ''Olé'' que circula hoje (1º) em Buenos Aires é preciso em sua síntese: ''O que vamos ver é uma dessas coisas que não temos dimensão. Às vezes, somos testemunhas eleitas pelo destino para fatos que vão ser falados por anos e anos, e que talvez não se repitam nunca''.