River faz o que o Cruzeiro precisa fazer
Tales Torraga
Tevez e Pratto sumiram, e Pity Martínez e Scocco brilharam na Bombonera neste domingo de clima impecable em Buenos Aires. A vitória de 2 a 0 do River Plate sobre o Boca Juniors no principal jogo do futebol argentino deixou três aspectos em evidência:
1) O Boca pode ter um verdadeiro timaço, mas o River, como Pratto já ressaltou, impõe mesmo mais caráter e atitude; 2) Os xeneizes não possuem um líder em campo e nem à beira dele. O técnico Guillermo Barros Schelotto virou um freguês de carteirinha de Marcelo Gallardo, que, com os dois deste domingo, marcou nada menos que cinco gols nas duas últimas vezes em que pisou na Bombonera; 3) A arbitragem foi um verdadeiro desastre, com sete árbitros (o juiz principal, os assistentes de linha e os árbitros atrás dos gols) e 70 erros.
O torcedor do Cruzeiro pode realmente ficar bem animado com o que foi visto hoje à beira do Rio Riachuelo. O Boca titubeou todo o tempo e demonstrou que não consegue mesmo gerar confiança em momentos importantes. Há um verdadeiro pânico ao não conseguir colocar em campo aquilo que é visto fora dele – um time estrelado e milionário que é presa fácil para o River desde a chegada de Gallardo. Embora a torcida tenha feito a sua parte e transformado a Bombonera em uma jaula insana, o time se encolheu de maneira constrangedora depois de cada um dos dois gols – dos golazos, em especial o de Scocco, un Scoccazo em plena Bombonera.
Schelotto armou mal o time e teve escancarada a sua falta de ascendência sobre o grupo com a quase briga entre Zárate e Cardona no final do jogo – com ambos à beira da expulsão porque estiveram a centímetros de sair na mão no momento em que o time mais precisava de cabeza no lugar para tentar diminuir a diferença – tal descontrole, óbvio, pode ser muito aproveitado pelo Cruzeiro, que vai encarar um time queimado (e queimando) por dentro, com o qual uma mera faísca pode desatar uma explosão de proporções inimagináveis para todo o alarde que a diretoria faz com este elenco.
Por fim, e por falar em Cruzeiro, vale ressaltar que o time brasileiro não é o único apunhalado pela arbitragem na Bombonera. O árbitro Mauro Vigliano ignorou o jogo violento do Boca e uma cotovelada animal de Cardona – de propósito e na cara de Enzo Pérez – ainda no primeiro tempo. Houve, porém, um pênalti não marcado ao Boca também no começo da segunda etapa. Un desastre, todo.
O River mantém a sua invencibilidade – já são impressionantes 29 partidas sem perder, somando a Copa Argentina, o Campeonato Argentino e a Libertadores. O Boca mantém o seu drama de demonstrar que tem muito pé-de-obra para pouco raciocínio.
Lidar com a típica histeria gerada por derrotas assim não vai fazer nada bem a Schelotto e companhia, enquanto Gallardo segue demonstrado que faz por merecer a chapa de melhor técnico do país (para muitos argentinos, El Muñeco só perde para Jurgen Klopp no posto de treinador mais competente do mundo).