Ainda sobre o melhor Boca da história
Tales Torraga
Bien, bien, bien, vale esclarecer e vale ainda mais pedir gentilmente para que o leitor repare, por favor, no que consta na descrição do blog, à direita:
Aqui a Argentina decime qué se siente nas patadas e gambetas (dribles) de seu futebol. Cor local, reflexão e informação.
Muchachos, o que colorimos, refletimos e informamos é o que os argentinos analisam, refletem e geram de informação. E qualquer um que esteve por aqui ou que tenha contato com a forma de pensar dos argentinos sabe que nosotros somos raros, complexos, eufóricos, exagerados, vamos do céu ao infierno en siete segundos.
E o que isso explica?
Para muitos, nada. Normal. Vida que segue. Para poucos, é a deixa para entender melhor como é a cabeza do país que é o maior campeão da Libertadores.
Pegando como exemplo o ''melhor Boca da história'', este de ontem que venceu o Cruzeiro por 2 a 0 na Bombonera. Não acordei um belo dia borracho pelos Bosques de Palermo pensando no que escrever para gerar cliques e armar peleas. Esta análise não saiu da minha ressaca – e sim de uma das vozes mais influentes do rádio argentino. Estamos falando de Alejandro Fantino, da Rádio La Red, que era o narrador dos jogos do Boca na Era Bianchi, e quem quiser acompanhar o seu rico raciocínio é só clicar abaixo.
Fantino fala de qualidade de elenco, e a sua opinião é pesada e vale reflexão (afinal, para isso vivemos, não?).
Eu, Fantino e qualquer um que tenha vontade de buscar informações sabe que o Boca de 2007, para ficar em uma só formação clássica, tinha Riquelme, Palermo e Palacio como titulares. Un equipazo, claro. Mas que perdia consideravelmente a qualidade se precisasse recorrer aos reservas. Vamos lá, quais eram os suplentes: Insúa (!), Guglielminpietro (!!), quem mais?
O Boca atual se dá ao luxo de escalar Zárate, Pavón e Benedetto e deixar fora Gago, Tevez, Cardona e Wanchope Ábila! Riquelme merece nota 10, Palermo merece nota 9 – mas quando ausentes, cediam espaço a jogadores nota 4 ou 5. No atual Boca, quando um jogador nota 8 deixa o campo, entra um outro nota 7,5. Espantoso, che.
É sobre isso que falamos. É sobre esta pressão que o Boca precisa assimilar.
O pensamento argentino possui cinco ganhadores do Prêmio Nobel. Precisamos respeitá-lo.
A questão toda é a seguinte: como o Boca monta um elenco que é visto – socialmente cobrado, exigido, brigado… – como o melhor de sua história, passa este sufoco, perde para o Palmeiras e quase fica fora ainda na primeira fase?
Já comentamos antes: apesar da pompa de bicampeão buscando o seu inédito tri na Argentina, este Boca andava bem meia-boca e o despejo de dinheiro poderia causar até a saída do atual presidente do clube.
Ah sim, 1: interpretar os posts só lendo os títulos não é justo (especialmente com a sua inteligência).
Ah sim, 2: tranquilos, muchachos, por favor!
Ah sim, 3: enquanto o Brasil reclama do VAR e da verdadeira e enorme maldade que fizeram ontem com o Cruzeiro na Bombonera, a Argentina já projeta em detalhes como será este Boca x River que se apresenta como muy probable final da Libertadores. Recorremos de novo ao Fantino – não por nenhuma predileção específica, apenas por sua transcendência na Argentina.
Convenhamos que AFA e Conmebol não poderiam delirar mais com uma última e épica decisão de Libertadores – jogos ida e volta, locais e visitantes – com um Boca x River na decisão.
Nada novo.
Ainda em fevereiro relatávamos que a Argentina já enlouquecia com o complô pró-Boca que se avizinhava.