Patadas y Gambetas

Como os times argentinos chegam a esta semana decisiva de Libertadores?

Tales Torraga

O blog situa a partir de agora a situação de cada um dos seis clubes argentinos que vão jogar a vida – e un poco más… – nesta semana muy picante de Libertadores:

INDEPENDIENTE (joga contra o Santos às 19h30 desta terça. Resultado da ida: 0 a 0)
O time comandado por Ariel Holan surfa numa autossuficiência raríssima de se ver. Está se considerando mais do que capaz de segurar o Santos no Pacaembu lotado. Lembra que venceu o Corinthians em Itaquera, foi campeão em cima do Flamengo no Maracanã entupido de gente e só empatou com o Grêmio em Porto Alegre na decisão da Recopa porque tinha um a menos.

É, de fato, um time muito copeiro. E que se esquiva de qualquer polêmica com relação ao ''caso Sánchez'' com uma máxima difícil de rebater: quem pode acusar o Independiente, dentro do regulamento, de apenas querer cumprir as leis? No Argentino, a situação não é favorável: perdeu por 1 a 0 para o Defensa y Justicia em casa no sábado com um time misto. Estará completinho e com os dentes apertadíssimos em campo – e com um gênio à beira dele, como é Ariel Holan. Há ainda, um cuidado extra com o entorno. O time vai ficar hospedado em um hotel bem perto do Aeroporto de Guarulhos e vai se movimentar pela cidade com cuidado para não sofrer com a fúria da torcida do Santos pela eventual vitória por 3 a 0 dada pela Conmebol. O clube até divulgou uma nota de bons modos aos torcedores argentinos que estarão na capital paulista, pedindo para que eles evitem gestos e palavras racistas (!).

ATLÉTICO TUCUMÁN (pega o Atlético Nacional às 21h45 de terça. Ganhou a ida: 2 a 0)
É a grande surpresa argentina das últimas Libertadores – mais até que o Lanús semifinalista do ano passado, que superou, na bola, o San Lorenzo nas quartas. O Tucumán é um nanico confesso de pouquíssimos recursos, mas com um time enlouquecido, capaz de surpreender grandes da Argentina e da América, como o Atlético Nacional. Vem de vitória no Argentino: 2 a 1 no Colón na sexta, com o reserva.

Vale muito a pena ficar de olho no atacante PR7 – Pulguita Rodríguez, de 33 anos, uma lenda no clube por sua entrega, e no competentíssimo técnico Ruso Zielinski, um técnico que segue candidato a milagres (era ele que comandava o Belgrano que mandou o River à B Nacional em 2011). 

ESTUDIANTES (enfrenta o Grêmio às 21h45 de terça. Ganhou a ida: 2 a 1)
O Estudiantes está relaxado e sem se considerar minimamente favorito contra o Grêmio. Os times argentinos são perigosos demais nesta condição. A equipe atual do Pincha é uma mescla de jovens e medalhões que, em tese, não teria a menor chance de incomodar o campeão da América, mas o resultado da ida em Quilmes provou que o Grêmio precisa tomar mais cuidado. Ainda assim, não dá para olhar o Estudiantes como favorito a avançar – o próprio histórico Alejandro Sabella, em uma homenagem na semana passada na Universidade de La Plata, disse que o clube precisa terminar o seu novo estádio, para só depois se preocupar em reforçar o time. E é esta a sensação que reina entre a torcida.

Atuou com os reservas e perdeu por 2 a 1 para o Belgrano pelo Argentino na sexta.  La Gata Fernández está machucado e não deve atuar no Sul. Ojo: o Estudiantes vem de vitória recente sobre o Boca no Argentino por 2×0 com bolas paradas muito bem trabalhadas.

RIVER PLATE (segue o 0 a 0 da ida com o Racing às 19h30 de quarta)
O time do Muñeco Gallardo vive uma loucura: não perde há 23 partidas, mas não consegue fazer um gol há quatro jogos. Pratto, que vinha jogando bem e deixando os seus, entrou numa seca brava e agora é bastante questionado. A quarta-feira está propícia à sua redenção. O clube ainda estuda se vai poder escalar Zuculini no lugar do caudillo Ponzio – como ninguém reclamou a sua escalação nas partidas anteriores, o volante está inclusive habilitado para atuar nesta quarta.

As lesões são um problema. Scocco e Pity Martínez vão ser aguardados até o último momento. Gallardo confia nos substitutos: ''Adoro que nos vejam por baixo''. O último 0 a 0 pelo Campeonato Argentino, contra o Argentinos Juniors no Monumental, teve os titulares em campo e mostrou duas coisas: 1) A defesa está bem, com o goleiro Armani brilhando como poucos outros; 2) O ataque anda terrível. Cheiro de pênaltis no Monumental que deve estar lotado e enlouquecido como nunca neste ano.

RACING (segue o 0 a 0 da ida com o River às 19h30 de quarta)
A Academia continua esperneando pela escalação de Zuculini na partida de ida – para a maioria da imprensa, uma simples ''tribuneada'', o famoso ''jogar para a torcida'', depois de ver o Independiente acionar a Conmebol pela participação de Carlos Sánchez. Atropelou o Patronato por 3 a 0 na última rodada do Argentino, na sexta, usando um time misto. Chega mais inteiro que o River, até por contar com os seus titulares frescos e pressionados a dar tudo em campo.

O time do Racing é pior que o do Racing, mas merece respeito e tem condições totais de obter a vaga no Monumental. Mas será realmente difícil demais. Insistimos: está com cheio de pênaltis.

BOCA JUNIORS (fez 2 a 0 no Libertad na Bombonera. Joga às 19h30 de quinta)
Está muy tranquilo depois da vitória da ida, e o 0 a 0 deste domingo no Ducó contra o Huracán só serviu para dar ritmo a Fernando Gago, que voltou de lesão, em meio a vários reservas. Tevez sequer ficou no banco. Segundo a comissão técnica, para preservá-lo para a Libertadores.

O Boca perdeu o zagueiro Izquierdoz, machucado, e não sabe se escala Zárate ou Wanchope Ábila como centroavante. O time tem assumido um protagonismo desnecessário nas críticas ao River pelo ''Zucugate'', como tem sido chamado o caso do volante que não deveria ser escalado. Olhar mais para o rival do que para si: esta praticamente tem sido a rotina do Boca nas últimas temporadas internacionais com relação ao River.