Líder na Argentina, Bauza valoriza sua passagem pela seleção
Tales Torraga
O técnico líder da Argentina é um grande conhecido do futebol brasileiro. Estamos falando de Edgardo ''Patón'' Bauza, comandante do Rosario Central que aparece na primeira colocação da tabla do Campeonato Argentino depois de duas rodadas. É o único com seis pontos, com vitórias sobre o Banfield e o Talleres, ambas por 1 a 0 (e isso te diz algo, torcedor do São Paulo?).
Bauza está com 60 anos e voltou à Argentina depois de dois anos e meio, período em que comandou quatro equipes diferentes. Pela ordem: o São Paulo e as seleções de Argentina, Emirados Arábes e Arábia Saudita. Tal qual um Felipão que vê o retorno ao Palmeiras como ''uma volta para a casa'', Patón fez o mesmo ao aceitar a proposta de retornar ao Central depois de 17 anos – deixara o clube em 2001. Bauza foi um dos maiores ídolos da história do clube. Zagueiro com mestrado e doutorado em patadas y piñas, ele tem se destacado hoje por duas coisas em falta no futebol argentino. 1) Jogar o mais simples possível. 2) Confiar em caciques em cada uma das linhas do campo.
Na defesa, o seu técnico em campo é o zagueiro Caruzzo, ex-Boca, aquele que teve a mão mordida por Emerson Sheik. No meio-campo, quem cumpre este papel é Ortigoza, e no ataque a missão é de Marco Ruben.
Bauza está parecendo o…Bauza cativante e sincero dos tempos de San Lorenzo, bem diferente do técnico assustado e cheio de tiques do tempo de seleção argentina. Ele não comenta nada em público, mas valoriza a sua passagem pela equipe nacional por um motivo bastante fora do comum – percebeu que o futebol precisa ser praticado da maneira mais simples possível, quase à moda antiga, sem deixar que os caprichos dos jogadores sejam colocados acima das referências traçadas pelos técnicos. ''Representar a seleção é o mais lindo que existe, me surpreende que treinadores e jogadores não queiram passar por isso'', tem repetido nesta semana em que é uma figurinha fácil nos programas de futebol nas rádios e nas TVs da Argentina.
Fiel ao seu estilo, o Patón se recusa a falar até onde pode chegar o seu Central. ''Vamos brigar. Temos um time com jogadores altos e fortes. Cabe a mim aproveitá-los'', assegurou, mostrando os dentes, mostrando o que espera de seus jogadores em campo. ''Ortigoza, por exemplo, é um craque. Tem autoridade e é um líder nato. Ele e Caruzzo representam o que mais quero em campo.''
O Central não conquista o Argentino desde 1987. Para quem acompanha mais de perto o futebol no país, parece missão praticamente impossível que os canallas, como são chamados, desbanquem Boca, River e Independiente, os três times mais fortes da Argentina, em um campeonato de 25 rodadas e pontos corridos.
Mas questionar a capacidade de briga de Bauza, Ortigoza e companhia não é atitude das mais inteligentes. O título é realmente difícil. Mas uma vaga para a Libertadores-2019 não. Os quatro melhores do Argentino avançam direto à competição continental.