Balada tira Centurión da Copa do Mundo
Tales Torraga
A grande surpresa da lista dos 23 argentinos que vão à Rússia que Jorge Sampaoli acaba de anunciar em Buenos Aires é a entrada de Maximiliano Meza, do Independiente, que convenceu o treinador de que é uma aposta mais confiável do que Ricardo Centurión, o ex-são-paulino que hoje atua no Racing.
Em público, Sampaoli diz que a escolha por Meza foi técnica e tática. O ótimo meia do Rojo atua (e bem) na armação, no ataque e na marcação – uma das suas muitas funções no Independiente foi no doble cinco armado por Ariel Holan em partidas pontuais. ''Doble cinco'' é como os argentinos chamam a dupla de volantes.
Centurión, claro, não oferecia tal polivalência a Sampaoli. Sua virtude como reserva de Di María na Rússia seria o jogo rápido e driblador. Mas não foi nenhuma condição técnica ou tática que o tirou da Copa – e sim o seu comportamento.
O Racing passou por um vexame histórico na última quinta-feira ao perder por 1 a 0 e ser eliminado da Copa Argentina pelo Sarmiento de Resistencia, da Terceirona. E o que Centurión fez depois do jogo? Foi a uma boate comemorar o aniversário de Darío Benedetto, seu ex-companheiro do Boca. A aparição de Centurión caiu mal entre a torcida do Racing e foi digerida de maneira ainda pior por Sampaoli, que desistiu de levá-lo à Rússia por este deslize que se soma a tantos outros.
O blog apurou que Sampaoli e seus auxiliares consideraram o comportamento de Centurión como um tema de constante atenção em plena Copa – e que faria mais sentido se livrar desta eterna interrogação em um mês tão desgastante quanto o Mundial. A escolha foi fechada também pelo comprometimento que Meza demonstrou na última convocação, nos amistosos ante Itália e Espanha.
Uma das vozes que mais pesaram nos bastidores da seleção foi a de Lionel Messi, que demonstrou a Sampaoli ter ficado surpreso com a postura adulta e tranquila do atleta de 26 anos do Independiente em sua estreia na seleção.
Sampaoli tanto botava fé na utilidade de Centurión que considerava deixá-lo no mesmo quarto de Messi durante a Copa. No fim, El Pelado Sampa ponderou que a possibilidade de Centurión estressar Messi era bem maior do que a chance de ''domesticar'' o jogador do Racing que vive um claro caso de auto-sabotagem.
Há dez meses, horas antes de fechar sua permanência no Boca, onde era camisa 10 e ídolo, Centurión pôs tudo a perder brigando numa balada. Na semana passada não houve briga, mas sim o péssimo padrão de agir de maneira negativa diante de uma situação que poderia representar tanto ganho para a sua vida profissional.