Patadas y Gambetas

Fernando Redondo, “O Príncipe”. Vem aí mais um grande técnico argentino?

Tales Torraga

Quem viu o volante argentino Fernando Redondo jogar, não esquece e nem vai esquecer da elegância, dos passes inteligentes, dos desarmes, da eloquência ao falar e da…rebeldia ao comprar briga com treinadores.

Treinadores. Exatamente o que ele agora está prestes a ser.

Redondo se inscreveu em um curso em Madri para começar a nova carreira ainda este ano – e de preferência na Europa, onde foi um imponente craque de Milan e Real Madrid. Na Argentina, Redondo suou apenas uma camisa, a do Argentinos Juniors, de 1985 a 1990, antes de se mudar para o Tenerife e iniciar sua carreira de primeiríssimo nível no Real em 1994.

Se o intelecto fosse a única condição para formar um grande treinador, Redondo seria um dos gigantes em pouco tempo. Ele criou muitas rixas na seleção argentina pela sua bagagem cultural, o que lhe conferiu um incômodo rótulo de pedante.

Em 1990, Redondo se recusou a jogar a Copa do Mundo porque queria terminar a faculdade de economia (abaixo), razão que nem a Argentina e nem o então técnico Carlos Salvador Bilardo jamais entenderam. Alguém cogitaria isso no Brasil?

Em 1994, no Mundial dos Estados Unidos, Alfio Basile precisou separar uma briga entre Redondo e Maradona porque Diego queria sair na mão com ele depois de uma discussão na qual para Maradona os únicos argumentos restantes foram os punhos, e não o diálogo, como El Diez descreve em seu picante livro.

Fernando também abriu mão das Copas de 1998 e 2002. Em 1998, encarou Daniel Passarella, que queria fazê-lo jogar de uma maneira que o volante não concordava, e passou para a história a versão de que Redondo se negou a cortar o cabelo, algo que o técnico exigiu de fato de todos os jogadores. Em 2002, apesar do bom trato com Marcelo Bielsa, Fernando disse que precisava poupar o combalido joelho e se dedicar apenas aos clubes – já defendia então o Milan.

Redondo está com 47 anos. Depois de largar o futebol em 2004, aos 33, trabalhou como comentarista, embaixador e empresário. Seu filho, também Fernando Redondo, de 18 anos, é atacante do Tigre, da Argentina.