O drama de Fernando Gago: “Pensei em largar o futebol”
Tales Torraga
Há dez anos, Fernando Gago surgiu tão bem para o futebol que logo foi comparado a outro Fernando – o Redondo, talvez o mais estiloso volante da década de 90.
Em comum, duas camisas pesadas: a da seleção argentina e a do Real Madrid.
(Gago soma 61 jogos pela Seleção e cinco temporadas – 06 a 11 – pelo Real.)
Hoje com 30 anos, Gago completa na semana que vem uma temporada inteira sem atuar com frequência. Luta para não jogar a toalha e largar o futebol. ''Pensei nisso sim. Não tinha nenhuma vontade de fazer a recuperação'', contou em Buenos Aires.
Cria do Boca, Gago voltou ao clube da Ribera em 2013. Em dois jogos contra o River – no Monumental, em 13 de setembro de 2015; na Bombonera, no último 25 de abril – lesionou o mesmo lugar, o Tendão de Aquiles do pé esquerdo.
Na primeira vez, caiu sozinho aos 13 segundos (!!) de jogo.
Luta agora para voltar em meados de outubro. E conta com um apoio essencial: Patón Bauza já declarou que pretende avaliá-lo o quanto antes.
Gago foi titular da Argentina na Copa de 2014. Foi com sua saída que volantes de técnica inferior – Biglia, Fernandez e Pérez – ganharam o espaço que têm hoje.
Terá 32 anos no Mundial da Rússia. Poderá reafirmar a poderosa dupla com Mascherano. Mas os objetos iniciais são outros. Bem mais próximos e sensíveis.
O futebol argentino não é confortável para recuperados. Precisará de paciência.
Em casa, a encontra na mulher, a ex-tenista Gisela Dulko, com quem tem um filho.
No Boca, tem a inspiração de Palermo, que arrebentou os joelhos e jogou uma Copa aos 35 anos, a de 2010, na África do Sul, quando fez até gol, contra a Grécia.
Dos árbitros e dos rivais? Pouco se espera. Seu apelido (muito maldoso) em Buenos Aires é Lady Gago por levar a pior numa briga com Ponzio, do River.
Até apresentadores da TV reforçam a maldade. Como Fantino no Canal América.
O nome de seu programa? Animales Sueltos.
Ciudad de la furia. Así es. Buenos Aires se ve tan susceptible…