Patadas y Gambetas

Nome de zagueiro do River homenageia craque do Brasil de 1982. Saiba qual
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Tales Torraga

Atual campeão da Libertadores, o River Plate visita o The Strongest na Bolívia às 19h30 de hoje (16) com uma novidade – a volta do zagueiro Eder Álvarez Balanta.

Quem associou, acertou. O nome do colombiano Balanta foi inspirado em Éder, ponta do Brasil na Copa do Mundo de 1982. A escolha foi do tio materno – fanático e paciente. Balanta é de 1993, 11 anos depois do estouro do ''Canhão da Copa''.

O Brasil de 1982 batiza também outro jogador da Colômbia, o atacante Falcao García, hoje no Chelsea – há dez anos, despontava no mesmo River de Balanta.

Recém-recuperado de lesão na coxa, Eder Balanta tentará reforçar a defesa que levou 4×1 do Colón no último domingo. A contusão e o péssimo resultado agravam a ''missão impossível'' que é enfrentar os 3.600 metros da altitude boliviana.

Argentinos (time e seleção) jogaram 43 vezes em La Paz, com só 8 vitórias (7 entre 1957-1973 e a última em 2005). Outro dado pior: 23 visitas de times argentinos desde 1982 – 20 derrotas e 3 empates (Boca 2007 e 2016 e Estudiantes 2010).

Mais que nunca, o rock que a torcida do River dedica a Balanta fará sentido hoje: Arriba, morocho, que nadie está muerto! Para cima, moreno, ninguém está morto!

Nos empezamos de golpe
Nos saboreamos de prepo
Como salidos de un cuento de amor
Vos venías de un viaje de mochilas cansadas
Yo pateaba verano sin sol

Y en el escolazo de los besos
Cantamos bingo y así andamos
Sin nada de mapas ni de candados

Arriba morocha
Que nadie está muerto
Vamos a punguearle a esta vida amarreta
Un ramo de sueños
Avanti morocha no nos llueve tanto
No tires la toalla, hasta los más mancos
La siguen remando

Nunca dejo que un ángel haga un nido en mi almohada
Pero me acuerdo tarde, mi amor
Hoy me siento a la sombra de tus piernas dormidas
Y le converso a mi insomio de vos

Y como los fantasmas del recuerdo
Salen de noche a patotearte
Vos andás descalza y en puntas de pie

Arriba morocha
Que nadie está muerto
Vamos a punguearle a esta vida amarreta
Un ramo de sueños
Avanti morocha no nos llueve tanto
No tires la toalla, hasta los más mancos
La siguen remando

Es tan fácil perderse en las calles del miedo
No me sueltes la mano mi amor
Mi casa es un desastre sin tu risa
No me dejaste ni las mias
A cara de perro estoy extrañandote

Arriba morocha
Que nadie está muerto
Vamos a punguearle a esta vida amarreta
Un ramo de sueños
Avanti morocha no nos llueve tanto
No tires la toalla, hasta los más mancos
La siguen remando


Por separação, árbitro da final da Copa de 2006 deixava de marcar pênaltis
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Tales Torraga

Único árbitro a comandar abertura e final da mesma Copa do Mundo, a de 2006, na Alemanha, o argentino Horacio Elizondo reconheceu em livro recém-lançado que problemas conjugais influenciaram o resultado de seus jogos.

Elizondo e Zidane na final de 2006

''Os pênaltis aconteciam na minha cara e eu pedia: 'Siga, siga''', afirmou Elizondo em 'La Palabra Hecha Pelota', 'A Palavra Feito Bola', de Alejandro Duchini. ''Isso ocorria no meu divórcio, rearmando a vida. (…) Um diretor me disse: 'Você está correndo na área. Fique firme lá. A área é onde as decisões são importantes'.''

Elizondo percorre a Argentina em clínicas também com crianças

''Quando ele me disse 'firme' e 'decisões importantes', veio então o clique de tudo que vivia. Vinha trabalhando na terapia, mas não encontrava a razão dos pênaltis.''

''Por algo que acontecia no gramado, descobri um mistério fora. Quando tomei uma decisão fora, comecei a marcar os pênaltis.''


Elizondo tem 52 anos e pendurou o apito pouco depois de expulsar Zidane em 2006. Até mês passado, era diretor de arbitragem na Federação Paraguaia.

'La Palabra Hecha Pelota' é sensacional – digno exemplar da prosa argentina apreciada em todo o mundo. ''Usamos o futebol como desculpa para falar de outras coisas'', resume o autor. Tem 351 páginas e é vendido aqui.


Tevez marca aos 46min do segundo tempo e Boca vence de virada no Argentino
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Tales Torraga

Carlitos Tevez ''foi com a alma'', como definiu a imprensa argentina, e decretou o Boca 2×1 Unión de Santa Fe na noite desta segunda-feira (14) na Bombonera.

O Boca saiu perdendo (14min do segundo) e virou com gols de dois ex-corintianos: Lodeiro (18min) e Tevez.


Sexto colocado depois de sete rodadas, o Boca está a cinco pontos do líder do seu grupo no Argentino, o Lanús, que soma 16.

Foi a primeira vitória do técnico Guillermo Barros Schelotto em quatro jogos. Havia empatado os três anteriores ante Racing, River (ambos 0x0) e Bolívar (1×1).

O gol contra o Bolívar na Libertadores também só saiu nos acréscimos – em cobrança de falta de muito longe de Carrizo.

Jogador histórico do Boca, Schelotto foi recebido com especial carinho na Bombonera – ontem, seu primeiro jogo com torcida lá.

O Boca volta a atuar na Libertadores em 7 de abril, contra o Bolívar, em seu estádio.


Contusão, ansiedade e jejum. O complicado retorno de D’Alessandro ao River
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Tales Torraga

Andrés D'Alessandro completou ontem seu quarto jogo desde que deixou o Internacional em Porto Alegre e voltou ao River Plate – e não ganhou nenhum.

D'Alessandro, a um mês de completar 35 anos

Agora são um empate, 1×1 contra o São Paulo na Libertadores, e três derrotas. A de ontem, a pior de Marcelo Gallardo, e justo em seu jogo cem: com os reservas, 4×1 para o nanico Colón de Santa Fe no Cemitério dos Elefantes.

Cemitério dos Elefantes, o famoso apelido do estádio General Estanislao López.

O River é só o décimo colocado em seu grupo com 15 clubes no Argentino.

Camisa 22, D'Alessandro aos 22 minutos do segundo tempo já estava no banco de reservas. Saíra para a entrada do volante Arzura. Gallardo temia sofrer mais gols. Estava com jogador a menos em campo.

D'Alessandro retornou ao River há exatamente um mês. Titular, foi até o fim e não se destacou na derrota por 3×2 para o Belgrano. Contra o Godoy Cruz, no Monumental, entrou aos 18 minutos do segundo tempo e, no fim, se lesionou.

Capa do Olé! de 19 de fevereiro

Estava 1×1 quando deixou o banco. Terminou 2×1. Atribuiu a contusão à ansiedade.

Vieram depois o 1×1 contra o São Paulo em Buenos Aires e o 4×1 contra o Colón.

D´Alessandro ontem contra o Colón / Olé!

Apontada como principal contratação da Argentina na temporada, a volta de D'Alessandro ao River começa a incomodar a torcida como os retornos de Aimar e Saviola no ano passado. Ambos terminaram em grande decepção.

A um mês de completar 35 anos, D'Alessandro nesta quarta (16), às 19h30, contra o The Strongest, nos 3.600 de altura de La Paz, tem oportunidade de mudar o cenário.

Capa da torcida 1986, especializada no River


Perfumo, mito do Cruzeiro: susto com macumba e briga com Pelé e Rivellino
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Tales Torraga

Histórico zagueiro argentino, Roberto Perfumo morreu anteontem (10) ao sofrer AVC e cair em uma cantina de Puerto Madero, bairro turístico de Buenos Aires. Tinha 73 anos. Há 45, chegou a Belo Horizonte para defender – e como! – o Cruzeiro.

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Robertos – Rivellino e Perfumo no Pacaembu em 1971 / Placar

Esteve perto do Vasco e do São Paulo, mas, aos 28 anos, desembarcou no Aeroporto da Pampulha para começar sua história celeste.

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Perfumo, o filho Javier Gustavo e a mulher Mabel na Belo Horizonte de 1971 / O Estado de Minas

O Brasil dos anos 70 era terra mítica do futebol, uma Xanadu da bola. Estádios de quase 200.000 pessoas curtiam grandes jogos, craques e técnicos. Domingo, quarta e domingo. O ano todo. E sem brigas.

Apontada na Argentina até hoje como a melhor da história, a Seleção de 1970 jogava toda no Brasil. Do 1 ao 11, de Félix a Rivellino, confrontados pelo capitão argentino Perfumo, melhor zagueiro da Copa de 1966.

Perfumo, Raul e Fontana. Estrelas de um Cruzeiro dos sonhos

Sofreu de cara com a comida, com o português e com um espaço no Cruzeiro de Piazza, Nelinho e Tostão. Mas logo brilhou, forte e elegante. Mariscal. O Marechal.

Revista Placar com o relato de sua chegada

Morava no Centro, Afonso Pena com Espírito Santo. Agraciado pela hospitalidade mineira por todos os lados – e em especial pelo goleiro Raul e pelo companheiro de defesa Procópio, os mais próximos dentro e fora de campo.

1973: Nelinho, Piazza, Darci, Raul, Perfumo e Vanderlei; Guido (comissão técnica), Eduardo, Zé Carlos, Palhinha, Dirceu Lopes e Joãozinho

Em time tão forte, ganhou tranquilo o bicampeonato mineiro 1972- 1973.

Seus duelos contra craques de Rio e São Paulo foram simplesmente históricos.

Contra Rivellino, por exemplo. A patada atômica contra a patada argentina. Perfumo enfrentou – e anulou – o craque da Seleção e do Corinthians duas vezes, dois 0x0. Pelo Brasileiro de 1971, no Pacaembu, e o de 1973, no Mineirão.

Saía soco, chute, cotovelada e…tudo bem. No pasa nada. ''Ninguém chorava. Se chorasse, os próprios colegas de time te enchiam de porrada'', dizia o Mariscal.

Pelé e Perfumo se encaram no Maracanã em 1970

''A gente herdou a coisa do futebol bem machista. Uma vez arrebentaram a cabeça do Charro Moreno com uma pedrada. E o médico, no intervalo, disse: 'Por que não me avisou? Eu te atendia'. Moreno respondeu: 'Capaz que te daria este gosto'. Com uma pedrada, hoje, te suspendem o estádio seis meses.''

Perfumo enfrentou Pelé três vezes – as três no Brasileiro 1973. No Pacaembu, 0x0 e 1×0 Santos. No Morumbi, 3×1 Cruzeiro, gols de Dirceu Lopes, Palhinha e Nelinho.

Revista El Gráfico de 1973

''O bom jogador precisa ser mau com o adversário. Pelé aconselhou isso a Maradona. Ele tinha maldade. Defendia-se com perfeição, El Negro.''

Perfumo foi vice-campeão brasileiro em 1974. No Maracanã de 115.000 pessoas, perdeu por 2×1 para o Vasco. Até hoje reclamam do anulado gol de Zé Carlos.

Perfumo (à direita) na decisão do Brasileiro 1974

Perfumo só se assustava com as macumbas, totalmente desconhecidas na Argentina. Os cruzeirenses jogavam areia de cemitério no gol. Ou acompanhavam o adversário soltar, de uma gaiola, um passarinho preto quando perdiam. No ponto:

Outra vez, acompanhando Dirceu Lopes, viu a curandeira mastigar o pé do amigo.

Como jogador do Cruzeiro e capitão da seleção argentina, cumprimentou Cruyff em 1974, na Copa do Mundo da Alemanha, dos imensos orgulhos da história do clube.

Como atleta do Cruzeiro, apertando a mão de Cruyff

Depois do Mundial, voltou a Buenos Aires, a pedido da mulher.

Em 1975, iria parar, mas aceitou a proposta do River e fez dupla com Passarella.

É expressão argentina até hoje: ''Passarella machuca, Perfumo termina de matar''.

Seu pupilo foi o grande zagueiro da década seguinte, capitão da primeira Argentina campeã do mundo em 1978. Dimensão da grandeza e generosidade do Mariscal.

Perfumo (33 anos) e Passarella (22) em 1975

A morte de Perfumo comoveu o Cruzeiro. ''Sua passagem pelo clube foi muito bonita'', disse Tostão. ''Sempre alegre, carinhoso, de fácil convivência. A lembrança que fica é a de uma pessoa muito gentil. Muitas saudades.''

Perfumo em 2011 / Futebol Barretos

Vale conferir a ótima entrevista de Cláudio Guimarães com Perfumo.


1 gol em 3 jogos. Libertadores vê Boca de Tevez com pior ataque em 34 anos
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Tales Torraga

Uma bomba de mais de 30 metros, típica da altitude. Em cobrança de falta aos 49min50s do segundo tempo, o Boca Juniors chegou enfim ao primeiro gol nesta Libertadores. Foi o do empate de 1×1 com o Bolívar nos 3.600 de altura de La Paz.

Tevez contra o Bolívar

E nem foi de atacante. Foi do meio-campista Carrizo, que pediu a Tevez – em campo por todos os minutos da campanha – para cobrar a falta que encerrou o jogo.

O gol salvou até mesmo a eventual classificação do Boca. Perdendo ontem, precisaria vencer os próximos três jogos. Dois na Bombonera, contra o Bolívar (7.abr) e Deportivo Cali-COL (20.abr), e em Avellaneda, contra o Racing (13.abr).

Lodeiro e Carrizo / AFP

Com três empates em três jogos, o Boca é o terceiro do grupo, mas pode até perder para o Racing e se classificar em segundo.

A seca de 468 minutos sem gols vinha desde 20 de fevereiro, contra o Newell´s no Argentino. Também o primeiro em três jogos do técnico Guillermo Barros Schelotto.

Titulares do Boca contra o Bolívar

Para achar um Boca de ataque tão pobre na Libertadores é preciso voltar até 1982, 17 participações atrás do clube na competição. Em grupo com River Plate e os bolivianos do Jorge Wilstermann e The Strongest, o Boca terminou o primeiro turno da fase de grupos sem gols e só 1 ponto do 0x0 com River. Eliminado de cara.

Desempenho mais fraco, mas com mais gols, ocorreu em 1994. Apenas 1 ponto (empate com o Vélez) e 2 derrotas (Cruzeiro e Palmeiras) ao fim de 3 jogos e 3 gols.

A situação é oposta à de 2015, quando o Boca somou 6 vitórias em 6 jogos, marcou 19 gols e só sofreu 2 em grupo com o Wanderers-URU, Palestino-CHI e Zamora-VEN. Foi eliminado pelo River nas oitavas.

O rival foi o pior classificado da primeira fase – só 7 pontos. No primeiro turno, 2 pontos e 2 gols. Em 5 de agosto, erguia a Copa diante do Tigres-MEX.

No ano anterior, 2014, o campeão San Lorenzo fez o mesmo. Passou de fase com a pior campanha – 8 pontos, 4 ao fim do primeiro turno com 2 gols marcados.


Mais que surpreender, a pobreza do Boca espanta. Com Gago, Orión, Cata Díaz, Osvaldo, Tevez e Lodeiro (que não aparece na capa), era dado na Argentina como virtual campeão. Até pela pressão nos bastidores que Mauricio Macri, atual presidente do país e ex-mandatário do Boca, poderia exercer em favor do clube.

A capa da revista El Gráfico do mês passado mostrava: ''O Boca armou o plantel mais poderoso do futebol argentino e é o favorito para ganhar todos os torneios. Poderá impor esta hierarquia e evitar problemas de disciplina?''.

Como na Argentina exagero e futebol são como bola e gramado, já há quem aponte que os amigos Tevez e Calleri vão dar adeus à Libertadores antes das oitavas.


Adeus, Mariscal
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Tales Torraga

ROBERTO ALFREDO PERFUMO
* 3 de outubro de 1942, Sarandí
+ 10 de março de 2016, Buenos Aires (73 anos)


Que en paz descanse. Q.E.P.D.

Poder decir adiós es crecer.

Suspiraban lo mismo los dos
Y hoy son parte de una lluvia lejos
No te confundas no sirve el rencor
Son espasmos después del adiós

Ponés canciones tristes para sentirte mejor
Tu esencia es más visible 
Del mismo dolor
Vendrá un nuevo amanecer 
 
Tal vez colmaban la necesidad
Pero hay vacíos que no pueden llenar
No conocían la profundidad
Hasta que un día no dio para más

Quedabas esperando ecos que no volverán
Flotando entre rechazos
Del mismo dolor
Vendrá un nuevo amanecer 
 
Separarse de la especie
Por algo superior
No es soberbia, es amor

Poder decir adiós
Es crecer


Gênio precoce. 6 itens que justificam apelido de técnico rival do São Paulo
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Tales Torraga

River Plate e São Paulo jogam hoje às 19h30 tendo ao lado do gramado do Monumental os técnicos que ganharam as duas últimas Libertadores.

Edgardo Patón Bauza, 58 anos, vencedor pelo San Lorenzo em 2014, hoje no São Paulo, e Marcelo Gallardo, 40, campeão pelo River que dirige nesta noite portenha.

A diferença de idade entre Bauza e Gallardo é evidente. Patón estreou como técnico em 1998, ano em que Gallardo vestia camisa 20 na Copa do Mundo da França.

Gallardo 1998, primeiro ano de Bauza como técnico

Poucos técnicos são tão meteóricos quanto Muñeco – Boneco, um de seus apelidos.

Estreou aos 35 no Nacional do Uruguai. Aos 39, pelo River, enfileirou a tríplice coroa – Recopa, Libertadores e Sul-Americana -, o que ninguém jamais conseguira.


Aos 40, Luxemburgo acabara de deixar o Bragantino. Telê era campeão brasileiro pelo Atlético-MG em 1971. Tite, vencedor da Copa do Brasil com o Grêmio em 2001.

Paulo César Carpegani conquistou Libertadores e Mundial aos 32, é o antecedente mais forte. Mas sua carreira daí para frente foi daí para trás.

Para o River, Gallardo já é mais que todos estes. É bandeira no estádio e seu nome, sempre o mais gritado. ''Muñeeeco! Muñeeeco!''. Lo más grande que hay.

Repassamos seis itens que justificam sua trajetória e seu apelido de  gênio precoce.

EQUIPE
''Em primeiro a equipe, em segundo a equipe, em terceiro a equipe'', repete e executa. Sem atritos, pôs no banco ou dispensou grosos como Aimar, Saviola, Sánchez, Cavenaghi e Teo Gutiérrez. Muito respeitado também pelo craque que foi.

''Uma lista no armário tem o aniversário de todos: jogadores, corpo técnico, roupeiros, massagistas e até cozinheiros. Uma relação de 57 nomes. Para não esquecer de cumprimentar alguém. Importam os profissionais, porém sobretudo as pessoas'', é trecho de sua biografia 'Gallardo Monumental'.

CONTROLE EMOCIONAL
''Fiz terapia porque era meio chucro'', reconheceu Muñeco em 2014. Esquentado, arranhou a cara de Abbondanzieri, do Boca, na semifinal da Libertadores 2004.

É adepto de práticas que oferecem calma a si e aos jogadores. A tranquilidade que demonstra hoje vem daí. Quando foi expulso na partida de ida da final da última Libertadores, reconheceu o erro e deixou o campo o mais rápido possível.

Na véspera da decisão da Libertadores do ano passado, relaxou jogando tênis com os demais sócios do River. Pela paz que demonstrou ao ver seus jogadores agredidos na Bombonera, foi chamado de Gallai Lama, referência ao líder budista.

Abraçando o filho, gandula no Monumental

OLHO CLÍNICO
Semifinal da Libertadores, jogo de volta contra o Guaraní, Paraguai. Assistência de Viudez e gol de Alario. Ambos desconhecidos e indicados por Gallardo para o River que perdera Rojas e Teo, responsáveis exatamente por essas funções.

Cavando a expulsão do corintiano Mascherano

Por ser jovem, indica contratações com as quais jogou ou viu jogar, como o atual atacante Iván Alonso, 37, ex-Nacional.

Comemorando a Libertadores com os filhos

TIME COPEIRO
Jamais o River havia obtido tal desempenho em Copas. Eliminou o Boca, eterno rival, duas vezes em seis meses. Na história, antes jamais conseguira.

Patadón, loco! Se terminó

Contra o Cruzeiro no ano passado, obteve a maior vitória de um clube argentino no Brasil na história da Copa: 3×0 e baile. De 15 mata-matas, perdeu só dois: a final do Mundial para o Barcelona e a semifinal da Sul-Americana 2015 para o Huracán.

IMPROVISO
Fazer um gol no Boca escalando um zagueiro para jogar de centroavante. Foi o que conseguiu Gallardo ao pôr Pezzella e insistir no jogo aéreo em campo encharcado.

As invenções são constantes e nem sempre funcionam. Mas a criatividade está no DNA do River que tanto perde gente importante, tanto se reformula e… tanto ganha.

Com a bola – laranja! – e treinando com o time

SILÊNCIO
Ao voltar do México, os jogadores estão entediados. Não sabem que fazer. Então atiram almofadas uns nos outros. Gallardo olha para o fundo. Seu rosto não está alegre. A guerra de almofadas acaba de terminar. O líder conduz. Às vezes, até sem precisar falar, é outro trecho de sua biografia.

Suas atitudes tanto transcendem o diálogo que o capitão, o goleiro Barovero, é reconhecido também por falar pouco – e baixo – e agir muito – e bem.

O sucesso de Gallardo na Argentina é tão grande que três livros seus já foram escritos. Juntos, somam quase mil páginas.

'Gallardo Monumental' é a biografia autorizada, escrita por Diego Borinsky, da revista El Gráfico. Excelente do início ao fim das 488 páginas.

'A Lousa de Gallardo' é de Christian Leblebidjan, do jornal ''La Nación'', analisando profundamente suas táticas.


E 'Heróis', de Leo Farinella, do diário ''Olé!'', sobre a revolução Gallardo em seus meses de River.

Tema de livros, é chamado também de Napoleão, baixinho bravo e estrategista.


O apelido foi dado pelo locutor Atilio Costa Febre neste ponto aqui, na comemoração da vitória sobre o Boca na Sul-Americana de 2014.

O confronto gerou um clipe espetacular, digno do país que produz hoje o melhor cinema do mundo.

Gallardo havia perdido a mãe na véspera. E vibrou de maneira que…é melhor ver.

Eduardo Sacheri, roteirista do ganhador de Oscar O Segredo dos Seus Olhos, termina assim 'Gallardo Monumental':

O River de Gallardo não apenas conquistou títulos. Conseguiu grandes títulos. Títulos que o River desejava fazia muito e que eram, talvez, o único modo de cicatrizar de verdade suas feridas mais dolorosas. E contra o rival de toda sua vida, claro. Porque nos grandes filmes nossas façanhas se medem sobretudo pelo tamanho dos nossos obstáculos.

 


O triângulo amoroso que dividiu a dupla de zaga do River contra o São Paulo
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Tales Torraga

Nesta quinta (10) – 19h30, Monumental -, fase de grupos. Mas River Plate e São Paulo já decidiram vaga na final da Libertadores em meio a imenso drama pessoal.

Tuzzio (esquerda) e Ameli, dupla de defesa do River em 2005

Foi em 2005, 11 anos atrás.

Por grave problema pessoal entre Ameli e Tuzzio se cortou amizade de sete anos. Explicam: são ''questões econômicas''. Ontem, treinaram a defesa normalmente.

Todos os jogadores do plantel se solidarizaram com Tuzzio. Ao saber do motivo da briga, um jogador pediu seu afastamento ao técnico Astrada devido ao inimigo íntimo. Nem todos concordam. Precisam do seu temperamento em jogos cruciais.

Ameli (2) e Tuzzio (6) vibram em 2001 pelo San Lorenzo

Ameli teve vários problemas com o grupo. Nas últimas concentrações, dormiu sem companheiro no quarto. Perdeu ascendência, mas reconhecem suas virtudes para ser a voz de mando dentro de campo. Fora do gramado, ninguém lhe fala nada.

Este texto é do jornal ''La Nación'' de 11 de maio de 2005. Em 2 e 16 de junho, o River encarou o Banfield em selvagem quartas-de-final. Che, pasó de todo.

Ameli, Barijho e Tuzzio

Em Banfield, 1×1. No Monumental, River 3×2. Chipi Barijho, atacante ex-Boca, provocou a dupla nos 180 minutos. Pisou em um, passou a mão em outro.

A mão de Barijho em Ameli

TVs não falavam de outra coisa. Importante apresentador, Jorge Rial informou que um dos dois havia comprado revólver para resolver a situação. No ponto:

Neste ambiente, em 22 de junho – 1 mês e 11 dias depois de a briga ser pública – o River veio a São Paulo e levou 2×0. Quarta seguinte, Buenos Aires, São Paulo 3×2.

Morumbi. Amoroso com a bola, Ameli e Tuzzio à direita da foto / Gazeta Press

Forte, aquele São Paulo esteve sempre à frente no placar. Varreu o Atlético Paranaense na decisão da Libertadores e conquistou o Mundial contra o Liverpool.

Para o técnico Leonardo Astrada, aquele River x São Paulo teria desfecho diferente. Em entrevista à revista El Gráfico no fim de 2008, comentou:

Tuzzio-Ameli explodiu antes da semifinal com o São Paulo. O que pensou? Acabou tudo, não podemos nunca ganhar a Copa?
Sabia que era muito, muito difícil. Tratei de acomodar as coisas como pude e se os dois ficaram foi por um desafio futebolístico. Uma pena. Estava convencido de que neste ano tínhamos tudo para ganhar Libertadores e Argentino.

Te surpreende que Ameli quase não tenha jogado futebol desde o affaire?
Não, não me surpreendeu. Não sei se lhe ficou uma etiqueta. O que o golpe produziu em sua intimidade foi mais duro. Pelo futebolístico, qualquer um gostaria de tê-lo.

É verdade que se irritou mais com Tuzzio que com Ameli?
Me irritei com Tuzzio porque me citou situação diferente da que depois se deu. Por isso não acredito nem em um, nem em outro. Em mim não cagou um só. Me cagaram os dois.

Te oferecem de graça Ameli para sua equipe. Aceita?
Não.

E Tuzzio?
Tampouco.

Ameli e Tuzzio formaram defesa pela última vez na derrota para o São Paulo no Monumental. Deixaram o River em seguida.

Difícil. Tuzzio, a cara tensa e os microfones

Tuzzio foi para a Espanha e logo voltou à Argentina. Viver era aguentar provocação.

Contra o San Lorenzo, viu o atacante Bergessio mostrar o indicador e mínimo.

Torcidas levavam faixas com seu nome e o trocadilho: O teu é meu. O meu é teu.

Tuzzio rompeu o silêncio em 2010. O ''La Nación'' de 8 de abril:

Em entrevista à revista El Gráfico, Eduardo Tuzzio, referente do Independiente, falou do tema que nunca tocara: o conflito com Horacio Ameli no River.

''Foi difícil, estive 20 dias muito mal, muito triste, pensei em não jogar mais. Passou tudo pela cabeça. Por sorte, nada se concretizou'', contou Tuzzio, perto de completar 36 anos, sobre aqueles tempos, quando se informou que sua mulher o havia enganado com um dos seus companheiros no plantel millonario.

A relação entre Amelli e Tuzzio se rompeu em 2005, quando o River brigava pela Libertadores e pelo Clausura. Ambos titulares, já não se falaram. Este fato sacudiu a intimidade do plantel, cujos resultados começaram a declinar. A temporada acabou com a eliminação nas semifinais da Libertadores e distante da briga no torneio local.

Depois do ocorrido, Tuzzio revelou que decidiu ir a Mallorca porque ''não tinha alternativas'' e sentia que tinha que ir ''sim ou sim do país'' porque estava ''muito mal e precisava sair, trocar de ar''. Ressaltou que tomou uma decisão duríssima, mas que o fez crescer como pessoa. Logo, seus filhos viajaram à Espanha. Também sua mulher, em pese que os dois já estavam separados.

''No começo tudo era uma bomba. Depois, obviamente, foi se apagando. Era questão de tempo. Tudo na vida é'', explicou Tuzzio, muito ajudado por Carolina, atual esposa.

2010. Tuzzio, Carolina e filhos (os maiores, do casamento anterior) / El Gráfico

O pós-Mallorca recompensou o esforço e equilíbrio de Tuzzio. Voltou ao River, foi campeão do Clausura 07/08 – como capitão – e chamado para a seleção.

Tuzzio, segundo em pé, ao lado do goleiro Carrizo / Getty Images

No torneio seguinte, incrível, o River amargou a lanterna. Então, deixou o clube.

Foi para o Independiente e virou ídolo.

Contra o Goiás, cobrou o pênalti que deu ao clube a Sul-Americana de 2010. Foi eleito o craque do campeonato. Tinha 31.

Parou de jogar em 2014, no Ferro Carril Oeste. Virou ajudante de campo de Claudio Borghi na então comissão técnica do Independiente.

Melhor jogador da Sul-Americana 2010

Depois do River, Ameli jogou seis partidas em 2006 pelo Colón. Só deixou o ostracismo em 2007, quando brigou com o frentista em posto de gasolina.

Ameli defendeu o Internacional e o São Paulo em 2002 / Agência Estado

Nas eleições presidenciais de novembro, um fã de Rosário postou no Twitter o registro mais recente de Ameli na rede.


Torcedora mais fanática da Argentina, Gorda Matosas hoje é até tema de rock
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Tales Torraga

O Dia das Mulheres é especialmente reflexivo na Argentina pela numerosa violência de gênero, infeliz consequência também da escalada do consumo de droga no país.

No esporte, a data serve para trazer personagens marcantes do passado aos mais jovens. Como Gorda Matosas, torcedora-símbolo do futebol argentino e do River.

Suas cinzas foram espalhadas há 20 anos no Monumental de Núñez, onde o São Paulo joga às 19h30 de quinta (10).

Este é o ótimo perfil assinado por Federico Rozenbaum no ''Olé!'' 17 anos atrás.

Em 1996, Gorda Matosas torcia pelo River pela última vez. Nascida na Espanha como Haydée Luján Martínez, seu nome e sua vida mudaram para sempre no dia em que Roberto Matosas lhe deu sua camisa

Cruzou o gramado. Se aproximou até a arquibancada com a camisa na mão. Buscou uma senhora e, ao vê-la, a deu. Ela, feliz, agarrou forte, sem saber que a partir daquele momento mudaria de nome.

Em um 16 de abril estreava Roberto Matosas. Ao ser substituído, lembrou da promessa que havia feito na semana a uma gorda da torcida, conhecida naquele tempo como Haydée. Assim, a essa gorda começaram a chamá-la Gorda Matosas, porque o troféu do qual se fez dona passou a ser parte do uniforme que vestiria a cada visita ao Monumental.

Haydée Luján Martínez nasceu na cidade espanhola de Granada, em 1933. Chegou à Argentina quando tinha nove meses junto com seus pais, que cinco anos depois morreram em acidente automobilístico.

Um fato anterior a esta tragédia a marcaria por toda a vida. Seu pai a levou para assistir ao River no velho estádio, e ela começou a ver o futebol como uma paixão e ao River como um verdadeiro amor.

A Gorda se converteu em mito. Como tal, há partes de sua história que perduram como lenda. Seu casamento falido, por exemplo. Dias antes da boda, brigou com o noivo, um engenheiro, porque ele não a deixou colocar a faixa vermelha no vestido. Também se diz que o verdadeiro motivo foi outro: a Gorda o enganava…Com o River, claro, a quem deu toda sua vida.

Seus primos de Villa Devoto a criaram. Depois, viveu sozinha em La Plata. Era dona de um táxi, mas sua principal fonte de renda era a venda de bilhetes de loteria. A carteira de clientes ia do River à AFA, onde aparecia religiosamente às quartas e sextas.

'Roubando' faixa do Boca em 1974

No piso térreo da Viamonte 1366 tinha seu bunker. Ali espalhava seus quilos, sua voz grave e rouca de tanto gritos e seus descuidos físicos que lhe deterioraram. “Um dia fui retirar um documento com meu filho menor que tinha três anos'', lembra o ex-árbitro Juan Carlos Biscay.

''A Gorda se dava bem comigo porque sabia que Matías, meu outro filho, era das inferiores do River. Ela apareceu para nos cumprimentar, e quando a criança falou que era torcedor do Boca, a Gorda começou a nos bater com a carteira.''

Uma situação parecida viveu o atacante Da Silva, ex-River, ao assinar com o Boca. Na AFA, a Gorda se enfureceu.

Apenas chegava o domingo e Haydée se transformava. Começava seus preparativos em casa, tomava um táxi ou ônibus até Núñez e chegava ao seu segundo lar. O gorrinho com a legenda “River Campeón'', um apito e a camisa número seis de Matosas a faziam única no meio da multidão.

Durante sua juventude se via pendurada em alguma paraavalancha, barra que impedia torcedores de cair na hora do gol. “Em jogo contra o Quilmes, de visitante, a torcida deles começou a cantar que a 'Gorda estava nervosa'. Parada num cano, ela baixou as calças e mostrou a todos sua calcinha com as cores do River'', conta o ex-jogador Daniel Onega.

Gorda Matosas engrossava também as torcidas de adversários que enfrentavam o Boca

A pior palavra para ela era Boca. Não a nomeava, preferia usar outros termos como, por exemplo, 'porcos'. Se alguém identificado com o rival lhe dirigia a palavra, ela respondia: “A você não tenho por que falar, você é bostero''.

Longe de qualquer delicadeza feminina, para Gorda Matosas não interessavam os bons modos. “Tinha muita força. Um dia a vi brigar contra dois caras em um ponto de ônibus de Barrancas de Belgrano. Me impressionou como ela batida. A um lhe quebrou a boca', relata Alberto Haliasz, fotógrafo do River.

Com o histórico goleiro Amadeo Carrizo

¿Foi uma santa? Claro que não, tinha suas coisas. Em diferentes oportunidades mostrou um lado xenófobo e chocante por sua prepotência.

“Insultou vários companheiros meus durante uma gira pela Bolívia em 1973. Saí para defendê-los e desde então não falei mais com ela. Não gostava das suas atitudes. Depois ela quis fazer as pazes, mas recusei'', disse Beto Alonso, histórico 10 do River.

Café, muito açúcar e muito cigarro se contrapunham ao tratamento que fazia para controlar diabetes. ''Gritava ao entrar nos consultórios da AFA em busca de um doutor ou de um enfermeiro. Era muito parca para solucionar seus problemas de saúde'', relembra Oscar Bazán, um dos médicos do lugar.

Festa de Matosas com o River em 1975

Onde ia River, Haydée estava presente. Sua última viagem foi a Santiago, em 1996, para ver a semifinal da Libertadores ante a Universidad de Chile.

Se instalou no Hyatt. Nessa oportunidade, ''Olé!'' lhe perguntou quem havia bancado. “Trabalho muito e ninguém vai me tirar a alegria de ver River em todos os lugares'', respondeu.

Nesta noite, foi ao estádio e terminou de piorar sua doença pulmonar. Em 26 de junho, River saía campeão da América enquanto internavam a Gorda em La Plata. Uma semana depois, 4 de julho, falecia.

“Mereço ir ao céu, mas primeiro vou passar pelo purgatório. Igual, Deus, que é argentino e galinha, me vai desculpar'', repetia sempre.

Não se sabe para onde foi. A única certeza é que ficou no River como mito e como símbolo. Seu último desejo resume sua vida. Pediu ser cremada para que suas cinzas fossem espalhadas pelo gramado do Monumental.

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Gorda Matosas tanto marcou que inspirou a letra de Tajo C, rock do Divididos.

Y la Gorda Matosa, hermano!
Totalmente despampanante mujeres

Também um trecho de Lado B, de Ignacio Copani.

Hay que ver el lado bueno de las cosas
B de beso a la muchacha más sensual
Y otro beso a la gordita más pulposa (Matosas)
Que atraviesa el cielo del Monumental