Patadas y Gambetas

À beira da pior derrota: Passarella abre a semana que pode levá-lo à prisão
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Tales Torraga

Grande capitão, grande confusão. Acusado de fraudes como tráfico de ingressos, ''Passarella pode ser preso'', resume Ignacio Villarroel, advogado do River Plate.

O intrincado esquema de repasse de ingressos do clube à torcida organizada fez um juiz chamar 21 pessoas a depor. De empregados a diretores do River. Foi convocado também Daniel Passarella, presidente do clube de 2009 a 2013.

Que optou pelo silêncio e não apareceu.

Pior: perante o juiz, dirigentes atribuíram a ele a responsabilidade pelo esquema.

Jogador, capitão e técnico da Argentina. Jogador, capitão, técnico e presidente do River, Passarella, 62, está isolado. E acuado pelo Código Penal que prevê pena de um mês a seis anos para casos como o seu – a ser revelado na semana que entra.


Carregado nos ombros da Argentina eufórica e vitoriosa na Copa de 1978, Passarella teve raríssimas aparições depois de deixar – pela porta dos fundos – a presidência do River. Veio ao Brasil para comentar a Copa no SporTV. E só. Algo impensável para quem o conhece e sabe de seu apreço por holofotes e microfones.

Recentes homenagens a ex-campeões da seleção e do River não contaram com sua presença. Sua última declaração na internet data de novembro: ''Volto a ser técnico em breve''. Não voltou. Não depôs. Nem os mais chegados sabem dele.

Sua relação de amor e ódio com o público deixou de ter amor. Era ele o presidente do River no ainda hoje inacreditável rebaixamento à Série B em 2011. Passarella é mito no Boca – clube que amava na infância. No River, ni hablar. Insultos y insultos.


Passarella é biografia de 536 páginas da editora Planeta, a maior da Argentina. Autoria do jornalista Nicolás Distasio, que nos ajuda a entender o ''enigma Daniel''.

''Passarella é um tipo muito vaidoso e egocêntrico. Está sempre muito pendente do que vão dizer dele. Ele se ama, tem uma autoestima muito elevada.'' 

''Ama também o Boca. Amor. É o que ele sente pelo Boca.''

@_GonzaRodriguez

''Passarella não tem amigos verdadeiros, aquelas amizades que resistem ao tempo. Briga com todos. Muita gente o rodeia, mas ele não tem amigos de verdade.''

Ao fundo, Daniel reparte uma mesa de semblantes tristes. Fevereiro, Junín, sua imagem mais recente

''Daniel e [o ex-presidente do River] Aguilar foram amigos. Passarella qualificava publicamente o período do clube como nefasto, mas participava de negociações que faziam o River gastar muito dinheiro.''

Dois meses (março a maio) e 15 jogos. Foi o que durou Passarella no Corinthians da MSI e de Tevez em 2005

''É surpreendente que Daniel não seja profeta em sua terra. Ele é da pequena Chacabuco. É campeão do mundo, e lá não o querem. Havia uma filial de torcida chamada Daniel Passarella que mudou de nome.''

''Uma pessoa muito egocêntrica. Com alta dose de soberba, com capacidade intelectual não muito desenvolvida. Tem certa precariedade para muitas atividades cotidianas da vida. Se acha e se valoriza mais do que de fato é. ''

''Passarella foi excelente jogador, medíocre técnico e péssimo presidente.''


Ex-atacante do Boca vira roqueiro de sucesso e lança música para Maradona
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Tales Torraga

Muitos atletas sofrem ao parar de competir. O argentino Héctor Brancamonte, não.


Atacante do Boca Juniors em 2002 e 2003, hoje aos 38, há dois sem jogar, é roqueiro de sucesso e dono do animado Balcón de Blues, casa portenha de shows.

Branca jogou nove anos na Rússia, onde já exibia o visual roqueiro de hoje. Apaixonado por livros e cinema, compõe com inteligência suas próprias músicas.

Manda superbem. Convidado do programa Tocala, do canal TyC Sports, nesta madrugada, apresentou a música que criou em homenagem a Maradona.

''D.A.M, el capitán''

La mano de Dios rozó con un dedo tu pie izquierdo
Barrilete cósmico rozando el verde suelo
Sos venganza de los pobres y bandera de los tristes
Tu tortuga no se escapa, fuiste sol en días grises

Una tarde te colgaste en el cielo de los nuestros
las filas del invasor con su reina se rindieron
Fuiste como el comandante, profeta en otra tierra
Libre el sur, el norte, hoy te prepara una vendetta

Y hoy estás aquí, pibe de oro aún existes
Tu tatuaje está, no se borra lo que hiciste
Tu barcó partió y mil guerras vos venciste
Sos el capitán de mis días más felices

Tu mala armadura no te protegió de flechas blancas
Hoy te cobran el pecado los que mandan a los tranzas
Y para tapar tu dolor endureciste tu coraza
Pero el flash engañador te atraviesa como lanza

Todo debe terminar o eso cree el que te envidia
Pero como el ave fenix, la pelusa es infinita
Solo sé que para verte tengo que cerrar mis ojos
Para mi generación sos el héroe más grandioso

Y hoy estás aquí, pibe de oro aún existes
Tu tatuaje está, no se borra lo que hiciste
Tu barcó partió y mil guerras vos venciste
Sos el capitán de mis días más felices

Outras músicas do talentoso Brancamonte no Tocala estão aqui.


Topo Gigio rebelde. Quando Riquelme enfrentou Macri para todo mundo escutar
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Tales Torraga

Hoje faz 15 anos. Em 8 de abril de 2001 o Boca venceu o River por 3×0 na Bombonera em noite histórica. Menos pelo placar. Mais por Román Riquelme enfrentar Mauricio Macri, então presidente do Boca, hoje presidente da Argentina.

Desavenças entre craques e presidentes são comuns. Raro é quando a rixa origina a comemoração de gol no principal clássico do país. Riquelme marcou o 2×0.

E, com as mãos nos ouvidos, pedindo ''fale agora'', correu até o meio de campo e estacionou em frente ao camarote onde estava Macri. No ponto exato:

A origem mais aceita para a animosidade foi Macri ter ''vazado'' o quanto Riquelme ganhava. A Argentina em 2001 vivia grave crise econômica, e o Boca queria vendê-lo – e vendeu – para o Barcelona. Román foi. Sua comemoração Topo Gigio ficou.

Irônico, dizia que era para a filha, que gostava do personagem.

Outra grave crise de Macri no Boca de 2001 foi com o técnico Carlos Bianchi. Intempestivo, saiu da sala e largou Macri falando sozinho em entrevista coletiva.

Macri e Bianchi brigavam por extensão de contrato, algo que o técnico não queria e não aceitou. Deixou o clube em 2001, voltou em 2003 – com Macri ainda presidente.

O hoje homem mais importante da Argentina fez fama no futebol sabendo a importância das peças no jogo político. Além de Bianchi em 2003 voltou às boas com Riquelme em 2007 para o Boca ganhar a Libertadores e fazer da Copa um cabo eleitoral na campanha para a prefeitura de Buenos Aires daquele mesmo ano.

Com Maradona, igual. Choque-amizade-sequência de trabalho. Se não fosse assim, Macri dificilmente comandaria o Boca, este mundo de loucura, de 1995 a 2007.

O que Macri custa a digerir – segundo Daniel Angelici, atual presidente do Boca – é o Topo Gigio. Lembrar daquela noite na Bombonera o faz perder a fala.

Daniel Scioli, rival na corrida à Casa Rosada, por isso repetia o gesto – e provocava.

Sem jogar há 15 meses e curtindo a pacata Don Torcuato, Buenos Aires, enquanto não se lança à presidência do Boca, Riquelme, 37, entre um mate e outro, seguro vai lembrar nesta sexta da audácia de 15 anos atrás. Que los cumplas feliz, Topo!

@_GonzaRodriguez, ilustração do gênio Gonza Rodriguez


Iarley, acolhido com a 10 do Boca: Com certeza jogaria de novo na Argentina
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Tales Torraga

Está excelente, o resgate da passagem do zagueiro Luiz Alberto pelo Boca Juniors em 2010 assinado pelos companheiros de UOL Marcello De Vico e Vanderlei Lima.

O isolamento no clube e o conselho de não jogar na Argentina encontram visão oposta em outro brasileiro que brilhou no próprio Boca: o meia-atacante Iarley, campeão mundial em 2003 vestindo a famosa 10 de Tevez, Maradona e Riquelme.

Iarley jogou 39 vezes pelo Boca – aqui, final Mundial contra o Milan

Em entrevista de 2013, com Iarley prestes a parar, disse com ênfase que voltaria a jogar na Argentina: ''Sem dúvida voltaria. Em qualquer time. No Boca, melhor! Mas eu gostei muito da cultura, do país; gosto muito do futebol argentino. A maneira que se disputa, aguerrida, era mais ou menos a minha característica''.

A declaração está na ótima entrevista feita por Caio Brandão no site especializado Futebol Portenho. São (ufa!) 23 perguntas para entender Iarley no Boca de Bianchi.

Contra Seedorf. Foi o último título mundial de uma equipe argentina

Sobre o ambiente nos bastidores do Boca, Iarley conta: ''É um pouco de tudo, né, cara? Era um vestiário… Não foge muito do que é um brasileiro. São uns caras muito brincalhões; são caras sérios na hora que têm que ser sérios, mas muito brincalhões, muita brincadeira… Entendeu? Eu tive uma percepção muito rápida disso; então, brincavam comigo, eu brincava com eles''.

Schiavi, Abbondanzieri, Burdisso, Perea, Cagna e Cascini; Schelotto, Iarley, Battaglia, Donnet e Clemente Rodríguez na final contra o Milan

''Não ficava sério, porque eles me tinham ali como um saco de pancadas mesmo: 'é o brasileiro'. Mas aí me acolheram como um a mais na família.''

Fez amigos? ''Tenho grande carinho pelo Pato Abbondanzieri, o Schiavi, o Tevez e o Guillermo Schelotto.''

Na revista El Gráfico. Iarley deixou o Boca em 2004

Algum preconceito antes de ir para a Argentina? ''Não, nenhum, nenhum (incisivo)… Os caras que tiveram problema depois de mim tiveram por circunstância ou por deixar que isso acontecesse.''

''Por mais que… Você tem que demonstrar que não, que você é um cara diferente! A torcida adversária vai sempre te xingar. De todo nome! Aí, se ele me diz “ah, negro, não-sei-o-quê”, eu não vou (reagir). “Filho da …” é a mesma coisa, cara!''

Capa do ''Olé!'' ao fazer gol no River em pleno Monumental

''Vai fazer o quê? Isso tem aqui. Durante o nosso próprio Campeonato Brasileiro, a gente vai para os cantos e os caras ficam xingando, chamando de todo jeito…''


Há 20 anos, Caniggia e Maradona se beijavam. Hoje distantes, mal se falam
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Tales Torraga

Foi a comemoração mais barulhenta da Argentina sempre ávida por discussões.

Boca e Lanús jogavam no estádio do Vélez em 7 de abril de 1996. Estava 1×1.

A 20 minutos do fim, Caniggia fez 2×1 Boca. E a boca de Maradona foi beijada.

Depois do jogo ainda brincaram: ''Estamos para qualquer coisa. Foi um lindo beijo''.

Foi só o primeiro dos piquitos. Em 14 de julho, Bombonera, Boca 4×1 River, com três gols de Caniggia, repetiram o famoso ''beijo de alma''. Sem protestos. Apenas gentilezas na Argentina onde homens se beijam naturalmente no rosto, não na boca.

Diego tinha 35 anos; Cani, 29. Eram muy amigos desde o fim dos anos 80, quando Maradona era deus no Napoli e Claudio Paul atuava pelo Verona.

Jovens de 20 e poucos, assim se comportavam. O entendimento dos gramados ocorria também nas festas e em um estilo de vida que traria consequências.

Tão entrosados, Maradona exigiu a Carlos Bilardo chamar Caniggia para a Copa de 1990 – justamente na Itália onde flanavam os dois. O treinador não queria Cani. Diego mandou: ''Eu e Claudio somos um só. Se ele não for, também não vou''.

Foram e brilharam. Maradona deixou Caniggia na cara de Taffarel para eliminar o Brasil. Quando se separaram – Cani não jogou a final por cartões amarelos -, a Argentina perdeu. Alemanha campeã. 1×0, gol de pênalti (inexistente) no fim.

Muitos daquela seleção atribuíam a amizade às drogas que Caniggia passava a Maradona. Diego negou com detalhes em sua autobiografia Yo soy el Diego de la gente. Maradona e Caniggia caíram no doping – cocaína. Diego, em 91; Claudio, 93.

Voltaram a se encontrar e a encantar em 1994, nos Estados Unidos. Jogaram juntos duas partidas – 4×0 Grécia e 2×1 Nigéria de virada com dois gols de Caniggia. O segundo, depois de assistência dos deuses de Maradona em cobrança de falta.

Ninguém imaginava, mas era o réquiem da dupla pela Argentina. Ficou para a posteridade a entrevista dos dois pouco antes de Maradona cair em novo doping.

Separados outra vez, Caniggia (com Redondo, Simeone, Batistuta, Ortega) pouco fez para evitar o 3×2 Romênia que decretou a volta argentina já nas oitavas-de-final.

Maradona e Caniggia se acoplaram no Boca Juniors de 1995. Os beijos de 1996 enfureceram Mariana Nannis, mulher de Caniggia: ''Imoral. Um papelão. Isso não vai se repetir na minha família. Meus filhos e minha filha merecem o respeito do pai''.

Mariana e Maradona sempre se estranharam. Em 1990, quando as mulheres dos jogadores, unidas por Claudia, esposa de Diego, se juntaram, Mariana se isolou.

E soltou infeliz frase: ''Os Maradona comem com talher de plástico. São grasa [gíria para pessoas pobres, que comem mais gordura, significado original de grasa]''.

Maradona vez ou outra retrucava o que a mulher do amigo dizia: ''Claudio é muito meu amigo, mas se não pode controlar sua esposa, não existe. Não vou falar de Mariana. Se Caniggia falar da minha namorada, eu iria arrebentá-lo na porrada''.

A tensão e distância entre os Maradona e os Caniggia são crescentes. Diego vive em Dubai; Claudio Paul, depois do roubo da casa de Marbella, no Rio e em Buenos Aires. As últimas fotos juntos são de 2012, exposição de quadros do filho de Cani.

Desde então outra geração se meteu nas discussões. Para defender o status ''poses e posses'' da filha, Charlotte, a mulher de Caniggia lança comparações e críticas às filhas de Maradona, a cantora e atriz Dalma e a empresária Gianinna.

Maradona defendeu a prole: ''Tenho orgulho das minhas filhas. Elas sabem em que continente fica a Argentina'', espetou, citando uma gafe cometida por Nannis na TV.


Atacante admite: seleção argentina jogou dopada contra o Brasil
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Tales Torraga

Pepe Castro, atacante argentino dos anos 70 e 80, é o entrevistado do mês na excelente seção 100×100 da revista El Gráfico, nas bancas portenhas desde 1919.

Ele contou que a Argentina enfrentou o Brasil na Copa América de 1979 depois de tomar ''pastilhas'' na véspera. Como se recusou, foi sacado pelo técnico Menotti.

Brasil x Argentina pela Copa América em 1979

''Foi antes de jogar contra o Brasil no Maracanã em 1979. No dia anterior, em um quarto, os referentes perguntaram quem iria tomar pastilhas. Pedrito Larraquy [volante do Vélez] e eu nos negamos.''


Sabia o que eram as pastilhas?
''Antes do jogo, o que iam dar? Mentho-lyptus? No fim, fiquei no banco. Vinha de arrebentar contra a Bolívia na altura. Contra o Brasil era titular durante toda a semana, o jogo era mostrado nos cinemas de Buenos Aires, toda minha família foi ao cinema, mas depois desta conversa me tiraram.''

Pepe Castro, atacante de Vélez e Argentinos Juniors campeão da Libertadores 1985

O Brasil venceu a Argentina no Rio por 2×1, gols de Zico, Tita e Coscia – substituto de Castro, que entrou aos 17min do segundo tempo.

Os brasileiros naquela noite de 130.000 pessoas no Maracanã foram: Leão; Toninho, Amaral, Edinho e Pedrinho; Carpegiani, Zenon (Batista) e Tita; Palhinha (Juari), Zico e Zé Sergio. Técnico: Cláudio Coutinho.

@diegoborinsky, jornalista da El Gráfico e responsável pela seção 100×100

A Argentina formou com: Vidallé; Barbas, Van Tuyne, Passarella e Bordón; Gáspari, Larraquy – citado acima por Pepe Castro – e Gaitán (López); Coscia, Maradona e Ramón Díaz (Castro).

Na volta, em Buenos Aires – 2×2, gols de Sócrates (dois), Passarella e Ramón Díaz.

Sem sede fixa, a Copa América 1979 foi vencida pelo Paraguai contra o Chile.

Os exames antidoping no futebol surgiram justamente nos anos 70. As duas primeiras punições em Copas foram em 1974 (Jean Joseph, do Haiti) e 1978 (Willie Johnston, da Escócia).

No documentário Verdade ou Mentira? sobre a Copa de 1978, o atacante Ortiz admitiu que a Argentina também recorreu ao doping para vencer aquele Mundial:


Volta olímpica na Bombonera: cadeados, torcedor-gandula e ameaça de morte
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Tales Torraga

Uma abusada volta olímpica do River Plate na Bombonera antes do próprio jogo contra o Boca Juniors. Foi o que ocorreu há exatos 30 anos – 6 de abril de 1986.

Campeão antecipado, não perdeu a perigosa chance de tripudiar o rival. ''A torcida do Boca me ligava: 'se derem a volta, te mato'. A torcida do River falava: 'se não derem a volta, te mato'. Ninguém sabia o que fazer'', lembra Beto Alonso, craque daquele River que ganharia Argentino, Libertadores e Mundial em 1986.

O governo mandou representante à concentração do River para barrar a volta olímpica. Não eram tempos tranquilos. A Argentina saíra da ditadura em 1983.

Alonso se impôs: ''Me tiram morto de campo, mas a volta olímpica eu dou. Não me importa nada. Que arremessem o que quiserem, que me partam a cabeça, mas esse prazer ninguém vai me tirar''.

O River sentiu a hostilidade a torcida do Boca logo na chegada: uma gigante pedra de gelo caída de muito alto afundou e arrebentou o teto do ônibus que levava o time.

Gatti, goleiro do Boca, pediu para jogar com bola laranja. Temia não ver a branca em meio aos papéis picados. Com ela, Alonso abriu o placar. Fez também o segundo do 2×0 River – em cobrança de falta desviada, já com a pelota branca.

Durante a partida, os jogadores do River trocavam insultos e outras ''gentilezas'' com os gandulas – torcedores barra-pesada selecionados a dedo pelo próprio Boca.

Sua cara triunfalista é das mais fortes da passional história do futebol argentino.

Alonso está com 63 anos e é embaixador do River. Há espetacular entrevista sua no jornal ''Olé!'' desta quarta-feira:

– O clima estava pesado, mas você gritou os gols como se estivesse no Monumental…
– Depois da cabeçada passeei pelo lado da tribuna do Boca beijando a camisa. No segundo, me ajoelhei de frente à arquibancada deles, com a torcida do River na bandeja de cima. Meus companheiros me abraçaram para me tirar dali: mas não iam me sacar ni en pedo, ni loco. Alfaro se cobria atrás de mim para que não lhe partissem a cabeça. Depois falei: “Vocês são uns comédias, festejavam me usando como escudo''. Atiravam até cadeados na gente.

Clarín: 22 presos e 35 feridos em La Boca

– Houve prêmio extra?
– Não nos interessava isso. Interessava ganhar do Boca. Não era por dinheiro, havia outros valores em jogo. Queriamos algo que ia ficar na memória da torcida.

O relato do ''La Nación''

– Aquele Boca tinha jogadores ásperos como Hrabina, Pasucci, Higuaín…
– Não é mais macho ou lindo aquele que bate. Lindo é o que pede a bola, que não se esconde. Pedia sempre a bola porque se acertavam uma patada, eu ia para outra. Nunca encolhi. O psicológico: Me bate? Vou te buscar para driblar de novo.

riverbombonera

O River deixa o gramado, perfilado e agredido

– E a cada quanto você se lembra do gol da bola laranja?
-Todas as noites quando apoio a cabeça na almofada.

Alonso, 63 anos e um beijo na lembrança de todas as noites

De tão especial, aquele jogo gera ao River até uniforme comemorativo. Curtiram?

Martínez, Mercado e Lucho Gonzalez com a camisa alusiva à Pelota Naranja


Craque, caldeirão e técnico ‘doidão’. Os obstáculos do Palmeiras em Rosário
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Tales Torraga

O Rosario Central que recebe o Palmeiras às 21h45 no Gigante de Arroyito é o melhor time da Argentina – palavras de Tata Martino, técnico da seleção.

A uma vitória da vaga antecipada, o Central impõe três particulares complicações:

ESTÁDIO PIOR QUE A BOMBONERA

O ambiente noturno do Gigante lotado é o mais desafiador para um visitante na Copa. Brasileiros jamais ganharam lá na Libertadores. Um empate (2×2 Palmeiras em 2006) e três derrotas (Cruzeiro 1975, Corinthians 2000 e Coritiba 2004).

O Central não perde em casa pelo Argentino desde novembro 2014 – 0x3 Racing.

O estádio de 42.000 lugares acolhe a torcida mais inflamada da Argentina.

Só ver esta entrada em campo de mês e meio atrás – de outros tempos!

O Gigante de Arroyito também tem história. Foi palco da Copa de 1978 e de dois jogos que mudaram aquele Mundial. O Argentina 0x0 Brasil e o Argentina 6×0 Peru.

A NOVA JOIA

A cara de adolescente entrega os 19 anos – fará 20 semana que vem. Responsável por passar ao ataque, Giovani Lo Celso já é considerado craque na Argentina. PSG e Roma estão de olho: o Central quer no mínimo 20 milhões de dólares.

Lo Celso é chamada de capa na revista El Gráfico hoje nas bancas. Ele é esperado titular da Argentina que tentará outro ouro no Rio. Os 11 para o ''La Nación'':

TÉCNICO MUITO LOUCO

Eduardo 'Mu-Chacho' Coudet foi bom volante de River, San Lorenzo e Central.

Competente e muito louco – aqui não cabe nenhuma outra palavra.

Aos 41 anos, segue o tom e tem reações como invadir o campo – depois de expulso.

Íma de confusões, Coudet quando mais jovem ironizou na TV o desempenho sexual de torcedores do Newell's Old Boys, grande adversário do Central.

Tão explosivo, começou em janeiro uma terapia para se conhecer. A briga com Marcelo Oliveira em São Paulo mostrou que a psicologia chegou em boa hora.

– Cálmate, Chacho! Sos viejito, loco!


São Paulo 6×0 Trujillanos é o maior massacre de Patón Bauza na Libertadores
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Tales Torraga

Questionado, Edgardo Bauza ofereceu uma histórica resposta. A noite no Morumbi foi seu jogo 74 como técnico na Libertadores. E com sua maior goleada no torneio.

O 6×0 Trujillanos agora ocupa o espaço onde antes só havia o Rosario Central 6×0 Universitário pela primeira fase da Libertadores 2001.

As cinco maiores vitórias de Bauza na Libertadores:

2016 – São Paulo 6×0 Trujillanos-VEN, primeira fase
2014 – San Lorenzo 5×0 Bolivar-BOL, semifinal
2011 – LDU 5×0 Peñarol-URU, primeira fase
2008 – LDU 6×1 Arsenal-ARG, primeira fase
2001 – Rosario Central 6×0 Universitário-PER, primeira fase


São Paulo enfrenta técnico que recebia passes (e grana) de Maradona no Boca
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Tales Torraga

Hoje ele será discreto participante de São Paulo x Trujillanos às 21h45 no Morumbi.

Mas Horacio Matuszyczk, 54 anos, técnico do time venezuelano, sabe o que é ser protagonista. E parceiro de ataque de Maradona na Bombonera lotada.

Horacio, El Polaco, é argentino apesar do apelido. Jogou 29 vezes pelo Boca de outubro de 1981 a maio de 1982. Atacante, ponta direita e esquerda. Fez dois gols.

A estreia foi 7×1 contra o San Lorenzo de Mar del Plata na Bombonera com 50.000 pessoas: “Entrei faltando 20 minutos. O primeiro passe que recebi foi de Brindisi. O segundo, de Maradona. Depois Diego me deixou na cara do goleiro, que defendeu.''

''O estádio estava lotado, conseguia sentir o público vindo para cima. Sensacional.''

Polaco jogou também com outros jogadores marcantes na época como Gareca, Mouzo, Gatti, Benítez e Ruggeri.

E ser companheiro de Maradona, como era? “Éramos novos, eu tinha 20 e ele 21. Estávamos começando, embora Diego já somava temporadas na Primeira. Estava se adaptando a ser Maradona, um diferente no futebol.''

''Como companheiro foi excepcional, sempre se comportou como um a mais, sem impor vaidade. Era defensor dos demais, já se via liderança, mesmo jovenzinho.''

''Do talento, nem falar, se sabe como terminou. Eu posso contar de um homem muito simples e sempre pendente de qualquer situação para poder contribuir.''

''Me ajudou demais, ele vinha de família pobre e comecei mais ou menos nas mesmas situações. Diego se dava conta dessas coisas. Como já podia com o dinheiro, tentava resolver. Ele teve muito a ver com minha estreia em 1981.''

Em março de 1982 na Bombonera, Polaco enfrentou o Rosario Central de Edgardo Bauza, hoje técnico do São Paulo.

Foi 1×1 – como o Trujillanos x São Paulo na Venezuela.