Patadas y Gambetas

Carrascos do Brasil, Palermo e Riquelme ‘se redimem’ com Pratto e Calleri
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Tales Torraga

O jogo é São Paulo x Atlético-MG. E no Morumbi. Mas o protagonismo é argentino.

Na prévia da partida das 21h45 desta quarta-feira (11) só se fala de atacantes com algo em comum. Jonathan Calleri, 22 anos, de um lado; Lucas Pratto, 27, do outro.

E dois ídolos de um Boca Juniors invencível entre eles.

Tanto Pratto quanto Calleri jogaram no Boca. E contaram com tutores famosos por fazer o Brasil chorar na Libertadores – Martín Palermo e Juan Román Riquelme.

A hoje estrela do Galo foi levada ao Boca em 2004 por Palermo, atacante xeneize no título de 2000 sobre o Palmeiras. Campeão em 1999, o alviverde foi abatido nos pênaltis no Morumbi lotado (pero vacio para la fiesta, papá) também de agonia.

Pratto e Palermo são de La Plata, na província de Buenos Aires.

Mesma cidade, mesma altura: medem 1,88 metro.

Também de La Plata é o técnico Barros Schelotto – também algoz brasileiro.

Pratto ficou na base do Boca de 2004 a 2007. E bem pouco entre os profissionais.

Emprestado ao Tigre, da própria Argentina, percorreu o mundo até virar ídolo.

Primeiro, no Vélez Sarsfield. Hoje, no Atlético-MG.

Mais curta, mas também marcante, foi a convivência de Calleri com Riquelme – de inesquecíveis vitórias por la Copa sobre Palmeiras, Vasco, Grêmio e Corinthians.


Ocorreu em 2014, dias depois da Copa do Mundo. Treinaram juntos na célebre situação do meia veterano – Riquelme tinha 35 – servindo o atacante com toda a polenta dos 20 anos, mas quando enfim jogariam por los porotos, Riquelme de surpresa trocou o Boca pelo Argentinos Juniors. E deixou a camisa 10 para Calleri.

A relação do hoje são-paulino com Riquelme era – e é – de reverência: ''Román é o maior jogador da história do Boca'', disse, para logo depois evitar o peso de seguir, jovencito, com a 10 que vestiu na sequência o uruguaio Lodeiro e hoje é de Tevez.


Também curta – só dois meses – foi a vivência de Calleri com o comandante daquele Boca multicampeão, o técnico Carlos Bianchi, sacado em agosto de 2014.

Bianchi, Palermo, Riquelme. Os mentores fizeram o Brasil chorar.

No pasa nada. Agora é hora de sorrir com as crias Pratto e Calleri.


SP e Galo usam técnicos estrangeiros ‘rodados’; argentinos apostam em novos
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Tales Torraga

Vizinhos, porém distintos, Brasil e Argentina têm táticas opostas nesta Libertadores.

Enquanto São Paulo e Atlético-MG investem em técnicos estrangeiros e de nenhuma identificação passada com os atuais clubes, Boca Juniors e Rosario Central contam com ''crias da casa'', jogadores que antes suaram suas próprias camisas. Agora à beira do campo, contam com empatia e confiança das hinchadas.

Outra grande diferença é de geração. Edgardo Bauza, do São Paulo, tem 58 anos. Jogou (acima) de 1977 (!) a 1992. Arrancou como técnico em 1998.

Seu adversário nesta quarta, Diego Aguirre, do Atlético-MG, fará 51 em setembro. Atleta de 1983 a 1999, técnico desde 2003.

A ''rodagem'' dos hoje técnicos dos clubes brasileiros se nota em outro detalhe. Aguirre foi jogador do…São Paulo e de Telê Santana em 1990. Discreto atacante.

Treinador que tenta dar ao Boca sua sétima Libertadores, Guillermo Barros Schelotto fez 43 anos na última semana. Jogou até 2011. Em 2008, quando Bauza ganhou a Copa com a LDU, El Mellizo ainda rompia las pelotas en la cancha.

Eduardo Coudet, do Rosario Central, hoje tem 41 anos (mais novo que o palmeirense Zé Roberto) e jogou até 2011. O Central é o primeiro time que dirige.

Outros técnicos de argentinos também carregam precocidade e DNA do clube. Marcelo Gallardo, do River, tem 40 anos. Último grande 10 hecho en Núñez. Un crá!

Eduardo Domínguez, do Huracán, de 37 anos, jogou no Globo até a temporada passada. Facundo Sava, 42, hoje do Racing, fez gols pelo clube entre 2006 e 2008.

Técnico do San Lorenzo que caiu na fase de grupos, Pablo Guede guarda em comum a pouca idade: 41 anos. Mas não atuou pelo ex-clube de Edgardo Bauza.

A idade dos técnicos das quartas-de-final na Libertadores:

Reinaldo Rueda (Atlético Nacional) – 59 anos
Edgardo Bauza (São Paulo) – 58
Diego Aguirre (Atlético-MG) – 50
Guillermo Vázquez (Pumas-MEX) – 48
Guillermo Barros Schelotto (Boca Juniors) – 43
Pablo Repetto (Independiente-EQU) – 42
Eduardo Coudet (Rosario Central) – 41
Gustavo Munúa (Nacional-URU) – 38


D’Alessandro e Scocco amargam confusões com torcida e celular na Argentina
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Tales Torraga

Dois jogadores em dois clubes em mau momento.

Andrés D'Alessandro e Nacho Scocco viajaram o mundo. E com 35 (D'Ale) e 30 (Nacho) anos, seguem sofrendo com os torcedores de River Plate e Newell's Old Boys irados com Boca Juniors e Rosario Central vivos nas quartas da Libertadores.

D'Alessandro durou só 15 minutos no Nuevo Gasómetro no San Lorenzo 2×1 River sábado. Incômodo no adutor esquerdo. E visto assim. Olho na tela, corpo no banco.


A cena dele com celular explodiu nas redes sociais, decepcionadas com o líder que D'Alessandro poderia – e não dá mostras de – ser em momento difícil do River.

Outro ex-jogador do Inter de Porto Alegre que teve un cruce ainda mais sério com a torcida foi o atacante Nacho Scocco, do Newell's Old Boys.

Perdia em casa por 1×0 para o Defensa y Justicia também no sábado. Ao cobrar escanteio, esqueceu a bola para bater boca com os que estavam perto do alambrado. Precisou ser separado por uma policial com escudo.

Disse que foi chamado de ''ladrão'' – na Argentina, equivalente ao ''mercenário'', no Brasil. ''Deixei de ganhar dinheiro para ficar aqui, não mereço ser tratado assim.''

O River é o décimo em seu grupo. O Newell's vai duas posições pior. A uma rodada do fim da ''fase de grupos'' – cada chave tem 15 times -, o Lanús, disparado na frente, espera, entre Godoy Cruz e San Lorenzo, seu adversário na final.


Preparador demitido do Racing: “Choro no banheiro, escondido do meu filho”
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Tales Torraga

Argentino de 41 anos, Juan Carlos Gambandé virou nefasto personagem da história da Libertadores da América. Preparador de goleiros do Racing, saiu do Independência desta maneira ao perder por 2×1 para o Atlético-MG na quarta-feira.

Na frente das arquibancadas, simulou descascar e comer uma banana.

De fato, comeu uma banana – das mais indigestas.

Foi demitido do Racing por racismo ao chegar à capital portenha. Estava no clube desde janeiro. Entrevistado pela rádio La Red, de Buenos Aires, chorou e contou:

''Posso assegurar que não se sabe o que se sofre deste lado. Eu, minha família e meus filhos. Me dá vontade de chorar e vou ao banheiro para meu nenê não ver. Ele é torcedor do Racing. Meio feio, explicá-lo. A vida continua e há que aprender.''

''Outras pessoas se equivocam de maneira mais forte e pagam menos. Perder o trabalho não é uma brincadeira. É algo muito duro, ainda mais no momento do país. Estava feliz e muito bem no Racing. É sinceramente um golpe que dói muito.''

''Os brasileiros me parecem gente extraordinária, muito educados, sempre vou de férias. No estádio nos insultaram todo o tempo e é assim, na Argentina e no mundo. Quando saía, e a arquibancada nos insultava, havia ofensas, tive uma desafortunada atitude.''

''Entendo as pessoas do Brasil. É uma atitude muito feia quando alguém a vê assim, friamente. Agora terei que pagar o erro com sangue. Assim será''.

''Me custou muito chegar aqui. Como jogador saí do Newell's, sempre no Ascenso [Segunda Divisão] e me preparei muito porque me apaixonei. Me dedico, sou professor de educação física.''

''Muita gente me conhece, sabe a classe de gente que sou e como me comportei em toda minha carreira.''

''Não pensei que ofendia tanto. Duas horas depois pedia desculpas no Facebook.''

''Me comunicou [o vice] Jiménez. Estavam todos muito doídos no corpo técnico, me aceitaram muito bem como empregado do clube. Facundo [Sava, o técnico] estava bastante aflito e abatido.''

''Tomara que possam rever algo. Peço desculpas às pessoas que ofendi, a muitos brasileiros. E alguns argentinos também. Que entendam que sou humano e me permitam ter cometido um erro. Os que queriam me ver assim…Os erros se pagam.''


Gambandé carrega o trauma de, ainda no ventre, seu pai, o tenente Juan Carlos, de então 24 anos, ser assassinado pelo ERP, o Exército Revolucionário do Povo. Era 1974 em Santa Fe. Estava saindo de casa, de carro. O preparador pediu e – não recebeu – indenização ao governo nacional argentino.


Déjà vu. Grêmio volta a sofrer maior passeio argentino sobre um brasileiro
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Tales Torraga

Poderia ser mais, mas o Rosario Central 3×0 Grêmio desta quinta-feira (5) já serviu para colocar o confronto na história de 57 edições da Libertadores da América.


Os três gols sofridos e nenhum marcado fez o jogo de Rosário repetir as piores derrotas brasileiras na Argentina em mata-matas.

O placar iguala outra derrota elástica sofrida também pelo Grêmio: o 3×0 na decisão da Libertadores de 2007 ante o Boca Juniors.

Outros 3×0 argentinos sobre brasileiros ocorreram em 2001 (Boca 3×0 Vasco) e 1991 (Boca 3×0 Flamengo).

As finais atuais são disputadas em formato diferente das oitavas, quartas e semifinal, com gol fora de casa não contando como desempate.

Como visitante, a maior vitória argentina é também um 3×0 – o do Mineirão, River Plate x Cruzeiro nas quartas-de-final do ano passado.

Os maiores passeios argentinos em times brasileiros em mata-matas na Libertadores agora são:

Boca Juniors 5×0 Grêmio (3×0, 2×0 – final 2007)
Boca Juniors 5×1 Santos (2×0, 3×1 – final 2003)
Rosario Central 4×0 Grêmio (1×0, 3×0 – oitavas 2016)
Boca Juniors 4×0 Vasco (1×0, 3×0 – quartas 2001)
Boca Juniors 4×2 Flamengo (1×2, 3×0 – quartas 1991)
Boca Juniors 4×2 Corinthians (3×1, 1×1 – oitavas 1991)


Como o desequilíbrio e loucura movem Rosario contra o Grêmio
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Tales Torraga

O Rosario Central recebe o Grêmio às 19h15 desta quinta-feira (5) levando a campo dois ''patrimônios'' do futebol argentino: um técnico ousado, à beira da loucura, e uma torcida descontrolada como, dizem, nunca se viu na inflamada Rosário.

O treinador do momento na Argentina é Eduardo Chacho Coudet, de 41 anos. ''Mas está mais louco do que eu aos 20'', comentou recentemente o histórico rosarino César Luis Menotti, treinador campeão da Copa de 1978.

Coudet é um tipo da mais alta voltagem. Começa os dias na concentração do Central com um apito de juiz. Ao encontrar os jogadores antes mesmo do café, 7 da manhã, começa a berrar e espumar: ''Penal! Penal para Central''.

E apitando alto, como árbitro em estádio lotado.

Suas maluquices são extensas e parecem longe de terminar. A maior de todas foi pedir à mulher para atrasar uma cesárea em dois dias. Tudo para que a primeira filha, Lola, nascesse em data histórica do Central: 19 de dezembro, dia da palomita de Poy, gol de peixinho na semifinal do Argentino 1971 contra o Newell's.

Por essas e outras, em Rosário é comum ouvir o grito de guerra ''Loco y borracho, como el Puma y como el Chacho''. Louco e bêbado, como Puma e Coudet, ex-atacante e volante do clube.

O hoje técnico do Central se fez famoso também por uma brincadeira totalmente irresponsável nos tempos em que jogava no River. Batia na porta dos quartos da concentração e acionava o extintor de incêndio na cara dos colegas de time.

A loucura do técnico, evidente, se mistura à torcida canalla, há muitos campeonatos considerada a mais doida da Argentina, país onde já há uma paixão desmedida.

As entradas em campo são sempre marcantes – em noites de Copa Libertadores, muito mais, com o público fazendo sentir o rigor de um dos maiores caldeirões do continente, o Gigante de Arroyito.

É uma versão piorada da Bombonera, dizem na Argentina. A torcida fica colada ao campo. De dentro do gramado, com tanta gente em cima, mal se vê o céu. Pensar, respirar, contemplar? Impossível. Meter a pata é mais instintivo.

Coudet prevê partida dura: ''Cheia de raspadas, digna de Copa''. Os titulares do Central são os mesmos que ganharam por 1×0 em Porto Alegre: Sosa; Salazar, Burgos, Donatti e Pinola; Montoya, Musto, Fernández e Cervi; Herrera e Ruben.


Racing chega a Belo Horizonte com trajes ‘vestido para matar’ estilo lorde
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Tales Torraga

O Racing já está em Belo Horizonte para tentar eliminar o Atlético-MG no Horto às 21h45 desta quarta-feira (4). E chegou a caráter. ''Vestido para matar''.

Lordes, elegantes, impecáveis.

Difícil é transportar esta elegância para o gramado, onde os times argentinos de una recorrem à perna forte e ao jogo ríspido.

Saja; Pillud, Vittor, Nico Sánchez, Grimi; Noir, Videla, Aued, Acuña; Romero e Lisandro López, os prováveis titulares contra o Atético-MG. 

A iniciativa argentina de viajar ao exterior sempre de camisa, gemelos, zapatos, saco, pantalón largo y corbata – o brasileiro terno e gravata – tem dupla razão. A primeira é representar o clube e a Argentina com elegância fora do país.

E, claro, vender. As roupas são encontradas em lojas do clube ou nas grifes.

Hoje quem veste este filão é a italiana Giorgio Redaelli, que fala de ''aliança estratégica''. O clube é vestido e assessorado. E a grife ganha divulgação espontânea. São três times: Racing, River e Vélez, que não está na Libertadores.

No ano passado, o Boca fez acordo pontual com a também italiana Mancini.

Os trajes são customizados com detalhes que remetem ao clube ou ao jogador. Alguém hoje pode chegar à loja do Racing e pedir: ''Quero o terno do Milito''.

Os botões e sapatos também são alusivos. Cada remessa é de cerca de 60 conjuntos a atletas e dirigentes – como na viagem do River ao Japão ano passado.

O agasalho esportivo, quem diria, está em desuso. Até na América do Sul.


Genro de Carlos Bianchi, ‘galã roqueiro’ Domínguez busca proeza no Huracán
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Tales Torraga

Começam hoje (3) 21h45 as partidas de volta das oitavas da Libertadores com Atlético Nacional x Huracán, na Colômbia. Na ida, em Buenos Aires, um 0x0 que permite ao técnico Eduardo Domínguez sonhar com a improvável classificação.

O Nacional foi o melhor da fase de grupos; o Huracán, só o 16º depois de sobreviver na pré-Libertadores ao acidente de ônibus na Venezuela que fez o meia Torranzo perder quatro dedos do pé esquerdo. Em vez de abalar, o desastre fortaleceu o time.

Essa resiliência é um dos triunfos dos comandados por Domínguez, genro de ninguém menos que Carlos Bianchi, técnico mais vezes campeão da Libertadores – quatro títulos (um pelo Vélez e três com o Boca) e um vice. Domínguez e Brenda, a filha mais velha do Virrey, são casados há quatro anos e têm casal de filhos.

A convivência, claro, permite trocar ideias. ''Mas não falamos muito de futebol. Carlos é sempre aberto a conversar sobre o time, mas não fico o enchendo'', explica. E brinca: ''Ele é melhor avô que treinador'', sobre os re pechochos  Mateo e Nina.

Domínguez é surpresa no sempre agitado mercado de técnicos do futebol argentino. Ex-zagueiro do Huracán, virou técnico da noite para o dia. Aos 37 anos, é o treinador mais jovem da elite de um país aberto a iniciantes, mas que cobra igual.

Com Domínguez, o Huracán subiu de nível. Vindo do título da Supercopa Argentina, foi vice na Sul-Americana. Eliminou o River Plate na semifinal e só caiu na decisão depois de dois 0x0 e pênaltis contra o Santa Fe, também da Colômbia.

Sempre se defendendo com el alma, deve tentar frear o Nacional tentando novo 0x0 e pênaltis, colocando os colombianos em raro lugar: sair da Copa sem sofrer gols.

Nacional e Huracán se cruzaram na primeira fase. Em Parque Patrícios, 2×0 para os colombianos que, em casa, ficaram no 0x0.

Outra característica de Domínguez é seu visual roqueiro e pop star à beira do campo. A Argentina o vê como sósia de Adam Levine, vocalista do Maroon 5.

Nada que o questione com a torcida – pelo contrário. É venerado pelos quemeros. Resultados convincentes. A partir de hoje, podem ser também históricos. Ojo.

Nacional-Huracán fazem o cruce de quartas de Central-Grêmio, amanhã, Rosário.


Ex-zagueiro do Corinthians lança livro de contos de futebol em Buenos Aires
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Tales Torraga

Sebá Domínguez – lembra? – está vivendo segunda (2) especial em Buenos Aires.

Zagueiro do Corinthians em 2005 e 2006 e hoje atleta de 35 anos do Newell's, é o mentor de Pelota de Papel, livro com contos escritos por jogadores e técnicos.

Lançado hoje, o livro tem texto delicioso já na divulgação:


Todos deram o gosto de expressar-se muito com a bola nos pés e no coração. Agora a bola habita outro jogo: o jogo da palavra. Assim é Pelota de Papel, livro em que 24 figuras do gramado se dão o gosto de transformar-se em contistas.

E não só isso: cada um tem um escritor que prolonga o conto e um desenhista para ilustrá-los.

O timaço do Pelota de Papel: Sebastián Domínguez, Roberto Bonano, Pablo Aimar, Nicolás Burdisso, Sebastián Saja, Gustavo López, Agustín Lucas, Mónica Santino, Javier Mascherano, Jorge Bermúdez, Adrián Bianchi, Fernando Cavenaghi, Facundo Sava, Jorge Valdano, Sebastián Fernández, Jorge Cazulo, Juan Pablo Sorin, Ángel Cappa, Kurt Lutman, Juan Manuel Herbella, Nahuel Guzmán, Rubén Capria, Gustavo Lombardi e Jorge Sampaoli.


Timaço, sim, que surgiu para demonstrar que futebol e literatura não têm fronteiras. Domínguez é de Rosário. Lucas e Cazulo, dois amigos, são uruguaios – um deles, no Sporting Cristal, do Peru.

Começaram a conversar a ideia com outros amigos até ganhar forma com o jornalista Juanky Jurado como produtor e motor da aventura.


Pelota de Papel é o resultado deste projeto e agora está nas ruas, publicado pela Planeta e com a decisão de todos os participantes de destinar seus direitos autorais a fins benéficos. 

Tudo o que ocorre com Pelota de Papel está no Twitter e no Facebook.

O ''Lance!'' publicou ótimo papo e perfil de Sebá que é fã, olhem!, de Jorge Amado. Esteve na Bahia para conhecê-lo melhor. Aqui.


Rebelde, algoz inglês: Senna causou comoção maior que Maradona na Argentina
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Tales Torraga

A morte de Ayrton Senna há 22 anos ajoelhou a Argentina. Tanto quanto o Brasil.

Quem lembra daquele domingo garante: Buenos Aires chorou mais sua perda no GP de San Marino que o doping de Maradona na Copa dos EUA 55 dias depois.

A passional Argentina chora fácil. Senna e Francescoli foram imensos estrangeiros.

Tamanha idolatria argentina por Senna se explica muito por sua relação com Juan Manuel Fangio – pentacampeão, enxergava em Senna mais que um discípulo. E sim um filho. Em certa parte, era esta a maneira que os argentinos também o viam.

Hoje os dois juntos formam um dos mais visitados paineis do Museu Fangio em Balcarce, sua cidade-natal, a 415 km de Buenos Aires. Vale demais conhecê-lo.

Senna, 30 e poucos, ia a Buenos Aires todo ano para visitar Fangio, de 80 e poucos. As aparições eram sempre carinhosas. O argentino foi o confidente de Senna quando ele pensou em largar as corridas em 1990 ao brigar com os cartolas da F-1.

As brigas de Senna eram seguidas com total interesse. Havia extrema identificação argentina com sua audácia e rebeldia. Hoje, Senna está vivo em Buenos Aires com uma curva no circuito da cidade – cópia do S do Senna de Interlagos – e um traçado próprio com seu nome entre as muitas possibilidades do autódromo Oscar Gálvez.

O interesse argentino por corridas é incomparavelmente maior que o brasileiro. Pasion fierrera, dizem. Raúl Bocchicchio, 68 anos, dono de oficina, torceu muito por Senna: ''Que rivalidade com Brasil? Tá brincando? Vê-lo correr era arte pura, loco. Na Argentina era Senna ou Senna. Não tinha outro. Nosso maior ídolo, viste?''.


Gaston Saavedra, 32, professor de educação física de Lanús: ''Senna aqui é mais amado que Fangio e Reutemann, por ser mais contemporâneo que os dois. Lembro de, criança, ver os GPs e dizer: 'Você é doido, cara'. Toda a Argentina o seguia''.

As reminiscências atuais de Senna em Buenos Aires são duas. Kioscos de jornais na Corrientes, perto do Obelisco, vendem pôsteres seus. E um pôster em especial – surrado e amarelado – resiste ao tempo nas paredes de muitas oficinas. Este aqui.

Contribuía para a paixão argentina por Senna sua rivalidade com Nigel Mansell. Desde a Guerra das Malvinas, todo embate esportivo ante ingleses conta com torcida oposta. Senna acelerar McLaren e Williams, times do país? Não importava.

As ''manhãs de domingo'' no Brasil eram repetidas na Argentina com cardápio más rico. Terminava a F-1 e o país emendava a TV nos jogos de Maradona no Napoli.


Maradona, aliás, dedicou sua autobiografia a Senna. Escreveu que o piloto foi seu maior ídolo esportivo e prometeu chamar de Ayrton um eventual filho. Diegote visitou o túmulo de Senna em São Paulo na década de 90 e, há dois anos, postou esta foto.


Fantástica coincidência une os dois: no domingo em que Maradona fazia seu gol do século contra os ingleses, 22 de junho, Senna vencia o GP dos EUA em Detroit e inaugurava a comemoração caraterística erguendo a bandeira do Brasil no cockpit.


A fama argentina de Senna vinha também do namoro com Xuxa, muy conocida acá.


A relação dos dois é muito – muito mesmo – comentada no país 25 anos depois.


Autor de Ley de la ferocidad, dos mais lidos romances argentinos recentes, o escritor Pablo Ramos é outro eterno sennista: ''Me encantava o desespero que ele tinha em vencer em seu país. Eu e meu pai nos rompemos de tanto chorar quando morreu''.

Senna morreu em 94, 1º de maio. O GP da Argentina voltou à F-1 em 9.abril.95.

Luiz Alberto Pandini, hermano de longa data, então editor da revista Grid, estava lá.

E se arrepiou ao ler esta faixa na arquibancada:

Senna, toda vez que a F-1 correr na Argentina vamos vir te ver. Para a gente você sempre estará presente. Com o número 1 no carro, largando em 1º lugar, pilotando como só você sabe, e levando vitoriosa a bandeira de seu país ao lugar mais alto. 

Ayrton, na Argentina te queremos igual a Fangio e Reutemann.

Aquele GP foi vencido por Hill, que herdou de Senna o primeiro carro da Williams.