Patadas y Gambetas

Riquelme não esquece o Corinthians
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Tales Torraga

Maior ídolo da história do Boca, Juan Román Riquelme, 38, voltou anteontem à Bombonera para uma longa e excelente entrevista à TV TyC Sports.

E citou o Corinthians em duas ocasiões. Uma alegre, outra triste.


Primeiro, a sua alegre: ter feito um dos maiores golaços da história do Pacaembu, a inesquecível cobertura em Cássio na Libertadores-2013.

Riquelme colocou este gol entre os mais lindos da carreira.

E diz que ri com ele até hoje.

''Dizem que foi lindo, difícil e que eu cruzei bem forte. Dou risada'', afirmou. ''Escuto me falarem 'você cruzou', e respondo: 'tá bom, cruzei', se é o quer ouvir.''


Outro golaço? ''O da final contra o Grêmio.''

A segunda remissão ao Corinthians foi a final de 2012 que ''o aposentou''.

Riquelme esclareceu que sua saída do Boca só foi avisada ao time e ao técnico [Julio César Falcioni] depois da final – e não antes, razão que a Argentina até hoje coloca como a causa de o Boca jogar tão mal aquela decisão.


''Eu comuniquei ao grupo só depois do jogo. Só meu irmão e o presidente sabiam. Nem o técnico sabia. Só souberam depois da premiação. Não prejudiquei em nada. O Corinthians nos ganhou. O que vamos fazer? Às vezes se ganha, às vezes se perde. Sou um afortunado. Joguei quatro finais de Libertadores e ganhei três.''

Román voltou atrás e ao Boca sete meses depois de perder para o Corinthians. Reeditou então sua histórica dupla com Carlos Bianchi, a quem tem como pai.

Riquelme se prepara para sua partida de despedida na Bombonera, entre dezembro e junho – certamente um dos dias mais passionais da história do esporte argentino.


…E Maxi López segue perdendo para Icardi
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Tales Torraga

Buenos Aires passou as horas com atração rara nesta quarta: o reencontro entre Mauro Icardi e Maxi López no Inter de Milão x Torino pelo Campeonato Italiano.

As TVs nos bares e cafés juntaram homens e mulheres de diferentes idades que diziam de tudo a todo momento em que mostravam um (Icardi) ou outro (Maxi).

Falar de tudo sobre todo mundo a toda hora. Um selo portenho, mais que nunca.


O ápice do falatório veio aos 43 minutos do segundo tempo com o golaço de Icardi para fazer o 2×1 que deu à Inter sua primeira vitória em cinco jogos (vídeo aqui).

Foi o nono confronto Icardi-López, e agora está Icardi 5×2, com dois empates.

Icardi já havia feito o primeiro gol. Maxi López começou no banco e entrou no segundo tempo. Jogou com raça e carregou o Torino ao empate (gol de Belotti).

López e Icardi não se falaram, não se tocaram e mal se olharam em campo.


Mas o golaço de Icardi no finalzinho decretou sua nova vitória. Para aplausos de Wanda Nara – ex-esposa de López e agora mulher de Icardi (e sua empresária). Nem é preciso dizer o quanto de maldade foi dita ao mostrá-la nas imagens.

Os xingamentos não foram destinados só a ela, e sim a Icardi, López e todos os envolvidos neste assunto que parece eterno em qualquer conversa. Pará!

Os mais irrascíveis se concentraram no affair amoroso entre os três. Os sensatos ponderavam que Patón Bauza chamava para a Seleção naquela exata tarde o cômico Ezequiel Lavezzi, sem jogar há quatro meses na Liga Chinesa, enquanto Icardi, que marcava o oitavo gol em dez jogos no Italiano, seguia fora da equipe.

Lembravam que o doblete de Icardi salvava Frank de Boer, atual técnico da Inter.

E que Bauza com certeza vai precisar do mesmo contra Brasil e Colômbia.


Lateral do Vélez que socou Edmundo: “Faria de novo, não me arrependo”
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Tales Torraga

O argentino Flavio Zandoná hoje tem 49 anos e rotina das mais tranquilas.

Vive em Zárate, cidade de 115.000 habitantes às margens do rio Paraná.

Divide-se sempre entre a família, a pescaria, os amigos e os churrascos. Quando pedem, colabora com o Defensores Unidos de Zárate ou vai visitar os amigos do Vélez Sarsfield, clube no qual ganhou Libertadores e Intercontinental em 1994.

Sua calma e gentileza não lembram em nada o lance que lhe trouxe fama.

Ele nocauteou Edmundo com um violento soco na cara. Era Flamengo x Vélez Sarsfield: 1995, Supercopa da Libertadores, Parque do Sabiá, Uberlândia (MG).

''Nesta altura da vida, é claro que olho para trás e não tenho arrependimentos. Carregar arrependimentos é uma forma muito triste de se viver. Não me orgulho e nem me arrependo deste episódio'', nos contou Zandoná. ''Eu me senti provocado. E qualquer um que provoca precisa saber que isso vai gerar consequências.''

O Flamengo vencia o Vélez por 3×0, gols de Romário, Sávio e Edmundo.

(Se era ''o pior ataque do mundo'', os de hoje, o que são?)

Errando muito, Zandoná vivia uma noite especialmente difícil. ''Em uma jogada normal, sem importância, o Edmundo recebeu a bola e começou a rebolar e provocar todo mundo. Eu, que estava mais perto, principalmente'', relembra.

Os dois trocaram tapas antes do famoso nocaute.

''Estava 3×0. Não há paciência que banque um adversário ficar do seu lado rebolando, falando coisas e te dando tapa. Ali, quis fazer justiça lhe dando um soco bem forte. Estávamos em mau momento e saindo da Copa. O episódio significou uma catarse para todo o time. Se houvesse outra situação assim, faria de novo.''

Pelo soco em Edmundo, o argentino levou ainda uma voadora de Romário.

O discurso de Zandoná não se alterou desde o duro golpe de 21 anos atrás.

Em antiga entrevista ao jornal ''Olé'', chegou a dizer que via o soco dado em Edmundo de duas formas: ''Uma a favor e uma contra. A favor, é que eu bati nele no Brasil. Contra, é que acertei pelas costas. Gostaria de tê-lo acertado de frente''.

Hoje beirando os 50 anos, enxerga de forma mais ponderada: ''O futebol sempre busca a rivalidade, não? Ela sempre existe, aqui na Argentina ela é bem clara nas disputas entre cidades, províncias ou países vizinhos. A rivalidade é interessante, mas a violência não. E olhe quem está falando…'', brinca, reconhecendo a necessidade de passar mensagem mais produtiva que a deixada pelo punho.

A torcida do Vélez é louca por ele: 3 de outubro é o 'Zandonazo', o 'Dia do Soco'.

O murro de Zandoná em Edmundo está pintado na parede de uma rua que leva ao Estádio José Amalfitani, casa do clube no bairro de Liniers, em Buenos Aires.

''É claro que foi animalesco, mas me diz, já viu soco mais merecido que aquele?'', é o que se ouve de qualquer torcedor do Vélez que venha te comentar aquele lance.

Edmundo, no auge da sua fase ''animal'', encontrou alguém ainda mais animal.

Por mais que o semblante atual de Zandoná não entregue. Ele entrega sim que sofreu depois de parar de jogar, há 14 anos: ''A vida muda demais, a forma como as pessoas te enxergam também. Eu me ergui logo, mas pude entender os colegas que sofreram tanto. Alguns quiseram até se matar. Triste. Mas passou''.

LEIA MAIS: Edmundo expurga seus demônios e fala sobre a pior experiência de sua vida


Messi e Suárez: uma brilhante sacada para promover a Copa do Mundo de 2030
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Tales Torraga

Só um imenso imprevisto fará a Copa do Mundo de 2030 escapar de Argentina e Uruguai, contaram os presidentes dos países ontem à noite em Buenos Aires.

E é da capital portenha que vem os saborosos bastidores apurados pelo blog.

O primeiro desses detalhes será o esforço conjunto de Mauricio Macri e Tabaré Vázquez, mandatários de Argentina e Uruguai, em ter Lionel Messi e Luis Suárez como dois evidentes e enormes garotos-propagandas da candidatura conjunta.


O grupo de trabalho de Macri e Tabaré vai entrar em contato com os craques nesta semana para propor que ambos troquem o número da camisa no Barcelona.

Para promover a Copa de 2030, Macri vai sugerir a Messi cambiar a 10 pela 20; Tabaré fará o mesmo com Suárez – da 9 para a 30 azul e grená.

Messi e Suárez são amigos e dividem, além do mate que não largam nem nos aeroportos, uma paixão genuína pelo país de origem. Pessoas próximas a Macri e Tabaré contam com a boa vontade de ambos para mudar a numeração.


Não sabem, porém, qual seria a reação do Barcelona, que mantém largas vendas das camisas em todo o mundo – embora a mudança represente novidade que, avaliam na Argentina, pode ser explorada financeiramente inclusive na América.

Desconhecem também se haveria algum entrave por parte da Fifa ou da Uefa.

A jogada de marketing seria das mais vistas em todo o mundo por uma evidente razão: juntos, Messi e Suárez fizeram simplesmente 129 gols (!) pelo Barcelona somando a última temporada com a atual. Juntos, comemorando com as camisas 20 e 30, a dupla e os numerais rapidamente virariam o chavão do futebol moderno.

Messi e Macri têm diálogo dos mais fluídos. Os dois conversam sempre que há uma ocasião a respeito. Falaram antes e depois da final da última Copa América perdida para o Chile. Macri foi um dos políticos que demonstraram apoio e tentaram convencer Messi a não deixar a Seleção. De Macri partem sucessivos contatos para incentivar Messi em jogos importantes, como a final do último Mundial de Clubes.

Lionel também é um recorrente garoto-propaganda do Turismo de Buenos Aires.

Outro ponto que já surge como favorável à Argentina no Mundial de 2030 seria na preferência pelas partidas mais importantes. Para isso contribuem a óbvia dimensão do país (a Argentina hoje tem 44 milhões de pessoas; o pequenino e hermoso Uruguai, 3,4 milhões) e a igualmente óbvia influência de Mauricio Macri em toda e qualquer entranha do futebol mundial. Macri foi presidente do Boca de 1995 a 2007.

E tem enorme interesse pessoal em organizar a Copa até depois do mandato. Macri está com 57 anos. Teria 71 no Mundial (Pepe Mujica, por exemplo, hoje tem 81).

A exemplo do que ocorreu na única Copa compartilhada, em 2002 entre Japão e Coreia do Sul, a Argentina seria como o Japão – receberia a final da Copa no Monumental de Núñez, deixando a abertura com o Estádio Centenário do Uruguai.

A Copa de 2030 vai marcar os cem anos da sua primeira edição do Mundial – disputada no Uruguai e vencida pelos yoruguas contra a Argentina em Montevidéu.

Este cunho histórico, inclusive, impede qualquer arroubo de estrutura.

Macri e Tabaré descartam construir novos e caros estádios, o que teria de cara o total repúdio da população cada vez mais necessitada. A ordem é usar e modernizar o que tem. E contar com iniciativas como a do Peñarol, que inaugurou há pouco seu novo estádio com recursos próprios e custando só 13% da Arena Corinthians.


Gabriela Sabatini e sua nova paixão – 20 anos depois de pendurar a raquete
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Tales Torraga

Buenos Aires amanheceu com um assunto para dividir a atenção com o futebol. Rádios e TVs lembram: Gabriela Sabatini deu adeus ao tênis há exatos 20 anos.

Sabatini – quem tem mais de 30 sabe muy bien – foi a musa do esporte argentino e mundial nos anos 80 e 90. E principalmente uma excelente tenista.

Treinada pelo brasileiro Carlos Kirmayr, ganhou o US Open de 1990 e estrelou o circuito por dez anos – e enfrentando a melhor geração feminina da história.

(Alguém discorda da opinião do blog?)

Era adversária de Steffi Graf, Chris Evert, Monica Seles e Martina Navratilova – para dizer só quatro nomes. Foi número 3 do mundo e complicada rival para todas.

Gabi, como a Argentina sempre a chamou com carinho, hoje tem 46 anos e está longe do tênis: ''Vejo as raquetes lá em casa e nem ligo''. Sua atual grande paixão é a bicicleta, como descreve neste vídeo aqui. Percorre o mundo em duas rodas e flerta com o triatlo. Nada, corre e continua uma diva. ''Não faço nada pesado, mas sou sim uma maluquinha do esporte. Toda a vida fui. Tenho academia em casa.''

sababici

Cuida também da sua muy famosa linha de perfumes. Curioso: o país em que faz o maior sucesso em todo o mundo é a Alemanha, terra da principal rival, Steffi Graf.

Adora cantar e aproveitar as comidas que evitava quando jogava. Zero escândalos. Sem revelar nada ao público, se encarrega de ajudar – com o dinheiro e com a alma – um batalhão de jovens esportistas argentinos. A filantropia move sua rotina. Percorre a Argentina e o mundo em diversos eventos sociais.

Daí vem hoje seu grande prazer: ''O que me emociona é ver a solidariedade. O povo argentino é solidário. A única necessidade é unir as pessoas''.

União é outra palavra que Sabatini tem o que falar. Mantém contato com grande parte das tenistas que foram suas adversárias, e com elas viaja e faz jogos beneficentes. Além do seu tênis de classe (e não força) nos golpes, entrou para a história pela lição que deu ao mundo ao pedir a proteção do ranking da adversária Monica Seles quando ela levou a famosa punhalada nas costas em 1993.

Sabatini foi a única jogadora a tomar esta iniciativa.

O jornal ''La Nación'' deu a ela a capa de esportes e resumiu bem quem é Gabi.

Alguém cada vez maior.


Javier Castrilli: “O dinheiro não compra o respeito que têm por mim”
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Tales Torraga

A pinta de xerife e o gel no cabelo ficaram no passado.

Hoje com 59 anos, o ex-árbitro argentino Javier Castrilli é um grisalho sereno, sorridente e ''fanático pelos netos'', como descrevia sua antiga conta no Twitter.

Castrilli é também muy importante. É hoje Diretor de Esportes da Província de Buenos Aires, o intermediário entre o governo e as federações. Ocupou cargo parecido entre 2003 e 2008 – era responsável pela segurança nos estádios.

A escalada da violência nas canchas não queimou seu filme com Mauricio Macri. O atual presidente da Argentina é um declarado fã do ex-árbitro. Percorreram Buenos Aires juntos e sorridentes na campanha à Presidência do ano passado.


A fama com Macri não é a mesma que Castrilli tem no Brasil. Tudo pela sua atuação no Corinthians x Portuguesa que definiu a semifinal do Paulista de 1998.

Em jogo de quatro expulsões, dez cartões amarelos e um segundo tempo que só terminou aos 57 minutos, o Corinthians contou com dois pênaltis marcados por ele – o último aos 44 minutos do segundo tempo – para fazer 2×2 e avançar à decisão.

(Decisão que perderia feio para o São Paulo de Raí, França e Denílson.)

O blog ouviu Castrilli em Buenos Aires. E constatou o que os portenhos repetem sobre o experiente político e requisitado palestrante que é. Castrilli não fala.

Diz. E tão somente o que quer. Toma o ''leite do gato'' (gíria para pessoa esperta).

''O juiz pode acertar ou errar, mas precisa dar as caras em certos momentos'', contou, sobre aquela tarde de domingo no Morumbi. ''Como você pode falar de erro se o juiz não tem à disposição os mesmos recursos do público e dos jornalistas que interpretam este erro? O árbitro passa por provas exaustivas de verificações. Vídeos, computadores, toda a tecnologia. Era assim há 20 anos e é muito mais assim hoje.''

''Entendo as críticas. Sempre digo que cada torcedor lembra de um jogo em especial. Não lembram quando o time deles foi campeão comigo. O árbitro não gera afeto. Pelo contrário, ele machuca os afetos, e isso é inesquecível para quem sofre.''

''O que o público precisa considerar é o alto nível de falha da função. As decisões do árbitro têm uma natural limitação humana. O futebol está muito atrasado. O juiz tem em mãos as mesmas ferramentas de um século atrás. Ele carrega só um apito e uma bandeira. É um enorme erro colocar na mão do juiz, só, o trabalho de anos de um grande grupo de pessoas. E põe mais, põe a paixão de milhões de torcedores.''

A aversão do futebol à tecnologia é definida assim por Castrilli: ''Querem parar um trem com as mãos. O juiz está sozinho e crucificado. É absurdo que não entreguem à arbitragem os mesmos recursos que a imprensa usa. Não há volta atrás. O árbitro logo vai ser um sancionador de decisões remotas e analisadas com a tecnologia''.

O Brasil talvez se surpreenda, mas Javier é querido na Argentina. ''Bom era no tempo do Castrilli'', repetem. Durão, não favorecia medalhões ou camisas pesadas.


São muito famosas suas duras brigas com Passarella e Maradona – os dois capitães campeões do mundo pela Argentina. Em um River 0x5 Newell´s em 1992, expulsou quatro jogadores do River e o técnico Passarella. Em um Vélez x Boca de 1996, mandou Maradona para o chuveiro e quase desencadeou uma tragédia.

Em Vélez x Banfield, deu pênalti no último segundo para o Banfield em agarrão na área – igual ao primeiro penal pró-Corinthians contra a Portuguesa em 1998.

Chilavert defendeu. O sempre conflituoso Chila é amigo de Castrilli, quem diria?

Dois meses depois de passar pelo Morumbi, Castrilli foi árbitro na Copa do Mundo de 1998 – sua única. Para ele, sua maior alegria com a bola não vem do Mundial.

''Sinto que as pessoas me respeitam, percebo isso a cada vez que ando nas ruas aqui de Buenos Aires ou do interior. E não há dinheiro que compre este respeito. As pessoas veem que eu era coerente no que fazia. Eu fazia o que pensava.''

Pensava, fazia e agora pede: antigos erros? Ya está. No me nombres, por favor.

(…) Puedes olvidarme para toda la vida
Olvidar que también hubo alegrías
Pero si prefieres quedarte con años que olvidaste
Entonces voy a pedirte que no me nombres (…)

* Com Marcelo Manzanel, de Buenos Aires. Gracias y mates, Manzi!


Baladas e barra brava: em baixa no Boca, Tevez completa 15 anos de carreira
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Tales Torraga

Carlitos Tevez vive uma sexta-feira especial. Em um 21 de outubro como hoje, mas em 2001, ele estreava como jugador de primera. Já faz 15 anos. Tevez tinha 17.

Os melhores momentos deste jogo (Talleres x Boca em Córdoba) estão aqui.

A data festiva, porém, não encontra clima para grandes comemorações.

Tevez e muitos outros jogadores do Boca Juniors vêm sendo perseguidos por torcedores incomodados em vê-los nas noitadas de Buenos Aires.

O ex-ídolo do Corinthians foi fotografado no domingo em uma casa noturna portenha chamada Tropitango depois do Boca 2×0 Sarmiento na Bombonera.

É a imagem acima. Tevez vai ao Tropitango desde a adolescência. Não haveria polêmica com sua diversão se o episódio não ocorresse exatamente um dia depois de a barra brava do Boca invadir a concentração e exigir seriedade aos jogadores.

Torcedores uniformizados conhecidos por roubar e matar cobrando moral e boa conduta de atletas profissionais. É a loucura do momento na Argentina.

Tevez, claro, foi questionado sobre suas saídas: ''Cada um sabe como se cuidar, dentro de campo é preciso mostrar que está bem. Se o Boca vence, ótimo, se empata ou perde, o torcedor não fica feliz em nos ver nas baladas'', falou.

Outro assunto que contribuiu para o aumento da ira da torcida com os jogadores do Boca foi o vazamento dos nudes de Centurión, ex-São Paulo, nesta semana.

O jornal ''Crónica'' cravou em sua manchete de terça-feira que ''os gêmeos estão no piso'' – trocadilho com a pose do jogador e com o ''saco cheio'' dos gêmeos que comandam o Boca, Gustavo e Guillermo Barros Schelotto, com a situação.

Situação que, Tevez sabe bem, deixa de existir em caso de vitórias e títulos.

O Boca é o quarto no Campeonato Argentino depois de seis rodadas (está quatro pontos atrás do líder Estudiantes) e briga pela taça também na Copa Argentina.

O time volta a campo às 20h de domingo contra o Atlético Tucumán, fora.

Tevez marcou somente um gol no Argentino até aqui. Dele, a torcida espera sempre a garra do garoto de 17 anos que já não é. Faz 15 anos que não é.

E esta sexta é um bom dia para reforçar isso.

Detalhe que deixa a torcida do Corinthians com orgulho – a melhor média de gols de Tevez foi justamente com a camisa do clube: 46 gols em 77 jogos (0,60), superando sua brilhante fase de Juventus (50 gols em 96 jogos, 0,52).

O melhor Tevez de todos teria sido o Tevez do Corinthians?

(Respondo que não, e sim o Tevez da primeira passagem pelo Boca, campeão da Libertadores e do Mundial em 2003 e campeão olímpico em 2004.

A média foi baixa – 0,34 -, mas há um plus, o gol 'gallinita' que ajudou a eliminar o River da semifinal da Libertadores de 2004 em pleno Monumental de Núñez.)


Brasil x Argentina já vale o emprego de Bauza
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Tales Torraga

Brasil e Argentina jogam pelas Eliminatórias em Belo Horizonte daqui a três semanas – e esse período será de extrema pressão para o técnico Patón Bauza.


Ou Bauza termina 2016 em posição melhor que a atual quinta colocação ou será sacado. Simples assim, indicaram dirigentes ouvidos pelo blog. O trabalho de Patón foi dos temas mais falados na reunião da AFA na noite de terça em Buenos Aires.

Tal rumo nos bastidores transforma o jogo do Mineirão crucial para seu emprego. Bauza precisa pelo menos empatar com o Brasil e vencer a Colômbia em casa (San Juan) dia 15. Se não somar quatro pontos, dará adeus depois de só seis jogos.

Patón vem de uma vitória (Uruguai), dois empates (Venezuela e Peru) e uma derrota (Paraguai). Passando novembro, a Argentina voltaria a jogar pelas Eliminatórias somente no fim de março, o que facilitaria a eventual mudança de comando.

Para sua instabilidade contribui também a eterna crise política da Associação. A chegada de Bauza foi determinada por Armando Pérez, presidente do Comitê de Regularização da AFA, cujo poder é encolhido pelos dirigentes a cada semana.


Ontem (19), o jornal ''La Nación'' publicou que uma das determinações da AFA nesta semana foi limitar o atual contrato de Bauza até junho, como mostra acima.

Terrible, eh.

Quem colocou mais pressão ainda sobre Bauza foi o último treinador campeão mundial pela Argentina em 1986, Carlos Salvador Bilardo. Ele simplesmente pediu a cabeça de Patón: ''Se quer fazer média com a imprensa ou com os jogadores, que não dirija mais'', disparou ontem El Narigón Bilardo, já cotado a assumir o cargo.

Pegou mal contra Bauza sua entrevista dada semana passada no Fox Sports ao jornalista Fernando Niembro. Em declaração bastante criticada pela opinião pública, Patón afirmou que a Argentina ''sairia campeã da Copa do Mundo da Rússia''.

Como dizer isto se já sofre horrores só para garantir a presença no Mundial?

Mais sério, Bauza falou que vai formar a Argentina com duas linhas de quatro ante o Brasil. Ele avalia de perto três jogadores em atividade na Argentina: Marcos El Huevo Acuña (Racing), Fernando Belluschi e Sebastián Blanco (ambos do San Lorenzo). Os três são meio-campistas de pegada e bom toque de bola. Ocupariam as vagas deixadas pelos lesionados Augusto Fernández e Lucas Biglia.

* Atualizado às 10h05: Armando Pérez acaba de dizer que não vê a hora de sair do comitê da AFA: ''Uma bagunça bárbara''. Patón está muito enfraquecido. Seu único respaldo precisará vir unicamente e exclusivamente do campo. Será?

A ver.


Ex-Palmeiras e Flamengo, Mancuso entra na mira da Justiça argentina
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Tales Torraga

Implacável marcador de Palmeiras, Flamengo e Santa Cruz nos anos 90, o ex-volante Alejandro Mancuso é quem está marcado hoje pela Justiça argentina.

Mancuso tem 48 anos, e nos últimos meses os conflitos judiciais tiraram sua paz. Em um deles, no fim de 2015, teve sua captura pedida em Buenos Aires. Foi acusado de usurpação de imóvel e ameaças ao homem que comprou os seus campos de futebol sintético no bairro de Liniers, na capital argentina.

Depois de entregar as chaves, o ex-jogador se opôs ao que seria a construção. Segundo as acusações, trocou as fechaduras e ameaçou o novo proprietário. Sua captura foi pedida porque Mancuso não apareceu para depor.

O ex-volante se defendeu na TV: ''Discutimos em alto tom porque não pude retirar meus troféus, lembranças e fotos do imóvel'', afirmou. Alejandro Sanchez Kalbermatten, seu advogado, disse que a situação foi normalizada e que houve um erro na notificação, por isso Mancuso não compareceu ao depoimento.

Quem também brigou judicialmente com Mancuso e pediu sua prisão foi Diego Maradona. Juntos, Maradona (técnico) e Mancuso (assistente) conduziram a Argentina na Copa de 2010. Foram eliminados pela Alemanha nas quartas.

Maradona o acusou de uso indevido de imagem e de falsificar sua assinatura. Mancuso argumentou que as queixas eram infundadas, tanto que o processou e pediu a perícia psiquiátrica de Maradona. ''A droga afetou sua memória'', disse.

Menos pesada, e mais bizarra, foi sua desavença vivida no fim de 2014.

Em um Brasil x Argentina de veteranos organizado em Natal (RN), foi anunciada a presença de Claudio Caniggia, mas quem apareceu foi outro jogador, disfarçado. Mancuso atribuiu a responsabilidade aos produtores do Brasil e se defendeu: ''Em momento algum disse que Caniggia iria jogar. Fiquei bastante surpreso''.

Mancuso segue ativo na organização de partidas conhecidas na Argentina como 'indoor show' – o equivalente ao 'showbol' no Brasil. Neste sábado, realizará um jogo para comemorar o aniversário da cidade de Trelew, na província de Chubut, extremo da Argentina, a 1.451 quilômetros de Buenos Aires.


23 anos e mil inimigos. Como Icardi virou o garoto-problema do momento
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Tales Torraga

Cosecharás tu siembra, e Mauro Icardi já colhe os tristes problemas que plantou.

E o que plantou é tão absurdo que nem a Argentina imersa no caos consegue entender. Como publicar uma autobiografia aos 23 anos e contar que iria chamar cem assassinos argentinos para matar torcedores da Inter da qual é capitão?

Será que ele destinaria tal trato aos barra bravas da Rosário onde nasceu?


Será que o Campeonato Italiano já esteve pior?  Como Icardi pode ser capitão da Inter de Milão e portar uma braçadeira que já foi de Bergomi, Zanetti e Passarella?

Suas últimas mancadas são retratadas na Argentina como a falência da atual geração. Egocentrismo + imersão na tecnologia + falta de empatia ou interesse em qualquer contemplação que não seja a do próprio umbigo = só ostentar importa.

Poses, posses, postagens.

Suas redes sociais AAA com a mulher (e sua empresária) Wanda Nara machucam cada vez mais a Argentina de 32,2% de pobres. Aqui não há nenhum me gusta.

Só a constatação da escolha dos piores caminhos. Lembram sempre que Marcelo Tinelli, importante apresentador e dirigente argentino, se relacionou depois com a mulher de seu amigo e produtor. E decidiu jamais tocar publicamente no tema.

Icardi faz o contrário. Faz o que provocaria um rio de sangue em qualquer barrio.

Tais confrontações fecham as portas do mundo até a quem marca 6 gols em 8 jogos – é esta, sua temporada. A forma de viver caracterizada pela soberba esconde também a difícil relação de abandono e briga por dinheiro com os pais.


Icardi acumula mais inimigos que gols. A culpa do desastroso livro, pero pues, foi do tradutor. Escancara a cada passo que é uma triste marionete milionária a serviço dos maus conselhos. Se é inteligente, ou se conta com alguém assim ao redor, não dá espaço nem cenário a torcedores violentos. Mas há a insegurança, há também a insistência de se fazer de mau a todo custo para marcar território. Pobre.

A imaturidade demonstra a permissividade de quem o acompanha. As más condutas e a falta de respeito estão instituídas na sociedade, seja ela da classe AAA ou ZZZ.

(Icardi fez as divisões de base do Barcelona e por algo o deixaram ir, me lembram.)

O melhor negócio quase sempre é ficar quieto. Cerrar el pico. Agir; não falar. E no caso de Icardi, ter um técnico como José Mourinho – alguém ainda mais egocêntrico que seja capaz de confrontá-lo e detoná-lo só para demonstrar poder e enquadrar.


Enquanto isso não ocorre, Icardi vira até gíria em Buenos Aires. É a versão 2016 do ''mais falso que nota de três''. Criticar o caráter de alguém é dizer que ele tem ''menos códigos que Icardi''. Humoristas como o Prestico, claro, aproveitam – aqui.

A quem praticamente implora para ser benquisto na Argentina, lamentável.

Icardi é um Messi. Deixou Rosário sem atuar no país e hoje luta da forma que sabe para ganhar amor em seu berço. Só por isso não jogou a Copa de 2014 pela Itália.

Algo que ele talvez se arrependa um dia. Algo que parte da Argentina já lamenta hoje. Os humores estão abalados demais nesse canto de mundo para ler a ''centena de assassinos argentinos'' e não se sentir uma mera exportadora de marginais.


Borges e Cortázar. Icardi e Wanda Nara.

Só deram o Nobel a Dylan porque não leram Icardi.

''Hay mujeres que empiezan la guerra firmando la paz''
SABINA, Joaquín