Patadas y Gambetas

“A Argentina vai ganhar esta Libertadores”, diz técnico do Lanús
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Tales Torraga

A vitória de 3×0 do Grêmio sobre o Barcelona-EQU encantou a imprensa argentina, mas não o técnico Jorge Almirón, do Lanús. Ontem (26), ele cravou que do confronto entre o River e sua equipe vai sair o campeão desta Libertadores.

Jorge Almirón, técnico do Lanús – El Gráfico/Reprodução

''Vi o jogo do Grêmio, mas passando River ou a gente, não vai ser tão complicado assim. Deste cruzamento [Lanús x River] argentino sai o campeão, te digo de verdade'', comentou o treinador ao canal de TV TyC Sports, de Buenos Aires.

''Cada um quer ganhar e jogar bem, mas as finais precisam ser vencidas da maneira como for, e isso, como mostra a história, a Argentina sabe fazer bem.''

Os números respaldam Almirón. A Argentina tem 24 títulos de Libertadores, contra 17 de Brasil e 8 do Uruguai – o montante argentino é quase a soma dos vizinhos.

O que se deduz muito facilmente também na sua afirmação é a tentativa de despistar a atuação paupérrima do Lanús na primeira partida. O placar de 3×0 do Grêmio sobre o Barcelona poderia ter sido também o desfecho do River sobre o adversário que volta a encontrar na próxima terça-feira (31), às 22h15 (de Brasília).

Estatística contundente de River x Lanús – @OptaJavier

Como fica bem claro acima, o Lanús sequer chutou ao gol do River no Monumental na última terça (24). Ninguém em Buenos Aires tem a sensação de que o técnico Marcelo Gallardo e sua preparada equipe vão deixar escapar a oportunidade de chegar a esta decisão realmente histórica contra o Grêmio de Renato Gaúcho.

O tricolor de Porto Alegre, vale lembrar, já perdeu duas finais de Libertadores para argentinos: em 1984, para o Independiente de Ricardo Bochini e Jorge Burruchaga, e em 2007, para o Boca Juniors de Martín Palermo e Juan Román Riquelme.


Imprensa argentina aplaude o Grêmio: “Um furacão”
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Tales Torraga

Apesar de seguir encantada com o futebol eficiente do River Plate, que soube tanto golear o Jorge Wilstermann por 8×0 quanto conseguir um providencial 1×0 sobre o Lanús em casa, a imprensa argentina nesta quinta (26) é unânime em reconhecer que o Grêmio está muito perto da final da Libertadores – e com todos os méritos.

O relato mais preciso veio do jornal ''La Nación'', o segundo maior da Argentina (e o primeiro na qualidade dos textos).

''O imortal tricolor foi um furacão ao arrasar a zaga do Barcelona e conseguir uma cômoda vitória parcial por 2×0 com apenas 20 minutos de jogo, para desilusão dos milhares de torcedores equatorianos no Estádio Monumental.''

A força da camisa do Grêmio foi também ressaltada: ''Nada diferente da lógica. O tricolor gaúcho na Libertadores ostenta dois títulos (1983 e 1995) e dois vices (1984 e 2007). É um time lúcido e que conta com os gols importantes de Luan e Edílson''.

''Grêmio aparece na final'', a capa de hoje (26) do ''Olé'' – Reprodução

O ''Olé'', que é muito menos irônico do que a maioria dos brasileiros pensa – basta ler o diário todos os dias, como faz o blog, para saber que o sarcasmo é alocado -, seguiu a linha de elogios e destacou o Grêmio em sua capa de hoje (26).

''O passo que os gaúchos deram foi gigante. Apenas uma façanha dos equatorianos vai impedir que os brasileiros enfrentem River ou Lanús.''

''O Grêmio nunca sofreu. Teve eficiência e contundência. Caso pegue o River, fecha a decisão em Porto Alegre. Se enfrentar o Lanús, a finalíssima será na Argentina.''

Para o ''Clarín'', principal jornal da Argentina, o 3×0 foi até pouco. ''A diferença poderia até ser maior que esta, que já parece definir a história. Luan alcançou Scocco, e agora os dois têm sete gols e são os grandes nomes ofensivos da Copa.''

Jorraram também elogios para a defesa do goleiro Marcelo Grohe.

''Nesses tempos em que sobram prêmios para tudo, a melhor intervenção do ano poderia ser a dele. O tapa salvador aos 4 do segundo tempo foi descomunal.''

O ''Olé'' foi mais incisivo: ''Melhor defesa da temporada? Foi a melhor da história!''.


Análise: Este River tem mesmo cara de campeão
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Tales Torraga

Andrada, goleiro do Lanús, começou a fazer cera aos 20 minutos de jogo.

O gol pode esperar, diz o folclore argentino. E numa guerra assim, com a perna fortíssima e com a cara cheia de sangue, como a do zagueiro Maidana, este fantástico River escancarou suas entranhas e mostrou que está pronto para o tetra.

Scocco comemora seu sexto gol em dois jogos – Olé/Reprodução

É para jugar? Jugamos. É para meter patadas? Metemos.

Nos bancamos, disseram os 11 homens do Napoleón Marcelo Gallardo que a cada batalha mostra por que é considerado o maior técnico da centenária história do River Plate. O 1×0, gol de Scocco, o sexto em dois jogos, poderia ser 2×0 ou 3×0.

A loucura no Monumental foi tamanha que aos 40 do segundo tempo as populares estavam mais preocupadas em acender rojões do que com o jogo em si.

O ferro forte que esperávamos invadiu mesmo o Festival, quer dizer, o Monumental.

A rispidez comandou as ações. Os dois times estavam preparadíssimos taticamente, mais preocupados em machucar o rival do que em buscar o gol.

O próximo round desta pelea infernal será terça (31) que vem, às 22h15 (de Brasília), em Lanús, com a torcida do River já comprando as entradas do time local e obrigando a polícia a estudar um esquema de segurança para saber o que fazer com os fanáticos que estão mais loucos do que nunca – e pior que é possível.

Carnaval de Núñez – Olé/Reprodução

Toda a Argentina olha para este River como o virtual campeão da Libertadores. O vermelho e branco não dá sinais de amarelar. O país mais vitorioso da história da Copa se prepara para erguer mais uma – e que seria extremamente especial.

Começar a campanha em greve e terminá-la com uma volta olímpica. E os brasileiros falando de ''crise, papelão e decadência'' da Argentina. Me hace reir!

E agora apostam tudo no Grêmio, o time mais argentino do Brasil!

O Grêmio de Kanemann, Gata Fernández e Lucas Barrios – Scotta e Sabella!

Oito vagas, recorde de participantes, canchas nababescas, parcerias milionárias.

Para isso?

A que ponto chegamos. El punto argentino, já cantava El Salmón Andrés Calamaro.

Capa do ''Olé'' desta quarta (25)


River e Lanús prometem “batalha da década” na semifinal da Libertadores
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Tales Torraga

''Quer jogo bonito, vai para a Europa.''

É o que repetem os portenhos hoje em Buenos Aires à espera de uma partida histórica, ríspida e impossível de prever na jaula monumental em Núñez.

River Plate e Lanús abrem hoje (24) às 20h15 (de Brasília) uma semifinal 100% argentina, o que não ocorria na Libertadores desde 2004, quando o River foi eliminado pelo Boca nos pênaltis em um duelo infernal: gol decisivo aos 51 do segundo tempo, seis expulsões nos dois jogos (a famosa galinha de Tevez), puxões de cabelo, arranhões na cara e cerca de 80.000 atônitos torcedores em silêncio, escutando, das populares, a festa que os vencedores do Boca faziam em campo.

O enredo bélico deve se repetir. River e Lanús se olham com absoluta animosidade.

River e Lanús fazem semifinal. O horário de Brasília é 20h15 – Montagem/Olé

Tanto os presidentes como os jogadores carregam uma pesada hostilidade conjunta – e é por isso que ninguém deve esperar outra coisa que não uma repetição, por exemplo, daquele insano River x Boca da Libertadores de 2015 com os dois times jogando no limite do regulamento, repartindo socos, voadoras e cotoveladas.

A arbitragem hoje será brasileira, e ela merece um parágrafo à parte.

O responsável por conduzir o trio será Wilton Sampaio, que vai contar com o ''juiz eletrônico''. É no mínimo irônico que o recurso entre na Libertadores justo em um duelo tão pegado. Os vídeos vão servir para tirar dúvidas pontuais. Mas a sensação de incerteza é enorme por parte dos dois clubes. ''Vou falar a verdade: não tenho nem ideia do que vai acontecer'', admitiu o volante Enzo Pérez, destaque do River.

Em êxtase depois do 8×0 sobre o Jorge Wilstermann, a torcida do River está mobilizada desde a semana passada para fazer o Monumental explodir hoje (24) ainda mais do que na partida contra os bolivianos. É claro que todos os 65.000 ingressos voaram em um par de horas. Quem ligar a TV e ver um público de umas 80.000 pessoas, que não se assuste. Costumbres argentinas, já cantava Calamaro.

O perigo é o Monumental – tratado pela torcida do River como ''Festival de Núñez'' depois do 8×0 – explodir também de raiva, porque o Lanús tem sido o grande carrasco recente do gigante vermelho e branco. Lanús e River disputaram um título em janeiro, a Supercopa Argentina, cruzando os campeões do Campeonato Argentino – o Lanús – e o da Copa Argentina (o River). E não é que o Lanús atropelou o River com um 3×0 que poderia ser até mais?

Há dois antecedentes tristes para o gigante de Núñez também na Sul-Americana, quando foi eliminado pelo Lanús até com certa folga em 2013 e 2009.

Mas nada apimenta mais este mata-mata que a guerra de classes que dá os tons da ''batalha da década'' que tanto empolga os argentinos nesta semana.

O aristocrático River voltou a viver sua fase ''millonaria'', com muito dinheiro no bolso e pesos para dar e vender. O Lanús é um time de bairro, pequeno, operário, e…coirmão do Boca. Foi no Lanús que Guillermo Barros Schelotto, ídolo xeneize quando jogador, amadureceu como técnico a ponto de agora ser o treinador do Boca. E é também um ex-Lanús (Goltz), o hoje xerife da zaga bostera.

Schelotto não deu meia-volta: ''É claro que quero que ganhe o Lanús''.

A disparidade econômica entre as duas equipes é gigante, como mostra o quadro.

O River do brilhante ''Napoleón'' Marcelo Gallardo deve ir a campo com Lux; Montiel (Casco), Maidana, Pinola e Saracchi (Casco); Pérez, Patadas Ponzio, Fernández e Pity Martínez; De la Cruz (Auzqui) e Nacho Scocco.

O Lanús do competente Jorge Almirón terá: Andrada; Gómez, García Guerreño, Braghieri e Velázquez; Martínez, Marcone e Pasquini; Silva, Sand e Acosta.

O River joga no estilo ''patadas y gambetas''. O Lanús vai no ''patadas y patadas''.

Vale prestar atenção na dupla de ataque do Lanús. Pepe Sand foi criado no River, mas não obteve chances entre os profissionais e hoje se esmera sempre para balançar as redes do ex-clube. Sua relação com a torcida é bem agressiva.

E Laucha Acosta, um dos maiores encrenqueiros da Argentina, em que pese ser jogador de seleção, é filho de ex-atletas do Lanús e toda sua família segue no clube praticando outras modalidades. Diz abertamente que este cruce serão os jogos da sua vida, e que vai se matar em campo para levar a vitória ao pequenino Lanús.


Livro ataca fair play e pede volta do “futebol de antes”
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Tales Torraga

As discussões sobre qual futebol é melhor, se o ''raiz'' ou o ''Nutella'', são constantes também na Argentina e no Uruguai – tanto que virou o livro ''Que volte a celeste de antes'', lançado em Montevidéu e à venda em Buenos Aires.

Capa do livro – Divulgação

''O livro é uma apologia ao futebol de antes, de estilo rústico e de travas altas para frear o adversário. E, claro, com incidentes quando terminar o jogo. É uma homenagem aos capitães rudes e aos jogadores com bigode e chuteiras negras. Uma homenagem às concentrações com vinho e churrasco e à torcida que vaia o hino contrário'', comenta o autor, o uruguaio Sebastián Chittadini, formado em Ciências da Comunicação e colunista de diversos portais e revistas em Montevidéu.

''É um pouco de crítica e um pouco de ironia. Para a gente, por exemplo, os jogadores depilados e perfumados são considerados indignos de vestir a camisa da seleção. E um jogo que termina sem expulsos provoca vergonha'', segue o autor.

O livro originalmente era uma comunidade no Facebook, mas acaba de ser lançado – com as devidas adaptações – pela editora Fin de Siglo, à venda aqui por cerca de R$ 60. ''É um livro em defesa dos velhos valhores'', assinala Chittadini.

Ele bate forte no que considera ''metrossexualismo'' do futebol atual perceptível em jogadores e torcedores. ''Que vão ao estádio com a família, apoiam os jogadores inclusive quando estão perdendo, pintam a cara e fazer a ola'', analisa. ''Vivemos tempos de fair play? Onde ficou o 'ganhar a todo custo', o 'ser fortes em nosso estádio', o 'peso da camiseta'? Onde foram parar os homens curtidos, com a cara entupida de barba e com o peitoral peludo?'', provoca.

Outros trechos cheios de ironias:

“Os uruguaios, com um bom churrasco e um bom vinho, sempre correram bem. A nutricionista nós deixamos com o Beckham.''

''Você pensa que é uma festa esportiva, como dizem? O Mundial é a guerra. Diretamente a guerra'', falava Obdulio Varela.

''Violência há no Iraque, onde se cagam a tiros. Nós jogamos futebol. Quem não goste do contato, que jogue xadrez'', repete Diego Godín

''Os jogadores de ébano dão à Celeste um plus frente às outras seleções. Os negros são protagonistas destacados da nossa gloriosa malha sobre o peito. E falamos de negros, não de ‘afrodescendentes’.”

“O bigode impõe respeito. É um sinal que a pessoa que vem com ele é séria e tem suas convicções. Não teme o que falam. Uma pessoa com bigode é firme no campo de jogo, por isso o bigode proliferava em goleiros, zagueiros e volantes.''

“Desgraçadamente, e salvo raras exceções, estão enterradas no passado as chuteiras negras, marcas de um futebol e de homens robustos que cuidavam de sua ferramenta com graxa e saliva para entrar em campo. Hoje, a moda multicolor monopoliza o calçado, sepultando a identidade do nosso esporte.''


“Iria preso para ganhar a Copa com esta Argentina”, diz Carlos Bilardo
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Tales Torraga

Carlos Salvador Bilardo é o último técnico argentino campeão do mundo – em 1986, com Diego Armando Maradona jogando o melhor futebol que o planeta já viu jogar.

Carlos Salvador Bilardo, 78 anos – Olé/Reprodução

Hoje com 78 anos, Bilardo tem um programa na Rádio La Red, em Buenos Aires, e nele deu uma declaração surpreendente ao ser questionado sobre o que faria se estivesse no lugar do atual treinador, Jorge Sampaoli: ''Ganhar. Ou ganha ou vai embora. O que me falta perguntar é como ganhar, e eu te respondo que é preciso ganhar como for. Nós vamos presos. Eu iria preso para ganhar uma Copa com esta Argentina'', disse – rindo e admitindo sua lendária (e assustadora) locura.

''E não vale? Você não aceitaria ser preso para ganhar uma final? Ojo: sem matar, eh. Às vezes te chamam de assassino, isso não.  Mas brigando, sim. Sem dúvida'', concluiu o ''Doctor'', como é chamado na Argentina pela sua formação de médico.

Bilardo é acusado até hoje de drogar os rivais (mentor do ''bidón'' de Branco em 1990) e os próprios jogadores (como Passarella em 1986). É muito famosa em Buenos Aires a sua briga com Maradona no Sevilla em 1992, quando trocaram murros na cara e apareceram com os narizes detonados no dia seguinte.

E ele fez ainda mais.

Bilardo jogava com agulhas escondidas nos meiões para tirá-las e furar os adversários nas faltas e escanteios. ''Não tinha Aids naquele tempo'', costuma repetir o ''Doctor'', meio-campista do Estudiantes de La Plata nos anos 60 e 70.

Bilardo (listrado) em um Estudiantes x Velez – Reprodução/YouTube


Centurión apronta mais uma, e Boca fecha a porta para a sua volta
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Tales Torraga

Ricardo Centurión foi à Itália em busca de paz, mas tudo o que ele está conseguindo é tirar o sossego dos dirigentes do Genoa que pagaram R$ 12,96 milhões ao São Paulo para contratá-lo por quatro anos.

Seu desempenho vem vendo pífio. Das oito rodadas do Italiano, jogou apenas em duas partidas, contra Juventus e Lazio, acumulando só 51 minutos em campo.

Centurión pelo Genoa – Genoa/Divulgação

Concentrado para a partida contra o Cagliari no último domingo (15), ele resolveu fazer, em plena madrugada, uma ''live'' em seu Instagram tomando mate, que é uma bebida estimulante. O técnico croata Ivan Juric não gostou nada da postura desinteressada do argentino e decidiu tirá-lo do elenco para esta partida – que afinal teve vitória do Genoa por 3×2. Foi a primeira vitória da equipe na temporada, e o Genoa corre sério risco de cair. Hoje, é o 17º na classificação. Está no limite.

Rumores em Buenos Aires deram conta de que Centurión seria expulso do clube, mas nesta terça (17) ele foi reintegrado ao grupo.

Sugiram também versões indicando sua volta ao Boca para a Libertadores de 2018. Agora sem o lesionado volante Fernando Gago, que deve voltar aos gramados só em julho, o clube precisaria de um jogador de peso para aplacar a ansiedade da torcida que está obcecada em ganhar a competição que não fatura desde 2007.

O blog apurou que a chance de retorno de Centurión é mínima – e não tem tanto a ver com os escândalos que protagonizou, como brigar na concentração e em baladas, ser acusado de agredir a namorada ou tirar nudes ou fotos com armas.

A birra com o meia-atacante ''vem de cima''. O presidente Daniel Angelici jamais aceitaria o retorno de um jogador que se despediu do clube afirmando que o ''Boca tinha um presidente pouco sério'', como se Centurión, com tantos desmandos de conduta, pudesse ser levado a sério por alguém.

''Ricky'', como é chamado na Argentina, está com só 24 anos.

Tem tempo – sempre há – para refletir e amadurecer.


Como Maradona impediu o suicídio do zagueiro da Argentina de 1990
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Tales Torraga

O zagueiro argentino Pedro Monzón está na história do futebol – mas por um motivo que não orgulha ninguém. Ele é o único jogador a levar um cartão vermelho direto na final da Copa, quando acertou uma patada muy violenta em Klinsmann em 1990. Terminava ali a sua positiva participação no Mundial da Itália: jogou quatro partidas, fez um gol (contra a Romênia) e marcou Careca na vitória contra o Brasil.

Klinsmann no chão, Monzón no chuveiro – Clarín/Reprodução

No último fim de semana, Monzón, hoje com 55 anos, falou pela primeira vez sobre o drama que viveu quando parou de jogar, em 1996, mergulhado no vício da cocaína. Vivendo em uma casa sem mobília, perto do estádio do Racing, contou que andava com uma pistola carregada e que pensava sempre em se matar.

Foi quando apareceu Diego Armando Maradona.

''Tinha muita vontade de me matar. Estive a ponto de fazer isso por muitos anos. Me separei, vivia em uma casinha com uma única cadeira. Estava sem dinheiro. Não tinha nada. Apenas para comer. Às vezes, nem isso'', contou à TV Arroban.

''Um dia, disse: 'Vou telefonar para Diego, e se ele não vem, eu me mato'. Eu estava muito louco'', seguiu Monzón, sobre a situação que ocorreu quando ele tinha 34 anos e Maradona, aos 35, jogava pelo Boca (e beijava a boca de Caniggia).

''Falei com Diego e ele me perguntou: 'Qué te pasa?'.  Disse que queria falar com ele, que não me sentia bem, e ele me respondeu para eu não me preocupar, para eu aguentar um instante que logo ele estaria ali.''

Maradona ao telefone em 1996 – Reprodução/@cwjreynolds

''Quando Maradona chegou, eu estava sozinho. Para mim, ele demorou cinco minutos para chegar, mas claro que foi mais. Quando veio, não acreditei. Vi a caminhonete, ele chegou, eu escondi a arma, não falei que queria me matar porque sentia muita vergonha. Não pensava que ele viria, mas ele veio.''

''Ele entrou, dei a cadeira a ele, sente Diego, e ele me disse 'Não, se você está no chão, sento no chão com você. Que problema você tem, Pedro?'. Minha quinta filha havia acabado de nascer em Tucumán e não tinha dinheiro para vê-la. Contei a ele que não tinha este dinheiro. Depois, tive dinheiro para ver a filha, para comer, para um montão de coisas.''

''Maradona, para mim, é Deus. E para os meus filhos, muito mais, porque eles sabem o que Diego fez pelo pai deles.''

Pedro Monzón em outubro de 2017 – FiloNews/Reprodução

Monzón hoje é técnico do Argentino de Quilmes, da Quarta Divisão.


Argentina vai tirar Wi-Fi de jogadores na preparação para a Copa
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Tales Torraga

Enfim garantida na Copa do Mundo, a sempre explosiva seleção argentina estuda agora uma ''cartilha de bons modos'', como se os seus milionários atletas fossem meninos de colégio. O blog teve acesso ao manual, e o ponto mais destacado nele é a restrição à internet nas concentrações e nos vestiários durante treinos e jogos.

Vestiário de Argentina x Venezuela na Copa América Centenário – Instagram/Ezequiel Lavezzi

A ideia de Jorge Sampaoli é deixar a seleção menos ''online'' e mais ''onlife'' na tentativa de fortalecer o grupo que vai tentar a Copa que a Argentina não vence desde 1986. De quebra, o técnico quer evitar o escândalo da Copa América Centenário de 2016, quando uma foto dos jogadores com seus celulares no vestiário rendeu uma série de críticas da imprensa e dos torcedores portenhos.

A inspiração da medida argentina vem do que Pep Guardiola está fazendo no Manchester City. Como no clube inglês, a AFA pretende adotar ''um inibidor de frequência'' que vai permitir o acesso à internet apenas em horários estabelecidos. Usar o celular no vestiário e no ônibus a caminho dos jogos será proibido.

A cartilha que a AFA fará circular até o final deste ano tem itens também como ''ações solidárias'', ''alimentação'', ''responsabilidades'' e ''cuidados com a imagem''.

De todas as indicações, a mais curiosa é cortar pizzas e refrigerantes antes e depois de treinos e jogos. Não há nenhuma menção ao mate, bebida que é um clássico argentino – existe apenas a indicação para escolher bem as ''facturas'', as comidas que acompanham tal bebida. Os argentinos não vivem sem as torradas com doce de leite enquanto tomam o mate, e tal hábito, ao menos agora, vai seguir.

Outras curiosidades do documento são as ''ações solidárias'', com os jogadores assumindo o compromisso de participar de campanhas dos patrocinadores, e do ''código de respeito'', com os sempre temperamentais argentinos sendo instruídos a não falar palavrões ou tratar com hostilidade adversários, jornalistas e torcedores.

(Diante dessa última, ficar sem celular vai ser moleza, brincam os portenhos.)

A Argentina fará um amistoso em 11 de novembro com a Rússia em Moscou, na inauguração do estádio da final do Mundial. A AFA negocia também com a Ucrânia para aproveitar a viagem e fazer outra partida preparatória logo a seguir.

Em 2018, Sampaoli quer amistosos contra Itália e Espanha em março – estão previstos até o Mundial outros três jogos contra adversários que, ele exige, tenham bom nível técnico, não sendo meras seleções caça-níqueis para os cofres da AFA.


A Argentina não merece a Copa. A interessante análise do técnico do Huracán
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Tales Torraga

Técnico na Argentina há 25 anos, Gustavo Alfaro, 55 (sim, ele começou aos 30), é voz respeitada no país ao analisar o futebol e todas as suas mazelas.

Ex-comandante de San Lorenzo e Rosário Central, Alfaro hoje dirige o Huracán, mas é pela eloquência das suas análises que seu nome é mais conhecido. Para sorte dos ouvintes da Rádio Caracol, da Colômbia, ele é comentarista da emissora desde 2006, e seu diagnóstico sobre a Argentina atual merece ser ouvido.

Gustavo Alfaro, técnico do Huracán – Página 12/Reprodução

''Tivemos desatinos tremendos desde o ponto de vista da organização'', comentou Gustavo, falando que a classificação argentina ao Mundial da Rússia foi obtida – óbvio! – muito mais por casualidade que por mérito próprio.

''Desde o processo de Tata Martino, depois como terminou, os salários atrasados, os problemas de logística…Podem dizer que a AFA estava nas mãos de outras pessoas, mas as mesmas pessoas que estão hoje na AFA também estavam conduzindo naquele instante. O que fizeram na Olimpíada, a maneira como despediram Bauza…Se em outro dia Messi não estava em seu esplendor, não sei de que maneira a gente iria se disfarçar'', disparou.

''Tomara que essa Eliminatória marque um antes e depois. Com esse comando, também houve problemas para ir ao Mundial Sub-20. Há um nível de prioridades que precisa estar por cima da mesquinhez individual. Nunca vi os jogadores e os dirigentes assumindo as responsabilidades em seu momento. Há prioridades que precisam estar acima de tudo'', concluiu Alfaro.

E dá para discordar?