Patadas y Gambetas

Messi diz que Mundial da Rússia não será seu último
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Tales Torraga

Em meio à balbúrdia argentina com o cancelamento do amistoso contra Israel, o blog apurou que Lionel Messi, em suas horas livres na concentração em Barcelona, fala abertamente aos seus companheiros de seleção que a Copa do Mundo da Rússia não será sua última – e que, sim, ele jogaria no Catar-2022, aos 35 anos.

Messi sorri com Di María – AFA/Divulgação

Mesmo um fracasso azul e branco neste Mundial não representaria um golpe nas ambições do craque do Barcelona em atuar também daqui a quatro anos. ''Dono da seleção'', como Jorge Sampaoli sempre enfatiza, Messi poderia simplesmente dar uma pausa e retomar adiante o seu vínculo com a equipe – como já insinuou, por exemplo, depois de perder o pênalti e a final da Copa América de 2016.

O mesmo raciocínio se aplica no caso de uma improvável volta olímpica argentina na Rússia. Lio a princípio não cogitaria ''parar por cima'' e encerrar ali a sua história azul e branca – na sua mente há espaço sim para mais emoções (e cifrões, claro).

Além da ambição esportiva e da sua notória paixão por simplesmente jogar bola, há também o componente financeiro. Messi sabe que a Copa do Mundo de 2022, a primeira realizada no mundo arábe, será sustentada pela sua presença – e ele não está disposto a deixar de lado a promessa de tantos bons negócios.  O próprio ''não'' a Jerusalém dado ontem é um sintoma mais do que claro do seu interesse em nutrir boas relações com os árabes. O ''La Nación'' que circula de hoje em Buenos Aires é certeiro: Messi ganhou o Mundial do Catar quatro anos antes de jogá-lo.

A questão física tampouco seria um grande inconveniente. Lio não sofreu lesões graves em sua carreira e está se cuidando apropriadamente para estender sua permanência nos gramados até quando bem entender. Convenhamos: ter 35 anos no esporte de alto rendimento não é nem de longe uma idade proibitiva, vide os exemplos de Manu Ginóbili (40) e Roger Federer (36). A questão é apenas dosar as cargas, cuidar do corpo e encher o bolso. Messi, assim, seria o primeiro argentino a jogar cinco Copas do Mundo. Ele já disputou as de 2006, 2010 e 2014, e somaria as de 2018 e 2022. O recordista do país é Diego Armando Maradona, que mesmo cortado de 1978 atuou em quatro Mundiais: 1982, 1986, 1990 e 1994.

* Se a reta final de preparação serve para ajustar a equipe, ainda mais um time tão desentrosado como esta Argentina, o que se vê na seleção é realmente o caos no que deveria ser básico, como a agenda e as viagens. O amistoso de Israel foi cancelado, e os dirigentes correram atrás de outro adversário para preencher a data. Os jogadores prefiram evitar os rivais desastrados e os riscos de lesões. Assim, a Argentina viaja a Moscou no próprio sábado – sem jogar contra ninguém.

** Importantíssimo: Sampaoli e companhia vão estrear na Copa do Mundo sem disputar um jogo sério desde 27 de março, dois meses e meio atrás, quando foram atropelados pela Espanha no já histórico 6 a 1 de Madri.

*** Mantida a cota argentina de incertezas e improvisos na preparação para este Mundial, está mais do que justificado o ''Copa Loca'' como título do livro que vamos apresentar às 19h desta quinta (7) no Che Bárbaro da Vila Madalena. Todos são muy bienvenidos e podem saber tudo sobre o lançamento aqui. Nos vemos, eh?!


O blog lança livro e convida
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Tales Torraga

O blog vive días especiales. Nesta quinta (7), às 19h, lançamos em São Paulo o ''Copa Loca'', livro que reúne as mais saborosas histórias argentinas nos Mundiais.

Eu, Tales Torraga, das Patadas y Gambetas aqui no UOL, cooptei dois craques e amigos brasileiros a se juntar a esta nossa seara argenta – são eles Celso de Campos Júnior e Giancarlo Lepiani, caras brilhantes, que escrevem bem demais.

O Lo Celso – ou melhor, Celso – é autor de livros maravilhosos como o ''100 Senna'' e ''As Jóias do Rei Pelé''. E o Che Lepiani, vulgo Giancarlo, foi um enorme companheiro na cobertura da Copa do Mundo de 2014 que encaramos para a Veja e para a Placar. Juntos, o Celso e o Gian já escreveram o livro ''Nada Mais Que A Verdade'', sobre a história do jornal ''Notícias Populares'', e agora temos a alegria de ler o ótimo trabalho dos dois também sobre Messi, Maradona e companhia.

O ''Copa Loca'' tem apresentação de Alberto Helena Júnior (!), prefácios de Careca e Batistuta (!!) e 216 páginas com os mais insólitos episódios e personagens da riquíssima e re contra polêmica história da Argentina nas Copas. A obra é editada pela Garoa Livros, que só lança coisas caprichadas e cultas, e custa R$ 49,90.

Já está, inclusive, à venda, aqui.

Falamos de histórias saborosas? Por supuesto o lançamento aconteceria então no Che Bárbaro da Vila Madalena, ponto de encontro da melhor gastronomia argentina em São Paulo, na rua Harmonia 277 (fone 11 2691 7628).

Quem quiser compartir este momento conosco é só chegar lá a partir das 19h desta quinta. Condições? A única é a buena onda. Será um encontro ao estilo Fito Páez/Paralamas, Vinicius y Piazzolla, Senna e Fangio, sem clima para o ''chupa hermano'' ou o ''Brasil decime qué se siente''. Vamos dar uma pausa na rivalidade para tentar entender, afinal, por que esta Argentina de tantos craques tem só duas estrelas na camisa – mas, para deleite de quem curte questões psicológicas e sociais, segue somando dezenas de interrogações em sua inacreditável história…


Por que Sampaoli resolveu dar folga geral à Argentina nesta segunda?
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Tales Torraga

Buenos Aires abriu a semana com mais uma polêmica a respeito da preparação da seleção argentina para a Copa do Mundo. Pois bem: Jorge Sampaoli contrariou a programação inicial e trocou o trabalho de dois períodos que faria nesta segunda (4) por uma folga geral. O descanso vem desde a manhã de domingo, e o elenco saiu para comemorar o aniversário de 30 anos de Kun Agüero pela Catalunha. Apesar dos rumores sempre incandescentes em qualquer concentração da Argentina em qualquer lugar do mundo, os jornalistas do país que estão em Barcelona foram unânimes em dizer que o elenco todo voltou à concentração e por lá dormiu. A Argentina assim, volta a treinar apenas na manhã desta terça-feira (5).

O que os torcedores argentinos custam a entender é por que Sampaoli, que sempre destaca a apertada agenda da seleção, deu folga aos seus jogadores a meros 12 dias da estreia argentina no Mundial, contra a Islândia? São, afinal, os próprios atletas e o próprio treinador que dizem que o tempo é curto para o elenco absorver as ideias do técnico. Até a viagem de visita ao Papa Francisco foi cancelada com o argumento de que isso prejudicaria a preparação.

O que Sampaoli detectou foi que o grupo demonstrou um cansaço físico que poderia comprometer a sequência argentina nos dias daqui até a estreia. Ao seu círculo mais íntimo, El Pelado Sampa costuma repetir que ''cronogramas absolutos não existem'', e o técnico está realmente demonstrando ter a cabeça bem aberta para mudanças que venham a ocorrer com o passar dos dias.

A decisão da folga foi tomada por Sampaoli em conjunto com Jorge Desio, o preparador físico da seleção, que citou as cargas elevadas nos treinamentos e o risco de lesões musculares. Esta Argentina que ainda encontra a sua cara ainda tem muito a treinar – mas evitar lesões é ainda mais essencial.

O próprio estilo que Sampaoli e Desio escolheram para esta preparação exige cuidados aqui e ali. Esta Argentina está treinando da maneira europeia – ''alta intensidade e curta duração'' -, e isso pode acabar virando um problema para atletas que vêm de 50 ou 60 partidas na temporada por clubes.

O ''Clarín'', principal jornal argentino, traz a conta precisa nesta segunda (4): a Argentina fez 21 treinos, incluindo o jogo com o Haiti, com apenas dois dias de descanso, e uma dessas folgas foi para chegar a Barcelona. O descanso de agora é só o terceiro, e fizeram três treinos de dois períodos nas últimas duas semanas. Tal cálculo justifica o descanso. E realmente impede que a histeria e a polêmica de Buenos Aires interfiram no trabalho realizado na mais absoluta paz na Catalunha.


Sampaoli inova e adota ‘concentração light’ em Barcelona
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Tales Torraga

Técnicos controladores como Carlos Bilardo e Daniel Passarella ficariam roxos só de imaginar tal cena. Mas a atualidade da seleção argentina que já treina em Barcelona é a mais livre possível. Jorge Sampaoli pode ser criticado por muitos motivos – mas não o de não ter uma mente aberta e que se adapta às situações.

Sampaoli treina a Argentina em Barcelona – AFA/Divulgação

Sabendo que a quase totalidade dos seus jogadores estão mais acostumados com as rotinas de trabalho que executam na Europa, El Pelado Sampa está colocando em prática aquilo que realmente se costuma ver no Velho Continente: treinos curtos e intensos e liberdade para os atletas no restante do dia. Nada diferente, por exemplo, do que Pep Guardiola faz com os seus comandados.

A Argentina que treina no complexo esportivo do Barcelona já desenhou a sua programação – são dois dias de treinos com dois períodos, hoje e a próxima segunda, com trabalhos às 10h15 e 18h20, horário local. No restante do tempo, os jogadores estão liberados para fazer o que quiser – inclusive dormir fora da concentração. O único pedido é que o almoço seja em conjunto – e de preferência com os celulares desligados.

Uma das razões que faz Sampaoli liberar um pouco mais os seus comandados é que Messi e Mascherano já demonstraram ao treinador que vão ficar todas as noites na concentração de Barcelona, saindo muito pouco, quase sempre apenas quando necessário. Com ambos à frente dos demais, o técnico confia que o restante do grupo vai assimilar o exemplo e seguir a toada de disciplina e de cuidados gerais que o momento exige. A Argentina vai ficar em Barcelona até o dia 7 (sexta da semana que vem), viajando depois a Jerusalém para o amistoso contra Israel, no dia 9. Só de lá, da Terra Santa, é que a equipe segue para a Rússia.


Mario Kempes: “A Argentina pode cair fora logo de cara”
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Tales Torraga

Artilheiro da Argentina campeã mundial de 1978, o Matador Mario Kempes está pessimista com a seleção do seu país na Copa do Mundo que será disputada na Rússia. Para ele, há uma chance considerável de a Argentina sequer chegar às oitavas de final, em que pese toda a euforia gerada pela presença de Lionel Messi.

Mario Kempes e Jorge Sampaoli – Infobae/Montagem

''Tenho medo da fase de grupos. Ou a Argentina acorda e se concentra da melhor maneira ou pode cair fora logo de cara'', afirmou o ex-atacante à Rádio El Mundo, de Buenos Aires.  ''Os jogadores da Islândia e da Nigéria não têm problemas em até chutar a sua cabeça, se precisarem. E o time da Croácia é muito bom. A Argentina precisa jogar bem para ganhar. O problema vai ser jogar bem'', seguiu.

''E quem Sampaoli vai escalar para acompanhar Messi? Os mesmos de sempre. Em menos de 15 dias, não se consegue um funcionamento perfeito para o time.''

Kempes não guardou suas críticas nem com relação ao atual camisa 10 argentino: ''O problema de Messi é que na Argentina ele precisa jogar de goleiro e de 11. No Barcelona, ele joga sempre no ataque. E lá, ele aproveita o jogo. E vir à seleção é um sacrifício'', analisou.

Outro nome detonado foi o do técnico Jorge Sampaoli.

''Sampaoli não quer mexer na equipe por medo. Sampaoli deveria executar a sua ideia e morrer com ela. Ele sabe que se for mal, vão mandá-lo embora da mesma maneira, ele não deveria ter medo de mexer no time.''

Pelo que o treinador sinalizou até agora, a armação e o ataque da Argentina na Rússia serão compostos por Lanzini, Messi, Di María e Higuaín.

''E por que Higuaín, se Agüero entrou e fez um gol? Adoraria que Icardi também estivesse neste time'', finalizou Kempes, que hoje está com 63 anos e é comentarista de futebol em vários países de língua espanhola.


Mascherano pode bater recordes de Cafu em plena Copa
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Tales Torraga

O 4 a 0 da Argentina sobre o Haiti nesta terça (29) foi chatíssimo. E grande prova disso é que o público na Bombonera no segundo tempo deu a impressão de que não era a Argentina e não era a Bombonera. Parecia Roland Garros. Silêncio total. Ou atroz, como gostam de provocar os torcedores do River Plate quando tentam desfazer a fama de caldeirão do mítico estádio do bairro de La Boca.

O jogo de fato deixou pouco a contar, mas vale registrar a homenagem feita a Javier Mascherano antes da partida. El Jefecito agora é o jogador a mais vezes defender a seleção argentina – de acordo com a AFA, exatas 143 partidas com o encontro de ontem com o Haiti, deixando Javier Zanetti, com 142, em segundo.

Mascherano é homenageado na Bombonera – AFA/Divulgação

Mascherano está com 33 anos e integra la selección desde os 19. Era ainda reserva no River, mas já somava minutos com o técnico Marcelo Bielsa. Desde então, foi presença fixa com todos os outros técnicos: José Pekerman, Alfio Basile, Diego Maradona, Sergio Batista, Alejandro Sabella, Gerardo Martino, Edgardo Bauza e Jorge Sampaoli.

Em 143 jogos, Mascherano fez apenas três gols: dois na Copa América de 2007 (ante Paraguai e Peru) e um contra Trinidad e Tobago em um amistoso em 2014.

A Argentina tem mais um amistoso antes de estrear no Mundial. Será contra Israel, em Jerusalém, no próximo dia 9. Mascherano deve atuar e colocar a sua contagem em 144 partidas, ficando a cinco de Cafu, o recordista de presenças pelo Brasil.

Mascherano e seus colegas precisariam chegar até as quartas-de-final para o volante igualar Cafu e suas 149 partidas.  A marca é, de fato, bastante emblemática. Das grandes seleções da América do Sul, Cafu é quem lidera o ranking de participações, tendo a vantagem óbvia de contar com dois títulos em Copas do Mundo (e um vice) em seu currículo. Já Mascherano luta na Rússia para reverter o seu histórico de cinco derrotas seguidas em finais pela Argentina, com vices na Copa América (2004, 2007, 2015 e 2016) e na Copa do Mundo (2014).

Masche disputou 16 jogos em Copas do Mundo – com mais quatro, também igualaria a soma de Cafu (20), recordista brasileiro em participações em Mundiais.

Os líderes em presenças em Copas são europeus: Matthäus (25), Klose (24) e Maldini (23 jogos disputados). O sul-americano a mais vezes jogar em Mundiais é o incomparável El Diez Diego Armando Maradona, com 21 participações.

Os recordistas de jogos nas seleções campeãs do mundo são:*

Buffon (Itália) – 176
Casillas (Espanha) – 167
Matthäus (Alemanha) – 150
Cafu (Brasil)  – 149
Mascherano (Argentina) – 143
Thuram (França) – 142
Shilton (Inglaterra) – 125
Maxi Pereira (Uruguai) – 124

* Segundo a contagem das próprias seleções


Por que a Argentina está com medo do Haiti?
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Tales Torraga

* Atualizado: MUY amistoso. Cofres da AFA cheios e nenhum lesionado. O público no segundo tempo ficou mudo em muitos momentos. Retrato preciso do 4 a 0.

O povo argentino está mesmo entre os mais criativos do mundo. A definição para o ''amistoso'' das 20h (de Brasília) desta terça-feira (29) na Bombonera contra o inexpressivo Haiti é das mais certeiras possíveis. No último domingo, a seleção realizou um lindo treino aberto para crianças no Palácio Ducó, no bairro de Parque Patrícios, em Buenos Aires. Pois então o que vai ser o jogo desta terça?

Um ''treino fechado e com cobrança de ingressos''. Muy bien.

Apesar de ser a despedida da seleção argentina de Buenos Aires, a partida não conta com nenhum fervor especial. Até ontem, um quarto das entradas esperava para ser vendidas ao módico preço de 1.360 pesos (R$ 225). A AFA dá de ombros e espera a Bombonera lotada, com 50.000 pessoas. As TVs e rádios de Buenos Aires também estão lotadas – de promoções dando ingressos para a partida.

Hoje é dia de Messi na Bombonera – Olé/Reprodução

Embora seja um figurante, o Haiti põe medo na Argentina por uma situação tão simples quanto complicada: desacostumados a enfrentar adversários deste calibre, os haitianos podem, por absoluta falta de jeito, lesionar os jogadores de uma Argentina que já está com a enfermaria cheia antes mesmo de chegar à Rússia.

São cinco jogadores que de momento estão ''tocados'', como dizem os argentinos a respeito de algum atleta que não esteja com 100% de seu físico. O atacante Agüero fez uma artroscopia no joelho esquerdo há seis semanas e deve atuar pelo menos alguns minutos nesta terça. Ojo: o gramado da Bombonera não está em boas condições. Maio é um mês de chuva e frio em Buenos Aires. Nenhum estádio portenho está com o piso bom.

Depois de fraturar duas vértebras, o volante Lucas Biglia está descartado para o jogo de hoje. Sua volta à seleção será contra Israel, em Jerusalém, no dia 9.

O lateral-direito e zagueiro Gabriel Mercado sim deve somar minutos diante do Haiti. Já demonstra estar melhor das costas. O zagueiro Nicolás Otamendi, com dores na virilha, também se recuperou e deve atuar como titular. Outro lateral, Marcos Acuña, que também joga como volante, está recuperando o joelho direito depois de sentir uma forte dor ao chutar uma bola no gramado do Ducó no último domingo. É mais provável que seja poupado.

Sampaoli sinalizou que o seu time titular deve ter os seguintes nomes diante do Haiti: no gol, Willy Caballero, em vez de testar Franco Armani, do River. A defesa terá uma linha de quatro com Cristian Ansaldi, Nicolás Otamendi, Federico Fazio e Nicolás Tagliafico. Os volantes serão Javier Mascherano e Giovanni Lo Celso. A criação e a chuva de gols no fraco Haiti serão de responsabilidade de Manuel Lanzini, Lionel Messi, Ángel Di María e Gonzalo Higuaín.

O resultado será o de menos. Preservar os seus jogadores será muito mais importante. Mero 108º no ranking da Fifa, o Haiti se preparou para este amistoso enfrentando o time reserva do Atlanta, das divisões menores da Argentina. ''Os jogadores do Haiti são duros e batem. Já pedi a eles para não lesionar nenhum dos nossos'', disse Juan Manuel Piedra, zagueiro do Atlanta, ao ''Olé'' de hoje.

A estreia argentina na Copa do Mundo também vai ser contra um adversário de estilo físico e rústico: a Islândia, no dia 16, um sábado, às 10h (de Brasília).

''A Islândia é um time de pedra. Tem uma grande competitividade e vai se defender como uma besta'', já analisou El Filósofo Jorge Valdano.


‘Maradona fez bem em se drogar’, diz seu preparador físico
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Tales Torraga

Buenos Aires começou a semana falando de Diego Armando Maradona como há muito não fazia. Isso porque o National Geographic argentino estreou ontem à noite um espetacular documentário sobre o El Diez chamado ''Maradona Confidencial'', dissecando os últimos anos da inigualável e enlouquecedora carreira do craque.

Uma das vozes mais polêmicas da produção é a de Fernando Signorini, preparador físico de Maradona de 1983 a 1994, que ofereceu uma opinião que já é discutida – e detonada – aos gritos pelos argentinos. Para ele, ''Diego fez bem em se drogar''.

''Há motivos que justificam o fato de um garoto sair do lugar de onde sai para cair diretamente no topo do mundo, onde exigem que ele precisa fazer tudo bem. Por isso ele vai buscar alguma maneira artificial de se estar à altura do que querem dele. Ele, sozinho, não podia. A multidão exigia mais, os dirigentes exigiam mais, a imprensa exigia mais, todo mundo lhe exigia.''

Maradona e Signorini trabalharam juntos também na Copa de 2010 – Reprodução/Líbero

''Eu diria que deve ser que a droga te dá o que você precisa para representar o seu papel neste circo romano que é a sociedade de hoje, de pura hipocrisia. Maradona até fez bem em se drogar. Porque se ele não fizesse isso, ele seguramente não poderia, de nenhuma maneira, chegar aonde chegou.''

(E aonde ele chegou? À overdose e à beira da morte por pelo menos duas vezes, loco! E o antidoping? E a saúde de Diego? E o respeito às regras e aos demais?)

A declaração de Signorini despejou uma tonelada de gasolina na fogueira eternamente acesa pelos fãs de Maradona, que acusam o entorno de Diego a alimentar o seu vício em cocaína olhando apenas para os títulos e para as suas fortunas – jamais pensando no craque como um ser humano. Para os argentinos, Maradona foi ''carne de cañón'', vítima de um ''moedor de carne'' dos mais cruéis.

É sintomático que o El Diez tenha se afundado na cocaína enquanto era dirigido (mas jamais cuidado) por um técnico que também era médico, caso de Carlos Salvador Bilardo, seu treinador na seleção argentina de 1983 a 1990. Outro que teve papel fundamental para a debacle maradoniana foi o seu então empresário Guillermo Coppola, que acompanhava Diego em inúmeras noitadas por todo o planeta e é acusado pela família de Maradona de entorpecer o craque antes de fechar contratos milionários que eram vantajosos a ele, Coppola, e não a Diego.

No documentário, Signorini narrou momentos fortes de Maradona com a cocaína.

''Ele havia deixado a droga para se preparar para a Copa de 1994. Ficamos reclusos por 12 dias em um sítio. Uma noite eu acordo e Diego estava me mirando com os olhos fixos. Foi um sinal, eu rapidamente me troquei e saí dali com ele. Era um sintoma da abstinência. Lembro disso com muita emoção porque somente Diego e eu sabemos o esforço brutal que fizemos para derrotar esta puta cocaína e dar o gosto a Dalma e Gianinna, as filhas de Maradona. Eu era contra ele disputar a Copa de 1994. Mas ele insistia em atuar porque era a última oportunidade que as filhas teriam de vê-lo jogando uma Copa. E aconteceu tudo o que aconteceu.''

E o que aconteceu, Signorini?

''Maradona chamou um outro preparador, Daniel Cerrini, que lhe dava um montão de remédios. Eu disse a Diego: 'Não, olha, desse jeito não. No joio e no trigo você chega bem, mas nada de coisas estranhas'.''

Foi o preparador físico quem deu a Maradona a notícia do doping de 1994. Segundo ele, o El Diez gritou de maneira brutal para extravasar toda a sua raiva. ''Nem ele e nem eu queríamos que aquele momento fosse realidade.''

Signorini, então, foi falar com Cerrini: ''Pedi para ele tomar um avião e aterrissar só no fim do mundo, porque se Diego o encontrasse, lhe dava um tiro na cara.''

E como o preparador define Maradona?

''Um gênio, uma pessoa adorável e um grande filho da puta.''


Pausa
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Tales Torraga

O blog volta a ser atualizado na próxima segunda-feira (28). Hasta luego!


Houve uma manobra para tirar Romero do gol da Argentina?
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Tales Torraga

Apesar dos dias de clima agradável e de céu lindíssimo, Buenos Aires vive uma semana caótica de greves e paralisações múltiplas. É um cenário social compatível ao estado de espírito da seleção de Jorge Sampaoli neste arranque de trabalhos para a Copa do Mundo. É sintomático demais: o primeiro dia com o grupo completo, com a chegada de Messi, já produziu logo um corte definitivo, o do goleiro Romero.

Há tanto calor no debate que é melhor fracionar o post.

*  Eliana Guercio, mulher de Romero, garante que o corte do goleiro não foi por razões clínicas. Que ele poderia recuperar o joelho em duas semanas e jogar a Copa tranquilamente. ''Para alguns, os interesses particulares valem mais do que a seleção'', postou no Twitter, alimentando desconfianças que ainda não foram rebatidas pela AFA. Eliana ainda fez eco a outras postagens falando que Romero ''foi limpado da seleção'' e que ''a pressão da mídia rendeu os seus frutos''.

Ela fechou a sua comunicação no Twitter com mistério: ''Estou tranquila. Se estivesse brava, diria algumas coisas a mais. Só conto a verdade para que saibam''.

* Romero jamais falhou feio no gol argentino, mas mesmo assim foi sempre muito questionado – especialmente depois da decolagem deste avião que é Armani.

* Os parentes dos jogadores ganharam um protagonismo indesejado. O pai de Patón Guzmán, agora terceiro goleiro, postou ontem (22) uma dura carta destroçando Sampaoli e o desenhando com uma máscara e um uniforme do Chile. Horas depois, o goleiro do Tigres precisou se explicar ao técnico ao ser incorporado no lugar de Romero. ''Não falo com meu pai há mais de dois anos'', falou Patón.

* Carlos Bilardo, último técnico a ganhar uma Copa com a Argentina, foi duro ao analisar o momento do time de Sampaoli: ''Este time perdeu tantas finais que vai ter ataque de pânico nos treinos e na concentração'', disse à Rádio La Patriada.

* Patón Bauza, o antecessor de Jorge Sampaoli, cantou a bola que está muy clara para todo mundo: esta Argentina está envelhecida e golpeada demais. ''Há jogadores acima dos 30 anos que não podem jogar as sete partidas. A partir da segunda fase, os rivais correm dez vezes mais e é difícil para um jogador de mais de 30 anos poder manter o ritmo'', analisou ao canal de TV TyC Sports.

* Esta é a Argentina mais velha da história das Copas. E a experiência aqui deve valer menos do que o prejuízo gerado pelos traumas dos 25 anos sem títulos.

A média de idade da Argentina em Copas – @mauricoccolo

* A incerteza no gol argentino é gigante. Caballero só atuou duas vezes na equipe, incluindo o terrível 6 a 1 da Espanha; Guzmán fez seis partidas, mas só com Martino e Bauza. Armani, o eleito do povo, jamais sequer treinou com Sampaoli.

* O último jogo da Argentina em Copas sem Romero no gol foi contra a Alemanha nas quartas de 2006! Naquela partida, Pato Abbondanzieri se machucou e cedeu lugar a Leo Franco. A Argentina caiu nos pênaltis – justo a especialidade do Pato.