Tevez cogita antecipar aposentadoria e ser presidente do Boca em 2019
Tales Torraga
Carlitos Tevez está mesmo nos últimos minutos de sua carreira de jogador. Aos 34 anos, ele precisou contar com uma interferência do presidente do Boca, Daniel Angelici, para entrar na lista de relacionados do clube para a partida desta quinta (30) contra o Libertad, no Paraguai.
Consciente de que perdeu espaço em um time que conta com atacantes mais jovens e hoje mais competentes que ele, casos de Wanchope Ábila, Darío Benedetto e Mauro Zárate, Tevez já fala abertamente em antecipar a sua aposentadoria, prevista para o ano que vem ou, em caso de título do Boca nesta Libertadores, até mesmo neste 2018. ''Se faço mal ao time, saio, sem o menor problema'', afirmou ontem (29) à Rádio La Red, de Buenos Aires, antes de embarcar a Assunção.
Tevez, porém, pensa em sair de campo, mas não do Boca. O seu recuo esportivo tem menos a ver com a benevolência com os companheiros e mais com seus planos políticos fora das quatro linhas. E é este tom político, de ''líder positivo'', de ''ídolo agregador'', que ele quer cultivar em suas últimas patadas y gambetas nos gramados com um objetivo bem específico.
O blog teve acesso a e-mails recebidos por sócios xeneizes com enquetes a respeito do futuro do clube – era exatamente este o título da mensagem, ''Enquete para o futuro do Boca'', com uma lista de 11 nomes do oficialismo para a próxima eleição à presidência, em dezembro de 2019. E o nome de Tevez é um dos que consta nesta relação.
O oficialismo comanda o Boca desde os tempos de Mauricio Macri, há mais de 25 anos, e hoje tem força na figura de Daniel Angelici, que não vai se candidatar à reeleição ao cargo que ocupa desde 2011. O nome preferido de Angelici é Christian Gribaudo, hoje secretário do clube, enquanto Macri, o atual presidente da Argentina, prefere o ator Adrián Suar.
Mas todos os que vivem o ''mundo Boca'' sabem que uma derrota do time nesta Libertadores vai abalar totalmente os planos dos oficialistas para se manter no poder. É aí que entra Tevez, que tem o interesse e a força política necessária – aliada ao importantíssimo respaldo que viria de Angelici e Macri – para reverter as derrotas da equipe em campo. Na leitura de todos, Tevez seria a ''bala de prata'' do oficialismo nesta condição.
O cenário mais curioso que se projeta na eleição de 2019 é Tevez ter como o concorrente da oposição ninguém menos que Juan Román Riquelme, um nome certo para o pleito. Enquanto o oficialismo ainda traça o seu representante, Riquelme é a escolha única da oposição. Desde que se retirou dos gramados, em 2015, Román apenas se prepara politicamente para o seu momento, e o seu entorno diz que enfim chegou a hora.
A presença de ex-jogadores nas presidências dos clubes está longe de ser rara na Argentina – vide o caso vigente de Juan Sebastián Verón no Estudiantes de La Plata ou o de Daniel Passarella no River Plate até 2013. Carlos Babington, no Huracán, também é outro exemplo recente.
Na atualidade, um outro jogador com largo passado na Argentina, ''El Matador'' Marcelo Salas, é presidente do Deportes Temuco, do Chile.