Maradona e Passarella fazem as pazes
Tales Torraga
Um beijo, um abraço e uma conversa cordial. Era decisão de Copa do Mundo entre França e Croácia, mas a Argentina desandou a falar mesmo do que ocorreu nas tribunas – e não no gramado. Capitães da azul e branca nos títulos de 1978 e 1986, Daniel Alberto Passarella e Diego Armando Maradona – quem diria! – fizeram as pazes depois de 32 anos de inúmeros atritos.
A semente da discórdia foi plantada na concentração para o título que seria erguido no México, em 1986. Passarella era titular daquela seleção e não lidava bem com o fato de perder a tarja de capitão para Maradona, que passou a ter a sua liderança questionada pelo histórico zagueiro. De acordo com Maradona em sua autobiografia, Passarella, para voltar a ter a tarja, começou a espalhar boatos sobre Diego consumir cocaína no intervalo dos treinos. O defensor, porém, sequer disputou aquela Copa, vítima de um violento desarranjo intestinal.
Uma das versões mais repetidas desde então na Argentina é de que Maradona e o técnico Carlos Bilardo envenenaram o zagueiro, o que já foi reconhecido publicamente por outros jogadores daquele grupo. Desde então, ambos cortaram relações e trocaram pesadas farpas até a trégua deste domingo em Moscou.
Passarella foi convidado pela Fifa para assistir à decisão – e apenas a sua nomeação já foi um gesto de cordialidade de Maradona, que é embaixador do órgão e deu o seu aval para que o monstruoso zagueiro fosse chamado.
Além do cumprimento diante das câmeras, Passarella e Maradona foram vistos também conversando em uma das tribunas do Estádio Lujniki durante cerca de três minutos. O assunto passou bem longe do futebol – e sim de como Passarella hoje cuida da sua mãe, de 91 anos. Esta é a razão que Daniel sempre repete para justificar por que está recluso do futebol depois de sair pela porta dos fundos da presidência do River Plate, acusado de revender ingressos à torcida organizada.
O momento familiar em solo moscovita ocorreu porque Maradona, em 2011, passou pela mesma situação antes da morte da sua progenitora, Doña Tota.