Sampaoli e jogadores racham depois do 6 a 1
Tales Torraga
Imposible ser diferente. O ''papelão de Madri'' causou um desgaste interno na seleção argentina que já é chamado pelo jornal ''Clarín'', o principal do país, de ''uma quebra na intimidade do elenco''.
Em resumo: os jogadores pensam uma coisa e Jorge Sampaoli outra – e todos os envolvidos puderam dizer isso às claras, segundo apurou o blog.
Pessoas que estiveram na concentração da Argentina em Madri relataram que o clima pós-vexame não era o de um amistoso – e sim de uma eliminação na Copa do Mundo. Parecia um velório. Os mais experientes – Mascherano, Romero e Otamendi – eram os mais abalados. Mascherano, por exemplo, às seis da manhã já era visto no hall do hotel, embora a van que os levaria ao aeroporto só sairia dali às dez.
Messi não participou da reflexão post mortem – ele deixou Madri pouco depois da partida em um avião privado ao lado de Piqué, Iniesta e Alba.
A versão publicada pelo ''Clarín'' e confirmada pelo blog dá conta de que a divergência entre Sampaoli e os jogadores tem a ver com a maneira como a Argentina encarou este amistoso. Para os atletas, a formação da equipe foi aberta demais – afinal, Sampaoli já filosofou que quer remarcar terreno no mundo todo ''com a incomparável superioridade argentina'', e o 6 a 1 serve como um banho de humildade parecido com o do 7 a 1 da Alemanha no Brasil.
(Imaginem o enfado local para o lançamento do livro de Sampaoli na semana que vem! Como vender as ideias de alguém que acaba de ser arrasado?)
A Espanha tem uma equipe que joga bem e que se conhece de longo tempo. A Argentina sequer tem um time para chamar de seu, e o técnico está no cargo há menos de um ano.
Os mais irritados consideram que Sampaoli expôs demais a Argentina com um posicionamento incompreensível. Há críticas também ao agendamento de um amistoso contra a ótima Espanha em Madri a semanas da Copa. Há uma verdadeira esquizofrenia que não condiz com o momento argentino, que quis jogar de igual para igual com a Espanha. Resultado? Um atropelo histórico que gerou sequelas técnicas e vai gerar óbvias sequelas no relacionamento entre os protagonistas.
Ao elenco, Sampaoli fez um mea culpa e prometeu rever tudo o que falhou no vexame de Madri. O técnico se conteve e evitou retrucar dizendo que os jogadores precisariam assumir responsabilidades antes de falar de táticas e de sistemas.
Não dá, porém, para isentar o Pelado Sampa, como o treinador é chamado em Buenos Aires. A Argentina terminou a partida com três estreantes em campo, seis atletas com menos de quatro partidas pela equipe e nenhum – nenhum! – nome experiente na criação ou no ataque.
Os 11 jogadores que entraram para a história da pior maneira e ouviram o apital final contra a Espanha foram: Caballero; Mercado, Otamendi, Rojo e Tagliafico; Biglia e Pablo Pérez; Pavón, Meza e Acuña; Lautaro Martínez.
A definição mais certeira veio de Jorge Valdano: ''Um time com parafusos frouxos''.
Os argentinos mais ácidos dizem que nem sequer dá para chamar de time.