Opinião: O Independiente não joga com o Grêmio, e sim contra o Boca
Tales Torraga
O Independiente vive uma noite muy especial. Para quem tem sete Libertadores – o maior campeão da história do maior torneio da América -, esta Recopa Sul-Americana não ''agregaria valor'' no meio de tantas taças importantes. Quem pensa assim está enganado. Não é a Recopa que está em jogo. É o sabor de voltar a ser o ''Rei de Copas'' da Argentina e empatar com o Boca Juniors no cume das conquistas internacionais, com 18 troféus. É por isso que uma das primeiras falas do técnico Ariel Holan em Porto Alegre foi ''viemos para ganhar ou morrer''.
O Grêmio sim joga por uma taça. Já o Independiente vai guerrear pela sua honra.
Este apelido, Rey de Copas, está colado na história do Independiente, e escrito com sangue vermelho. Não o sangue azul – e ouro – que opacou justamente o período mais obscuro da história do clube de Avellaneda, que precisou esperar 15 anos, da Supercopa de 1995 até a Sul-Americana de 2010, para voltar a dar uma volta olímpica internacional. O Boca, exatamente nesta fase, lotou as suas estantes, e se transformou, na virada do milênio, no que o Indepediente havia sido nos anos 70.
A Recopa desta noite em Porto Alegre pode ser resumida exatamente desta forma para o Independiente. Não é o Grêmio e não é o troféu. É se olhar no espelho e fazer as pazes com o orgulho de ser o maior campeão internacional da Argentina.
Seria o fechamento de um ''ciclo virtuoso''.
Desde sua chegada ao clube, o técnico Ariel Holan, criança de arquibancada quando o Independiente dominava a América nas décadas distantes, se esforçou para reconstruir esta mística. Os jogadores passaram a cumprimentar a torcida como nos bons tempos e os antigos ídolos se aproximaram. As vitórias também voltaram ao alcance vermelho. Estancar este fluxo no Sul vai custar ao Grêmio bem mais que bom futebol. Resta saber se ele vai estar à altura de tal sacrifício.
* Atualizado: As razões da superação com um jogador a menos estavam todas aqui…