Macri favorece o Boca porque quer se reeleger, dispara ídolo do River
Tales Torraga
E a paranoia explodiu de vez na Argentina.
Como o blog tem relatado, o país mergulhou nas suspeitas de um complô pró-Boca – rival do Palmeiras na fase de grupos da Libertadores, é sempre bom lembrar. E tais suspeitas ganharam contornos drásticos com os erros grosseiros de arbitragem que prejudicaram demais o River Plate no 2 a 2 contra o Godoy Cruz no último domingo (18), em pleno Monumental. O estádio contou com público de cerca de 50.000 pessoas, e todas elas verbalizaram sua raiva insultando Mauricio Macri, o hoje presidente da Argentina que foi mandatário do Boca entre 1995 e 2008.
A fúria é tamanha que um dos maiores ídolos da história do clube de Núñez, o ex-meia Beto Alonso, veio a público para dar um depoimento cru e que deve ter muitas consequências na Argentina a partir de agora.
As fortes declarações de Alonso na última noite à Fox Sports foram:
''A ordem para prejudicar o River vem de cima. Do presidente da nação. Tudo volta. Em 2019, teremos eleições. E Macri é torcedor do Boca e governa para o Boca.''
''Beneficiar o Boca não, porque está muito longe do campeonato, mas sim para golpear o River. Querem que chegue destroçado psicologicamente à final da Supercopa Argentina [contra o próprio Boca, em 14 de março] e que não armem um time, porque se os resultados começam a sair, a equipe ganha corpo e evolui. Mas vamos ganhar esta final da Supercopa da mesma forma, que fique claro.''
Alonso insistiu:
''Macri é torcedor do Boca, nada mais. E governa para o Boca. Menem era fanático pelo River, mas nunca o vi levantar um telefone pelo clube. Não vejo Macri, mas você percebe que o único que interessa a ele é o Boca. Eu o conheço. Há ministros que torcem para o River? Sim, mas eles não têm a mesma força. Olho aberto: vão nos jogar na merda, hein?''
''O Boca ganha peidando [gíria grosseira para dizer que vence no sufoco] todos os seus jogos. Mesmo que eles cheguem melhor a esta final, o River vai ganhar.''
A final citada por Alonso é a Supercopa Argentina que será disputada em 14 de março, uma quarta-feira, em jogo único na cidade de Córdoba. A Supercopa cruza o ganhador do último Campeonato Argentino (Boca) contra o vencedor vigente da Copa Argentina (River).
É a primeira vez que os dois maiores clubes do país fazem uma final direta desde o Argentino de 1976, quando deu Boca. O clima em Buenos Aires é terrível, e o Boca x River que se instala desde já faz com que os mais lúcidos realmente temam pela violência que tal decisão pode desatar na capital e em todo o país. Juntas, as torcidas dos dois clubes representam cerca de 70% da população argentina.
Macri, pelo visto, não se importa nem com as suspeitas e nem com as críticas. Na tarde desta segunda (19), em plena tempestade de insultos, ele recebeu Guillermo Barros Schelotto, técnico do Boca, na Casa Rosada, a sede do governo.
O jornal ''Olé'' publicou nesta terça (20) que o encontro entre Macri e Schelotto foi um ''mero almoço de amigos que, se cancelado, aí sim criaria suspeitas''.