Tevez: a maior decepção da história da Argentina
Tales Torraga
Há exatamente um ano, Carlitos Tevez destruiu o River Plate no histórico 4 a 2 que representou sua saída do Boca rumo à China. O então técnico da seleção era Patón Bauza – pressionado com força pela maior torcida da Argentina para convocá-lo.
Desde então, Tevez desapareceu do país e do radar da seleção.
Entre a fartura de opções para o ataque argentino na Copa do Mundo do ano que vem, seu nome não consta nem como a alternativa Z. Sua idade – 33 anos – não é desculpa. Mascherano, por exemplo, está com os mesmos 33. Esta Argentina está forrada de jogadores acima dos 30 anos. A média de idade da seleção é de 31.
O presente de Tevez sim que é inexistente: brigado com o Shanghai Shenhua por ficar gordo e ser afastado, sua volta ao Boca está para ser anunciada oficialmente.
Por que Tevez então não dá um gás final na carreira e joga o Mundial da Rússia?
Porque os argentinos têm um verdadeiro rechaço por ele na seleção. Claro: aqueles que não deixam a camisa do Boca interferir na avaliação. A imagem do menino que venceu a favela para triunfar com a azul e branca jamais se consolidou. Em um debate ontem (7) na Fox Sports da Argentina, Tevez foi considerado a maior decepção da história da seleção argentina. E não é para menos.
Carlitos ganhou o ouro olímpico de Atenas-2004 sendo um craque monstruoso. Fez oito gols em seis jogos. Na carência pós-Maradona, era ele, Tevez, o escolhido.
Que nada.
Participou do vice argentino na Copa América daquele próprio 2004 – como esquecer suas firulas no escanteio antes de Adriano fazer o gol no último minuto e empurrar a Argentina para uma ladeira que parece ainda não ter chegado ao fim.
Parecia presságio. A carreira de Tevez na seleção é perfeitamente resumida em uma estatística: 0,17. É esta sua média de gols com a azul e branca. Foram míseros 13 em um total de 76 partidas entre 2004 e 2015. 11 anos, 13 gols.
Este jejum argentino em vigor tem muito de Tevez. Além do vice da Copa América de 2004, esteve também na Copa das Confederações de 2005 e no outro vice da Copa América de 2007. A Argentina foi batida pelo Brasil nas três finais.
Mas foi outra batida – de pênalti – que decretou seu fim na seleção, quando ele desperdiçou a cobrança que classificou o Uruguai para a semifinal da Copa América de 2011, realizada na Argentina e organizada por supuesto, para o país vencer.
Tevez jamais teve bom ambiente na seleção adulta. Com 20 anos, foi filmado cantando para a ''seleção ir para a puta que pariu''. Nesta Copa América de 2011, brigou com os colegas e até com Julio Grondona, o presidente da AFA.
Quando quis ir à Copa do Mundo de 2014, já era tarde.
Ninguém o queria por perto – nem o historicamente conciliador Sabella. Os dois Mundiais disputados por Tevez, em 2006 e 2010, também haviam sido fracos. Jogou oito partidas e marcou três gols. A quantidade encontra justificativa na fraqueza dos adversários. Foi um gol na Sérvia (2006) e dois no México (2010).
''Tevez faria os gols que Higuaín e Palacios não fizeram na final com a Alemanha!''
Será? Mesmo?