Lanús esbanja confiança e se vê com chance de vencer o Grêmio
Tales Torraga
''É agora.''
A frase positiva é quase um mantra na concentração do Lanús em Porto Alegre, onde o clube grená abre a decisão mais importante da sua história.
Os atletas estão serenos e muy positivos. Muitos jogadores jamais sonharam estar neste púlpito geralmente destinado a River, Boca e Estudiantes. Mas os times pequenos argentinos já comprovaram que também sabem – e como! – erguer a Copa. Estão aí o Vélez (1994) e o Argentinos Juniors (1985) para demonstrar.
O estado de ânimo nessas horas é de expectativa e ambição. Zero conformismo. Tanto é assim que o presidente do Lanús, Nicolás Russo, encontra um jornalista e logo dispara o placar desta noite em Porto Alegre: '' 2 a 1, com gols de Sand'', rindo.
O ''É agora!'' não é a única frase de impacto a dominar o QG grená. A outra é mais argentina que nunca: ''Do vice, ninguém se lembra''. O coquetel de emoções transforma jogadores experientes em líderes de verdade. Sand, Román Martínez e Velázquez sabem: não devem voltar a uma final de Libertadores.
Vão dar a vida nesta.
Ninguém sobe no salto da façanha contra o River, quando fizeram quatro gols em menos de 25 minutos. Um cuidado que o Grêmio precisa ter: este Lanús é um time mais do que acostumado a sofrer. Não se abala com um ou dois golpes. É assim desde o primeiro jogo, quando perdeu por 1 a 0 para o Nacional, em Montevidéu.
Quando se diz time, é time mesmo.
Oito mesmo depois daquela estreia, o Lanús titular só tem uma única modificação: García Guerreño, no lugar de Herrera.
O Lanús reconhece que este novo formato longo da Libertadores favorece um elenco de opções limitadas como o seu. Os grenás conseguiram dosar e recuperar os atletas, e não sobrecarregá-los. A leitura que se faz da repetição dos titulares desde o começo do ano é também olhar que há uma escassez evidente no grupo. É um time ''sem banco de reservas''.
A meta da equipe nesta noite é ter presença e volume de jogo. Caso não consiga, vai repetir o que já fez no Nuevo Gasómetro e no Monumental: se agrupar na defesa e esperar um vacilo do Grêmio. Houve conversas entre o corpo técnico e o presidente para evitar posturas retranqueiras demais.
A ''espionagem'' do Lanús para esta final contou com papos constantes com os jogadores argentinos que atuam no Brasil.
As conversas giravam em torno das armas que o Lanús poderia explorar. A troca de ideias não foi animadora. Mais de um jogador não teve dúvidas em tratar o Grêmio desta forma: ''É o melhor time do Brasil, acima do Corinthians. Pressionam em casa e bancam as patadas como visitantes''.
O presidente do Lanús é o bom humor em pessoa: ''Os atletas sabem que precisam aproveitar esta situação e dar tudo. Tudo mesmo. Se cada um dá tudo o que pode, normalmente consegue atingir o objetivo'', comentou Nicolás Russo ao blog. ''E se você dá tudo e não consegue ser campeão, pelo menos tem a tranquilidade de não ter guardado nada.''
Intramuros, este Lanús conta com um exemplo portenho para lhe inspirar: o Argentinos Juniors, campeão da Libertadores de 1985.
''Este Lanús é totalmente identificado com aquele Argentinos. Vejo os dois quase iguais. Jogue onde jogar, a ideia do time é a mesma. O Lanús tem o mesmo estilo e a mesma intenção, em qualquer estádio. As campanhas de Lanús e Argentinos são parecidas, pelos obstáculos'', conclui o presidente.
O Argentinos Juniors campeão em 1985 deixou para trás Fluminense, Vasco, Independiente e o América de Cali na decisão. Este Lanús já superou Nacional (do Uruguai), The Strongest (Bolívia), San Lorenzo e River.
E se vê bem capaz de fazer o mesmo o Grêmio.