Opinião: ‘Desastre de Krasnodar’ tira a paz da Argentina até março
Tales Torraga
Ruim com Messi, péssimo sem ele. A Argentina deu folga para o craque do Barça e fechou 2017 perdendo de virada e de maneira absurda para a Nigéria: un duro mazazo de 4 a 2 depois de dominar a partida e abrir, pelos gols de Banega e Agüero, um tranquilo 2 a 0 até os 44 do primeiro tempo. É amistoso, não vale nada, alguns jogadores não viam a hora de sair de campo, mas a histeria portenha voltou com tudo. Uma das principais rádios de Buenos Aires, a La Red deu o tom geral ao batizar a goleada de ''desastre de Krasnodar'', pela cidade onde ocorreu a surra, ''atrocidade defensiva'', ''suicídio em massa'' e ''ciclo fechado a muitos, ¡basta!''.
A Nigéria fez quatro gols em 29 minutos, dos 44 aos 73!
E já há um nome empurrado aos lesões: Javier Mascherano, humilhado com uma caneta inesquecível no quarto gol da Nigéria. Miram com clareza que seu périplo de 14 anos de seleção já está encerrado – como volante ou agora como zagueiro.
O segundo tempo foi um baile que a Argentina não dançava há tempos, talvez desde a surra levada contra o Brasil no Mineirão. A badalada Argentina foi colocada na roda e demonstrou uma fragilidade absurda toda vez que estava sem a bola.
Foi uma Argentina mais verde que o imponente uniforme nigeriano na Rússia. A bola que ia ao gol do reserva Marchesín, entrava así de una, nomás.
O sinal, que estava da mesma cor depois da classificação para a Copa e da frugal vitória contra os russos, voltou a ficar vermelho como o rosto queimando de vergonha por um futebol caótico e inexplicável, ''atropelado pela Nigéria, que esteve muito mais intensa no segundo tempo'', como definiu Mascherano.
Já se ventila que eis a clara falência – queda de físico e ritmo – que vai limitar esta Argentina envelhecida, de média de idade acima dos 30 anos no próximo Mundial.
Depois da chorada vaga ante o Equador, o elétrico Sampaoli não poderia fechar 2017 de maneira pior. A derrota vai ser uma mosca no seu ouvido até 23 de março, quando pega a Itália em amistoso na Suíça. Vai ser difícil lidar com o falatório portenho. Os próximos quatro meses vão ser de muita cobrança e pouco descanso.
Basta ver a escalação e a nota a cada jogador dada pelo diário ''Olé'':
Marchesín (3); Mascherano (4), Pezzella (3,5, entrou Insúa, sem nota) e Otamendi (4,5); Enzo Pérez (5), Banega (3), Lo Celso (4,5, entrou Gómez, 4), Dybala (3,5, entrou Belluschi, 4), Pavón (5, entrou Perotti, sem nota) e Di María (4, entrou Rigoni, sem nota); Agüero (5, entrou Benedetto, 4).