Opinião: A Argentina não merece – mas vai para a Copa sim
Tales Torraga
A Argentina vai vencer o desinteressado Equador na última rodada em Quito às 20h30 (de Brasília) de terça (10). O técnico equatoriano é o argentino (e interino) Jorge Célico, ex-Huracán. O Equador não tem mais o que fazer nesta Eliminatória.
Vai ser presa fácil. Esqueçam. Olvidate. Ya tá.
Por sorte, a Argentina precisa apenas da vitória simples na altura de Quito, onde se sente mal, mas enfrentando um time totalmente ''ganhável'' pela natural falta de ambição. Até um empate pode evitar que Messi nunca mais esteja em uma Copa.
A Argentina vai jogar a vida (leia-se ''Repescagem''). O Equador cumpre tabela, e daqui em diante vamos ouvir falar de mala preta, branca, azul e branca e o que seja.
O 0x0 da Bombonera com o Peru? Terrível.
Admito a acidez exagerada, impossível ser diferente nesses lados tão fartos em exagero, mas era até mesmo para o Peru ter vencido. Mesmo desfalcado de quatro jogadores. E de pensar que Guerrero quase cravou no ângulo no último lance.
Esta Argentina não está, nem de longe, à altura da história da Argentina.
Tirando Messi e (hoje) Otamendi, os jogadores que vêm da Europa não rendem. Os que atuam no futebol argentino estão um nível claramente abaixo. Não estão jogando contra o Olimpo ou contra o Chacarita. Estão defendendo a seleção.
Difícil encontrar um ponto positivo na Argentina nesta quinta – apenas o de não sofrer a derrota que faria o Peru disparar e tornar a vida argenta impossível.
A Bombonera ajudou – mas a seleção não mudou seu paupérrimo futebol. O estádio murchou mesmo na lesão de Gago. Mais até que nos gols do Chile.
A classificação à Copa é obviamente matemática. Quem soma mais pontos fica com a vaga. Incontestável. Mas olhar para a maneira como a Argentina conquistou seus últimos pontos é esbarrar em ajudas de arbitragem como as de hoje, quando Biglia e Mercado não foram expulsos e jogaram grátis todo o segundo tempo.
(Sem falar na escandalosa vitória por 1×0 contra o Chile, no último triunfo argentino nesta Eliminatória – em março, já quase sete meses atrás!)
Os paraguaios, tão hostilizados em Buenos Aires, salvaram a Argentina com a virada sobre a Colômbia. Esta Argentina não ganha de ninguém. Nem do Peru, nem do Paraguai, nem da Venezuela e nem da Bolívia.
Ganhou o presente de decidir a vaga contra dois rivais decorativos – um Equador sem vida e uma Nova Zelândia sem nível.
Ou será que o problema da Argentina vai ser continuar dependendo de si mesma?