Centurión foi embora – e o Boca decolou…
Tales Torraga
Havia grande dúvida em Buenos Aires sobre como seria o Boca Juniors sem Ricardo Centurión, o desequilibrante e desequilibrado camisa 10 que ajudou a equipe a ganhar o último Campeonato Argentino.
Centurión colecionou tantos escândalos que Boca e São Paulo perderam a paciência com ele, e o jogador foi ejetado em direção ao Genoa.
Nas seis rodadas do Italiano até aqui, El Loco Ricky, como chamado pelos portenhos, só fez duas partidas, e ambas incompletas. Soma 55 minutos em campo e zero gols. O Genoa hoje seria a primeira equipe a cair à Série B do calcio.
Sem ele, o Boca melhorou demais.
Com paz para trabalhar, e com um substituto à altura como o colombiano Cardona, o clube azul e ouro hoje é o time a ser batido no cenário local.
O Boca lidera o Argentino com quatro vitórias em quatro jogos – e com um impressionante saldo de 11 gols positivos. Tem ainda o artilheiro, o fantástico Benedetto, comparado a Palermo e Batistuta, com cinco gols nesses quatro jogos.
Comando, equilíbrio e uma defesa imponente como em seus grandes momentos. Mas é do meio para a frente que o Boca realmente faz a diferença.
Pablo Pérez e Fernando Gago são dois volantes que hoje poderiam tranquilamente estar na seleção. A armação, sob responsabilidade de Cardona, funciona às mil maravilhas. E o ataque filoso com Cristian Pavón e Darío Benedetto está mantendo a equipe na liderança do Argentino há quase um ano.
Já são praticamente 300 dias de Boca puntero na Argentina – a última rodada sem a liderança xeneize foi em 4 de dezembro.
(A excelente fase põe em dúvida até o retorno de Tevez, que está louco para sair da China. A torcida não morre de amores em nada pela sua volta, que seria muito mais uma engrenagem financeira para os cofres do clube que um aporte de verdade em campo. A ver. Carlitos y Centurión = papelón.)
Boca e River estão muito bem – e ao mesmo tempo. Este cenário não se via desde 2004, quando ambos se encontraram na histórica semifinal de Libertadores vencida pelo Boca na bacia das almas. Alguém pode até argumentar 2014 e 2015 pelos cruces de Copa entre ambos, mas convenhamos: tanto Boca quanto River estão melhores hoje que nesses últimos tempos.
Voltando a 2004, o xeneize tinha Tevez, Abbondanzieri, Clemente Rodríguez e Schelotto; o millo contava com Mascherano, Gallardo Lucho González e Salas.
Há boas chances que Boca x River se cruzem na decisão da Copa Argentina às vésperas do Natal, em um jogo único que certamente colapsaria mal o país.
Menos picante, se é que é possível, o duelo entre ambos pelo atual Argentino está marcado para 5 de novembro, no Monumental.
Já Centurión? Mais um pobre niño rico, ¿pero qué querés que te diga?