Por que os argentinos fazem tantos gols nos clubes e não na seleção?
Tales Torraga
Messi, Dybala e Icardi se apresentaram à seleção argentina para os jogos contra Uruguai e Venezuela imediatamente depois de anotar gols pelos seus clubes. A Argentina ficou no 0x0 com o Uruguai e no 1×1 com a Venezuela.
(…em Buenos Aires e favorecida por um gol contra, que difícil de acreditar.)
Gols imediatamente antes e imediatamente depois, Ontem (9) e hoje (10), Messi, Dybala, Icardi – e até Agüero e Higuaín! – voltaram a balançar as redes.
Por que isso ocorre e por que a seleção atravessa momento tão delicado?
A sensação em Buenos Aires de que os jogadores estão deprimidos e atravessando má fase caiu por terra – é a seleção, única e exclusivamente, que vive ambiente insuportável juntando as três finais perdidas e este papelão nas Eliminatórias.
De tão negativa e tão pressionada, ela está criando um bloqueio mental nesses jogadores ''galácticos'' que rendem impecables em seus clubes e não encontram tempo e nem condições de se adaptar a outro esquema, outro técnico e outros colegas. Nem tempo e nem boa vontade do entorno. Há um verdadeiro rechaço de toda a sociedade argentina a jogadores idolatrados ao extremo em suas equipes.
É quase um caso de bipolaridade, com atletas indo da euforia à depressão sem escalas (e com muitos milhões de dólares e milhões de sentimentos no meio).
Do confete ao chicote – isso é a Argentina. Já há na imprensa portenha até um termo para batizar o que passa com esta seleção: mochila psicológica.
O ''quarteto fantástico'' da seleção antes formado por Di María, Messi, Agüero e Higuaín perdeu os dois últimos nomes para as entradas de Dybala e Icardi. E não é inacreditável que cinco desses seis tenham anotado gols justamente depois da seca da seleção? Exceto Di María, machucado, todos cumpriram com suas funções.
Messi marcou três contra o Espanyol. E em quatro jogos pela seleção, no 2017 todo, fez só um gol – de pênalti inexistente contra o Chile!
Agüero deixou o seu contra o Liverpool. Pelo Italiano, Dybala e Higuaín marcaram um cada no 3×0 da Juve no Chievo, e Icardi fez um para a Inter contra o Spal.
Os artilheiros na ''Bota''? Dybala e Icardi, com cinco gols cada! E Higuaín foi visto feliz e tranquilo nesta semana – afinal, não foi arrastado para o calvário argentino.
Técnico da seleção, Jorge Sampaoli vai dar a resposta nesta semana se vai contar com um ''preparador mental'' para as partidas que vão decidir o futuro argentino contra Peru e Equador, nos dias 5 e 10 de outubro, em Buenos Aires e em Quito.
Os gols estão todos aí, Pelado Sampa, mas não no seu time.
Sabemos que você também está sem tempo de trabalho e que está na mesma bipolaridade – da glória do Sevilla para o total desastre argentino. Um dos mais estridentes apresentadores da TV daqui, Martin Liberman, nesta semana gritou mais que nunca querendo o ''Sampaoli do Chile'', não ''esta fraude agora na Argentina''.
A seleção está no ponto exato da gíria portenha que ironiza algo muy pero muy complicado de fazer:
– Nos cuesta un Peru!